capítulo 17

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       Cecília

Olhei em meu relógio e vi que já estava na minha hora, olhei pra baixo vendo grego de olhos fechados e mamando como se fosse um nenenzinho.

Passei meu dedos entre os fios de seu cabelo e me ajeitei no sofá, fazendo assim meu seio sair de sua boca.

Imediatamente olhei pro grego vendo ele abrir os olhos e me olhar confuso, parecia ter acabado de acordar, oque é estranho pois achei que ele só estava com os olhos fechados.

-esta na minha hora, podemos ir?- perguntei.

-podemos.- murmurou baixinho se levantando.

Me sentei corretamente no sofá e peguei meu tênis que estava perto da porta, me agachei arrumando eles em meus pés e fui até o quarto pegar minha mochila.

Entrei no quarto vendo o grego mexendo no celular e com que acho ser um radio ná mão, seu rosto está todo amassado de um lado e seus cabelos estão bagunçados.

É estranho ver alguém desse tamanho dentro da minha casa, nos dois tem uma diferença gritante de tamanho, chega até ser engraçado.

-meu carro ta na barreira, vamo ter que descer andando até lá, dboa?

-hunrum.- murmurei.

Fui até a porta com ele me seguindo, logo saí de casa e a tranquei, fomos descendo o morro em silêncio.

É até estranho sair esse horário, geralmente tenho que sair de casa quando o tempo está escuro ainda, observando agora de dia, consigo ver pessoas descendo e subindo o morro, acho que algumas estão indo trabalhar.

-ouviu oque eu disse Cecília? - perguntou com a voz grossa.

Olhei pra ele confusa, acho que me perdi em pensamentos de novo.

-desculpa oque disse?

-espero que tu não abra essa boca pra falar com ninguém sobre oque aconteceu ontem, vai ser triste demais ver esse rostinho bonito cheio de marcas.- disse de forma ameaçada.

Olhei pra ele com medo, todos os meus pelos se arrepiaram quando encontrei seu olhar, já não era mas o olhar de alguns minutos atrás, agora é um olhar frio e macabro.

Me abracei como se isso pudesse me proteger de suas maldades.

-nao precisa se preocupar eu não iria falar pra ninguém. -disse baixinho quando chegamos perto da barreira.

Tinha alguns meninos sentado com armas penduradas em seus pescoço, pelo que parece seu carro estava do outro lado da rua pois o mesmo acionou o alarme para destravar e o carro apitou.

Dei bom dia pros meninos como faço todos os dias e fui em direção em que ele foi.

Assim que entrei no carro ele me lançou um olhar cortante, meu medo duplicou, não via a hora de chegar ao serviço e não precisar mas ver ele.

Ele ligou o carro e começou a sair do morro, até então a velocidade estava tranquila mas assim que ele pegou o asfalto ele acelerou e ali mesmo achei que iria morrer.

-por favor, para você vai nos matar. -disse de forma chorosa.

-voce da moral pra todos né, eu deveria ter imaginado, essa carinha de santa é só cenário mesmo. - disse pisando mais fundo no acelerador.

-eu nao fiz nada, porfavor para de correr, por favor. -disse gritando.

-voce Deu moral pra eles caralho, deu moral pra eles porra, voce é uma vagabunda.- disse de forma descontrolada.

Demorou mas eu entendi oque ele estava falando, grego está se referindo ao bom dia que dei pros meninos da entrada.

-por favor eu faço isso todos os dias, eu não dei moral pra ninguém. -puis a mão em sua coxa a apertando um pouco.

Acho que isso o trouxe de volta a realidade pois ele aos poucos foi desacelerando o carro.

Olhei pra ele com a respiração descontrolada, essa vai ser a primeira e última vez que entro em um carro com ele.

-porra. - ele murmurou baixinho mas eu ouvi.

-ja estamos chegando. -disse pra mim mesmo.

Faltava só mais uma quadra e já estaríamos lá loja em que trabalho.

-eu nao sei oque aconteceu, desculpa. - disse concentrado na estrada.

Respirei fundo e pensei em uma resposta que não o deixasse nervoso denovo.

-tudo bem, já passou.- disse oque me pareceu ser o básico.

-serio, desculpa, isso acontece eu não sei controlar.

-ja disse que há passou. -disse querendo mudar de assunto.

-deixa eu vim te buscar hoje?- perguntou.

Olhei pra ele cansada, poxa eu não quero ser mal educada, mas também não quero ter ele por perto, ele pode me machucar.

Respirei fundo e tomei uma decisão.

-olha não fique bravo comigo por favor, mas eu não quero ter você por perto, você pode me machucar a qualquer momento e eu não quero isso, eu agradeço por você ter vindo me trazer. -disse baixinho.

Pelo canto dos olhos vi ele apertar o volante com força, o silêncio se estabeleceu no carro e dei graças a Deus quando ele parou em frente a loja.

Fui abrir a porta porém ele a travou, olhei pra ele com medo, agora sim eu iria morrer.

-olha so me de um minuto ok? - disse.

-ja vai dar meu horário, eu não posso me atrasar grego.

-eu nao vou te machucar, só me deixa ficar perto ok? Eu não te machucar novamente, eu vou tentar me controlar.

Olhei pra ele e fiquei com dó, seu olhar estava baixo, não sei, parecia uma criança solitária.

Respirei fundo e concordei apenas com a cabeça, eu preciso trabalhar e talvez ele só precise de uma amiga.

-tudo bem. -disse.

Ele deu um sorrisinho de lado e destravou o carro pra eu poder descer.

-tchau.-eu disse acenando.

-ate a noite criança.- disse puxando a porta.

Respirei negando e entrei pra loja pra começar mais um dia.

              {Até a próxima}

Meu Fim...Where stories live. Discover now