capítulo 25

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                            Cecília

Quando acordei era quase dez horas da manhã, só dormia tanto assim nos domingos, é ate estranho sair da rotina que já estou a tanto tempo.

Firmei minha visão na televisão pra poder não dormir de novo, eu já estava acordada a um tempo e decidi fazer uma coisa que não fazia a muito tempo, ver televisão tranquilamente.

Já tinha dado uma arrumada rápida na casa, então estava tudo limpinho e aconchegante.

Grego ainda estava dormindo em meu quarto, então prefiri vim para sala pra
relaxar um pouco, ficar perto dele me deixa tensa.

Até que tirar um dia e meio de descanso é bom, estou sempre cheia de coisas pra fazer então nunca tenho tempo pra mim, não estou reclamando da minha rotina, longe disso, a rotina cheia até me ajuda a esquecer algumas lembranças, ainda tenho que ir pro meu segundo serviço mas nem me importo, pelo menos descansei um pouco.

Ouvi minha cama se mexendo e logo vi a figura do Felipe passando pro banheiro, suspirei sabendo que ele não vai me deixar em paz tão cedo, eu quero ele longe de mim, quero minha vida calma e sem emoção de volta.

Vi pelo canto dos olhos que ele saiu do banheiro e foi pra cozinha, não gosto disso, ele age como se a casa fosse dele, isso me incomoda, parece que por mais que eu diga que não quero ele por perto ele está cada vez mais intruso em minha vida.

Logo o lugar do sofá ao meu lado foi preenchido por sua presença, do jeito que eu estava eu fiquei, em sua mão estava um copo de água, e ele bebia calmante sem esboçar emoção alguma.

Passou pouco minutos até ele começar a mexer as pernas, ele não consegue ficar parado, parece que algo o incomoda o tempo inteiro.

Virei pra ele vendo que sua atenção estava na televisão, seu rosto ainda estava inchado pelo sono, seus cabelos bagunçado e sua blusa meio amarrotada.

-voce está bem?- perguntei chamando sua atenção.

Ele demorou alguns segundos pra responder.

-hunrum. -murmurou.

-quer alguma coisa?- perguntei denovo,  talvez ele queira algo por isso está inquieto.

-quero não.- respondeu em poucas palavras.

Já não sabia mas oque fazer, não temos assunto e nem nada em comum, ele com certeza deve ter um monte de serviço pra fazer, não quero perguntar sobre isso pois vai parecer que estou expulsando ele daqui.

Olhei pra ele e me dei conta que talvez ele seja sozinho, por isso esse apego comigo, ele não deve ter amigos e nem família, nunca procurei saber quem era o dono do morro daqui, mas com certeza deve ser alguém importante.

-voce... hum... voce tem filhos?- perguntei afim de começar uma conversa amigável.

Ele desviou a atenção da televisão e me olhou, parecendo surpreso com minha iniciativa de conversar.

-tenho não.- respondeu ainda me olhando.

Meu medo é fazer alguma pergunta que talvez ele não goste e ele surta por isso.

-voce deve ter vários amigos então né?- perguntei me sentindo um pouco menos tensa do que antes.

Felipe suspirou sabendo que talvez eu iria enchê-lo de perguntas, ele não pode me julgar, estou tentando ser amigável com um desconhecido que já dormiu na minha casa várias vezes.

-na verdade só tenho um.-disse simples,  minhas esperanças de começar uma conversa já estava indo embora, ele me responde em curtas palavras assim não dá.

-entendi.- disse simples, se ele não quer conversar não posso forçá-lo.

Ficamos os dois em silêncio, apenas com o barulho da televisão, o clima entre nós voltou a ficar tenso e acho que o grego notou isso pois se virou um pouco no sofá em minha direção.

-ele se chama galego.- disse derrepente.

Olhei pra ele surpresa e com um pouco de felicidade, nao tenho muitos amigos pra conversar então isso é algo diferente.

-galego? - perguntei me lembrando de uma vez que um carro parou no ponto de ônibus e o rapaz disse que se chamava galego.

-é, o nome dele é outro, galego é só vulgo.- disse simples.

-ha um tempo atrás eu estava esperando o ônibus perto do meu serviço e parou um carro, o rapaz me chamou e disse que o nome dele era galego, ele me ofereceu carona, ele disse que era aqui do Morro só que eu não conhecia então não aceitei a carona. -disse dando de ombros.

Grego me olhou e deu um pequeno porém muito bonito sorrisinho de lado, fiquei surpresa com o ato ele é sempre muito sério.

-entendi, entendi. Em qual ano você está na escola Cecília?- perguntou numa tentativa de prolongar a conversa.

-estou no segundo ano, falta pouca coisa agora pra terminar. -soltei um suspiro, escola as vezes é mais difícil que o serviço.

-rapido termina então. -disse.

-voce terminou os estudos?- perguntei curiosa.

-terminei mai não foi igual a você não.- disse se ajeitando no sofá.

Esperei ele continuar porém ele não falou mais nada, fiquei curiosa mas se ele não falou quer dizer que ele não quer conversa sobre o assunto então não perguntei mais nada.

-tem alguma ONG aqui no morro? -perguntei interessada.

Felipe me olhou nos olhos e apenas concordou, acho que ele não quer mais conversar então vou parar de fazer perguntas.

Suspirei me levantando do sofá e dei o controle da televisão pra ele que logo mudou do filme que eu estava assistindo.

Fui até a cozinha vendo no relógio acima do armário que já era onze e meia, então pra adiantar já vou começar a fazer o almoço.

Abri a geladeira e vi que não tinha tantas coisas assim pra fazer comida, já fazia um tempo que não ia ao mercado fazer compra.

Suspirei em dúvida se comprava uma marmita ou iria no supermercado que tinha aqui no Morro fazer compras.

Eu sempre fiz isso no mercado que fica perto do meu serviço, nunca fiz isso aqui no morro, mas esse talvez seja o único tempo livre que vou ter até domingo, não posso viver de miojo até lá.

Decidida a ir no mercado aqui do Morro mesmo, fui até meu quarto, troquei a roupa que eu estava por um vestido florido de manguinha, como hoje está calor ele é a melhor opção, o tecido é molinho então ele é ótimo pra hoje.

Fui até meu guarda roupa e peguei meu cartão do banco, arrumei oque tinha bagunçado em cima da cama e fui até a sala vendo o grego do mesmo jeito no sofá, prestando atenção na televisão.

Fui até perto dele chamando sua atenção, ele olhou pra mim com as sobrancelhas juntas.

-vai pa onde? -perguntou de modo interessado.

-preciso ir ao mercado.-disse sem graça por ele esta me encarando.

Felipe me observou por alguns segundos até que se levantou e veio até perto de onde eu estava, seus dedos passou suavemente pelo meus cabelos que estava em um coque meio bagunçado.

-eu vou com você.- disse em forma de ordem.

     {Até a próxima}

Meu Fim...Where stories live. Discover now