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SOPHIA

Se tinha alguém que sabia dar uma boa festa, essa pessoa era a Laís, aliás, era um ofício da família Paiva. Eles SEMPRE arrasavam e não foi diferente hoje, a curtição era eterna.

Eu estava feliz demais, de bem comigo mesma por um bom tempo sem surtar pela primeira vez em muitos anos. Estava exagerando na bebida, na dança, na intimidade com as pessoas, nos beijos, eu realmente não queria saber.

"E, sextou na brincadeira, tem black e tem copão, no baile do p. u só linda, só tesão" Júlio, primo da Luísa, puxou a música.

Estávamos focados em gastar muito a onda dançando. Eram só gargalhadas, porque estávamos em rodinha e todo mundo olhava pra gente. Era eu, Júlio, Luísa, Giovana, Laís, Analu, Gustavo, Luma, Lorena, Theo, Henrique e por incrível que pareça, Mike.

"A lace eu tô jogando, recalcada babando, sustenta a maloqueira, que é braba movimentando" Giovana disse fazendo uma cara de metida e rebolando de lada.

— Gostosaaaaaa! — eu gritei e todo mundo me acompanhou.

"De copão tô embrazando, bebê tô te stalkeando, cogitando tu sentando, no p. u te admirando" Luísa se juntou do lado dela e era impressionante como a raba dessas meninas se movimentavam em sintonia.

"Vem jogando e vem sarrando, maloqueira dos meus sonhos, quero ver você sarrando, de copão tô embrazando" Mike cantou alto com um sorriso de canto. Luísa aproveitou pra rebolar na frente dele, mas sabíamos bem pra quem que ele tava olhando.

Eu estava dançando na frente do lindo do meu irmão, vulgo Henricão comediante, que não ficava pra trás dançando muito atrás de mim com Theo e Luma acompanhando do seu lado. Nós quatro estávamos rindo muito, com o copo na mão e a mente voando alto.

"Faz uns dias que ela não sai, agora que terminou, ninguém te segura mais, felicidade é ser livre, independência é liberdade, ela só quer paz e ela só quer paz" Júlio foi de mansinho pro lado de Giovana.

"Ô, novinha, eu quero te ver contente, pode dançar e curtir com a gente, ô, novinha, eu quero te ver contente, pode dançar e curtir com a gente" ela se virou pra ele, sorriu e daí começaram a cantar um com o outro.

"Quando o grave bate forte, a gata quer jogar
Na na na na na na na na na na na na
Quando o grave bate forte, a gata quer jogar
Na na na na na na na na na na na na" Analu, Laís e Lorena cantaram alto.

Continuamos nessa por um bom tempo e se não fosse por Ian querendo falar comigo do nada, eu ainda estaria lá como todos. Além de feliz por estar bem, estava feliz de ver geral se divertindo também.

Quero dizer, alguns não estavam com a gente. Ian tava com uns moleques que eu não reconheci ser pessoal da academia, Bernardo eu não fazia ideia e Amanda com certeza bebendo muito em algum canto.

— Que que é? — cruzei os braços semicerrando os olhos pra ele. Conhecia bem Ian e ele não falava com as pessoas atoa.

— Eita, tá nervosa? — ele riu levantando as mãos em sinal de rendição.

— Nop, apenas dançando muito, você deveria também, querido. — apontei no peito dele que fez uma careta muito feia.

— Pega a visão, esse é meu amigo, ele é o cara que eu pego nossa ervinha. — ele apresentou o garoto ao seu lado.

Era um menino bem branquelo, quase que papel, de cabelos tingidos em um loiro platinado, tinha uma tatuagem acima da bochecha e um sorriso bem amarelado.

— Oi, tudo bem? — estendi minha mão pra ele simpática.

— Tudo certo, princesa. — ele piscou pra mim e fungou.

— E o que é? Você quer dinheiro pra comprar mais? Porque eu tô pobre e você é filho de chef renomado. — olhei de volta pro Ian.

— Não garota, quero dinheiro não. Ele trouxe um doce, quer dropar? — ele perguntou abrindo a mão e me mostrando um quadrado colorido.

Eu olhei em volta pra checar se não tinha ninguém conhecido por perto, olhei pra mão dele, pensei comigo mesma, olhei pro meu copo e pra rosto dele e enfim decidi...

— Mais diversão pro dia de hoje? Bora! — abri um sorrisão animada.

— Olha, gostei dela! Tua mina? — o garoto perguntou.

— Claro que não moleque. — ele balançou a cabeça negativamente e deu um tapa na cabeça do garoto que riu.

— Hum, e qual problema? Sou tão ruim assim? — dei uma voltinha brincando.

— Não, é que... — fiquei o encarando esperando uma boa resposta. — É que nada, toma essa porra logo.

Como sempre, bem delicado, pra não dizer o contrário. Peguei o papel da mão dele e coloquei na língua, mandei um beijo no ar para os dois e sai andando de volta pra minhas danças. Tava bem assim.

O que pra mim foram trinta minutos, se traduziram em uma hora no relógio e os efeitos estavam chegando. Meu coração estava bem acelerado, eu soava sem parar também, e consequentemente eu estava muito ativa.

— Sinto como se tivesse cheirado. — ri de nervoso puxando Ian pra um canto.

— Já bateu? — ele perguntou me olhando bem como se me analisasse.

— Só tô um pouco acelerada, meu corpo tá quente e soando muito. Tô bem animada e querendo fazer tudo ao mesmo tempo. — contei.

— Porra, cocaína mesmo. — ele riu.

— Nem fala uma coisa dessas. — fiz o sinal de cruz no peito. — Eu juro que nunca mais uso lsd, eu preciso de coisas pra me desacelerar, não me acelerar.

— Tá fodida então, a onda mal começou. — ele balançou a cabeça.

— Aí meu caralho, acho que vou procurar alguém pra beijar na boca e desacelerar, vai que...

— Dependendo de quem pode acelerar, hein. — ele brincou e bebeu o último resto da sua cerveja.

— Você me aceleraria ou desaceleraria? — provoquei mordiscando o lábio.

— Eu...

— Tô brincando idiota, te conhecendo bem sei que eu estaria subindo em árvores caso meu pretendendo fosse você. — soquei o braço e sai andando.

— Pretendente? — ele gritou fazendo uma careta. Tá, foi brega mesmo.

Mandei um beijo pra ele e fui à caça. Aí se meu irmão descobrisse as merdas que eu andava fazendo — ri comigo mesma.

Como consequência Where stories live. Discover now