Estavam rindo?
O quarto era algo que eu nunca esperava que fosse ver novamente, era aconchegante ao mesmo tempo que demonstrava poder. Se mudasse a cor dos móveis e excluísse o fato de que a banheira era, na verdade, uma piscina que pendia da própria montanha, ele poderia lembrar o quarto que eu tinha antes de minha mãe morrer.
Como aparentemente todo o resto do palácio em que estávamos, as janelas estavam abertas para o mundo além delas, e do meu quarto a vista das montanhas com os picos de neves era perfeita. As cortinas eram de um tom de ametista puro oscilavam com a brisa suave e refrescante. A cama grande era convidativa na mistura de branco e marfim com travesseiros, cobertas e mantas para vários dias e as luminárias douradas ao lado. As janelas sem vidro eram emolduradas por um armário e uma penteadeira, e a parede oposta a essa dava em um cômodo com uma pia de porcelana, um vaso sanitário e a banheira-piscina.
Qualquer canto que devesse ter janelas e vidros era substituído por um parapeito e cortina. O quarto era aberto, dava a sensação de estar livre. Era o melhor lugar para ficar e relaxar enquanto esperava tudo que acontecia ao redor acalmar.
Parecia um insulto trazer alguém que não conseguia ficar no mesmo lugar por mais de um minuto por se sentir presa.
O piso de mármore, as sedas, os veludos e todos detalhes elegantes do quarto o faziam digno de uma imperatriz. Indicavam poder. E se o meu era assim, tentava não pensar em como seria o de Rhys se ele tratava os convidados dessa forma.
A palavra ficou rodando na minha cabeça. Convidados. Era a convidada de Rhys, não sua prisioneira. Eu podia sair andando pela casa dele e não teria que me preocupar com quantas sentinelas estariam atrás de mim. Não precisava me esconder dentro do quarto até o fim da semana.
O barulho da água na banheira me chamava e quando afundei a mão não consegui resistir ao tirar o vestido e a roupa de baixo e afundar na água morna. Passei a trança para a frente do ombro e soltei-a devagar, deixando que cada flor caísse na água e se desfizesse. Fiquei tentada a dormir na banheira mesmo.
Quando achei que o tempo passado relaxando na água da banheira havia sido o suficiente – por enquanto –, voltei para o quarto e coloquei a única peça de roupa que estava no armário. Definitivamente um pijama com um tipo de moda da Corte Noturna, calças até o tornozelo e blusas que paravam um pouco acima do umbigo. Guardei o vestido que usava na parte mais fundo do armário, torcendo para nunca mais vê-lo.
Sentei na cama e puxei os lençóis para cobrirem minhas pernas, fiquei olhando para além das janelas, imaginando o que poderia morar entre aquelas montanhas, como seria morar em um lugar como esse. Não percebi quando as lágrimas começaram a cair e só me toquei que chorava quando um pequeno soluço soou.
Pensei se essa era a vida que eu merecia, um quarto aconchegante com vista para montanhas e picos de neves. Um lugar que eu me sentia livre para fazer o que quisesse e para ser eu mesma. Pensei se teria sido assim se Rhys tivesse ido até a Primaveril da primeira vez que eu pedi três meses atrás. O que tinha mudado de um pedido para outro, em ambos eu pedia para ele me salvar, para me tirar dali.
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Corte de Mudanças e Sonhos - Versão Antiga
FantasyA maldição foi quebrada e Amarantha está morta. De volta a Corte Primaveril, Layla tenta viver com seus novos pesadelos e seu novo corpo. Ela só se sente segura em um lugar, mas ela pode ir para lá apenas uma semana em cada mês. Mesmo morta, a Grã-R...