Vamos jogar um jogo.

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Pov. Karina.
Confesso que adoro brigar com Pedro... Não sei por quê. Talvez eu me sinto mais poderosa contra ele, ou com ele.
- eaí k??? Topa??? - disse Gi, uma amiga do meu trabalho.
- o que??? - respondi tentando voltar para área.
- social na tijuca! Vamos kazinha, é sexta! - ela insistia. - eu sei que hoje você nem treina.
- ai sei não em, é longe pra porra daqui do botafogo...- na verdade a distância nem era o problema, é que eu não saio faz muito tempo.
- você vai sim! E bem gata porque hoje eu mesmo pago o táxi. - nunca conheci alguém tão insistente.
- Ok, vai...me convenceu! - respondi sorrindo. - 8:30 vc passa no meu apartamento, pode ser?
- ótimo! Assim encontro aquele seu vizinho sensacional...
- aquele otário? Aff...- bufei revirando os olhos segurando meu sorriso.
Um sorriso que espero que seja da situação hilária que Pedro passou ontem.
***
Pov. Pedro.
Eu não podia estar mais cansado, a única coisa que me manteve acordado foi a aula de poesia com uma professora sensacional ( lembrando que eu já tracei ela em uma festa de calouros)... Mas não foi o suficiente pra me animar.
- então Pedroso? - Cleber, meu amigo se dirigiu a mim no final da aula. - véi acorda pô!
- fala porra! Estou te ouvindo! - indaguei.
- não parecia... Enfim só vai dar nós na tijuca hoje em?!! - Cleber fazia sinal de trepa com as mãos. Se A K me achava tarado é porque ela nunca conheceu Cleber.
- sei não em...estou cansadão. - disse eu espreguiçando.
- iii nem vem! Esse não é o Pedro que eu conheço! - ele começa a balançar a perna de nervoso. - eu te desafio á ir e bater recorde de shots! - Cleber se animou novamente. Ele me conhece o suficiente pra saber que adoro desafios.
- rapaz nunca duvide de mim! - esbocei um sorriso - mas deixa esse joguinho pra outro dia, hoje sem chance.
- vai ficar me devendo em parça?
***
Pov. Karina.
Sinceramente não estava tão animada pra essa noite, mas um dia vou ter que voltar oficialmente á pista... Que seja hoje então.
Coloquei uns daqueles vestidos que nunca uso, tubo preto com strass pratas no recorte do colo, saltos altos com detalhes em vinho é uma maquiagem que marcava meus olhos azuis. Sem querer me gabar mas estava bom pra quem não saía á meses, é...eu estava bonita, meus cabelos louros estavam no ombro com leves ondas desfiadas. Lembrei da época da minha adolescência que eles eram curtíssimos para facilitar na hora da luta.
Abri a porta do meu apartamento e como sempre lá estava ele, o vizinho. Aquele vizinho que adora se exibir sem camisa, não que eu não goste mas...tem razão, não tem mas nessa situação.
- ui ui! olha só quem resolveu tirar as luvas de luta e colocar um tubinho que ó... Sensacional! - o tarado disse mandando beijo pra mim.
- vê se não baba na camisa tá? Espere, você nem compra camisas! - disse irônica.
- pode deixar que babo assim mesmo! - ele ria maliciosamente olhando pra mim, aquele sorriso que enlouquece qualquer uma. Pedro fazia um olhar que nunca vi antes, olhos sedutoramente chocolate. - posso saber onde a esquentadinha do 94 vai assim? Pro tatame que não é.
Pedro se aproximava cada vez mais do meu corpo. Cadê aquele elevador que não chega??
- tijuca me aguarda querido...- olhei para ele. - pelo seu "não" vestuário Pedro come- come resolveu tirar essa sexta de folga. espero que você não mude de ideia.
- nunca se sabe...- percebi que Pedro segurou sua respiração e saiu.
***
Pov. Pedro.
Confesso que me coração parou depois de ver aquela vizinha toda arrumada. O cheiro dela me seduzia, aquela pele, aqueles olhos, aquele lábios, aquele corpo agora marcado pelo vestido preto, curvas que são vistas só se reparar já que de baixo de calças jeans e regatas não são tão delineadas. Babei. Me surpreendi... Esperava ver Karina de shorts e moletom indo á padaria pra comprar pipoca de micro ondas.
Foi inevitável não me aproximar da esquentadinha pra sentir aquela fragrância...me contive! Segurei a respiração pra não fazer loucuras naquele hall de entrada mesmo.
- Tijuca é? - falei pra mim. - vamos jogar um jogo.
Fui me arrumar, pois um bom jogador tem que estar muito bem preparado.
***
Pov. narrador.
Enquanto Pedro se arrumava na velocidade da luz Karina ia de táxi destino á barra, nervosa mas sorria.
Karina chegou na boate com Gi, ela estava tão desacostumada que se assustou a primeira cantada...com a segunda, terceira, quarta...só se acostumou com á décima.
- flor! - Gi falava alto devido ao barulho. - quero apresentar meu...meu gato!
- que legal Gi, a gente marca qualquer dia! - K tentava se acomodar no balcão do open bar.
- ai como vc é idiota, ele tá aqui! - Gi sorria animada e já levemente bêbada.
- ow...ok, não era meu foco virar vela mas tudo bem. - K não curtiu a ideia, não curtiu ideia nenhuma na verdade.
- esse aqui é o... - Gi ia puxar seu peguete mas foi interrompida pela própria Karina.
- Pedro! - Karina avistou o seu vizinho entrando pela porta da boate com seus cabelos bagunçados, jaqueta de couro, sorriso malicioso e charme.
- esquentadinha! Que surpresa. - o coração de Karina parou, já o o de Pedro acelerou.
- surpresa o caralho! Vc me seguiu! - ela levantou mais a voz demonstrando nervoso, mas na verdade ficou animada. Ela sabia que essa noite seria fora do comum, principalmente com Pedro por perto.
- acho melhor deixar esses dois vizinhos fogosos a sós né gato? - Gi foi se afastando com seu ficante não apresentado.
- eu não! Foram meus instintos de Pedro come-come que trouxeram aqui... - o guitarrista se apoiou no balcão e olhando para Karina aparentemente enfurecida.
- quem vai ser sua presa hoje? - A lutadora perguntou curiosa e excitada.
Pedro olhou de cima a baixo a sua vizinha maravilhosa e com seus lábios repetia sem ninguém perceber esquentadinha. - fala Pedro! Quero ver se esse seu charme é mesmo irresistível assim, porque comigo não funcionou.
- an... Não funcionou porque você é difícil, muito difícil, daquelas tipo irredutível! - Pedro disse acordando do transe.
- duvido que seja só eu! - Karina já estava com um tipo de jogo em mente - aquela ali parece bem difícil - ela apontou para um mulher de cabelos curtos e ruivos, muito alta e de cara fechada, não esboçava um sorriso.
- As mais amarguradas são as mais fáceis - Pedro se virou para o alvo - só preste atenção gata.
Karina observava todos os míseros movimentos do guitarrista, o toque das mãos dele na cintura da garota, o olhar que k sabia que era incrível.
Da distância onde a lutadora estava não dava para ouvir a conversa, mas pouco importa, em menos de 2 minutos O guitarrista tarado beijou a ruiva que retribuiu sem menor relutância.
- viu? - Pedro voltou para Karina - difícil mesmo é resistir - ele piscou que fez a sua vizinha sorrir com a brincadeira.- agora é sua vez...
- que?! - Karina ficou preocupada, não pelo o que seu vizinho poderia propor, mas se realmente conseguiria.
- isso mesmo esquentadinha do 94! - Ele colocou o braço esquerdo em volta dela - está na hora de jogar - Pê sussurrou perto do ouvido da lutadora.
- aposto que vai perder - Karina começou a sentir uma adrenalina percorrer no seu corpo, uma excitação que raramente sentia. Ela estava adorando.
- vou perder se você conseguir seduzir uns dos homens daquela despedida de solteiro bem ali - Pedro sorria, querendo ver todo o potencial da esquentadinha, Ele queria testá-la ao limite, ou muito mais além.
- pode deixar... - a lutadora virou-se para a mesa do grupo, seu coração acelerou mais ainda, sentia todo seu corpo excitado, lhe dando coragem para empinar sua bunda  rebaixar mais o decote. - eu sou boa em tudo que faço. - piscou sorrindo.
Pela pista a lutadora ia no impulso do momento desfilando. Pedro sentiu um calor subir até seu rosto, querendo ver mais de perto.
Karina se aproximou da mesa e apoiou suas mãos nela fazendo os 6 homens abrirem a boca.
- por acaso há um futuro marido nessa mesa? - o do meio levantou a mão ainda babando. - quer curtir mais o seu último momento de solteiro comigo? - o rapaz balançou a cabeça afirmando.
A lutadora não podia estar mais nervosa e ao mesmo tempo animada, ela nem lembrava mais dessa adrenalina, também não lembrava de como seduzir alguém, mas aos poucos foi se recordando dos movimentos que fazia com os cabelos e os olhos.
O noivo não era tão belo quanto Pedro, mas a sua futura esposa era uma mulher de sorte, ele tinha um tom de pele mais moreno porém olhos cor mel. Esses detalhes deu mais segurança a esquentadinha que cruzou os braços em volta do pescoço dele, mas antes induziu as mãos do rapaz para sua cintura.
Poucos minutos depois, Karina estava em um beijo envolvente com um homem praticamente comprometido que nem sabe o nome, mas isso não fez ela parar, muito pelo contrário, continuou com movimentos da língua quente, sentiu as mãos dele descer pelos seus quadris, envolveu sua perna direita na dele aproximando-os.
Enquanto isso Pedro via tudo, ele ficava irado mas ao mesmo tempo completamente excitado, tanto que em vários momentos desviava o olhar para se controlar.
- nossa...- o noivo descolou dos lábios de Karina. - melhor despedida de solteiro que eu podia imaginar.
- pena que seu sogro só pagou pelo beijo - a lutadora iniciou uma brincadeira - eu ia adorar transar com você. - apesar de já ter ganhado essa fase do jogo, K continuava jogando charme. - não se esqueça de mim...
Karina voltou para o balcão junto a Pedro.
- mas o que foi isso em esquentadinha do 94! - Pedro batia palmas surpreso. - você é oficialmente uma loucura.
- ai fica quieto! Foi foda seduzir alguém depois de tanto tempo. - ela disse pedindo também uma caipivodka.
- sério? Não pareceu...aliás você foi tão bem que conquistou a mesa inteira.
- não exag...- Karina virou-se para a mesa novamente e viu todos os 6 olhando pra
ela. - caralho.
Ambos precisam beber, um pra continuar lá dentro, outro pra não perder a noção.
***
- a melhor parte foi você tentando roubar a grana daquele cafetão árabe. - Pedro ria bêbado junto com a sua vizinha lembrando de diversos desafios daquela noite, que ainda não acabou.
- ele quase me matou! - Karina se sentia livre, sorria como nunca antes sorriu...
Lá estavam eles perdidos na cidade maravilhosa, longe de seus amigos, entre desafios cada vez mais excitantes.
- mas nada supera o bar tender gay querendo trepar com você! - Karina já estava alterada depois de várias caipivodkas. - ou você dançando na pista como uma stripper.
- eu tremi a base... - Pedro riu. - mas agora é sua vez.
- pode falar! Eu nasci preparada querido!
- está acabando as minhas ideias... Mas quero algo que você nunca faria sóbria.
- eu fiz coisas essa noite que com certeza nem pensaria se estive consciente dos meus atos. - com aquela fala, o guitarrista focava na boca atrativa de Karina, queria saber qual o gosto da lutadora, até um noivo desconhecido provou.
- me beija! - Pedro falou firme, ele concluiu que com tanto ódio que sua vizinha sentia dele ela com certeza nunca iria beijá-lo, mas essa noite é excessão.
- oi? - O coração da garota parou, só pensava no amanhã, mas ansiava pela boca do seu vizinho.
- você nunca beijaria se tivesse sóbria e de moletom, mas hoje...você está bêbada e maravilhosa. - Pedro se aproximava do corpo dela.
- hoje vale tudo. - em um impulso Karina atacou a boca do guitarrista.
O beijo era um luta entre suas línguas, igual suas vidas. Ambos praticamente se devoraram em um momento quente e sedutor.
Pov. Pedro.
Meu desafio foi arriscado, mas valeu a pena.
A esquentadinha beijava tão bem, não era só sua boca que se envolvia, o corpo dela inteiro estava nas minhas mãos que passeava por entre as suas curvas.
Nunca senti algo parecido por lábios de alguém, era viciante, precisava morde- los.
Pov. Karina.
Não sei se foi o álcool, ou o libido, ou até eu mesmo. Só sei que ataquei os lábios carnudos dele no momento que ele falou a palavra beijo.
Provavelmente eu vou me arrepender disso só de lembrar que meu vizinho era um músico folgado, tarado e cachorro, ou não lembraria por causa das 25 caipivodkas.
Só sei que naquele momento foi a melhor sensação da noite, do ano, da minha vida.
A língua dele não podia ser mais deliciosa e quente, suas mãos passeando sobre mim não podiam ser mais excitantes.
Pov. narrador.
Mas em todo beijo como este o fôlego falta e a busca por ar obriga a cessar as bocas de ambos, com o desejo do Pedro, a mordida sob o lábio inferior de Karina só aumentou o calor entre eles.
- definitivamente você é uma loucura. -Pedro disse ofegante.
- foi...foi incrível. - Karina afirmou ainda não acreditando no que fez, mas aquilo lhe tirou completamente seu ar. Uma coisa rara. - eu...eu estou... Tá quente aqui né?
Pedro olhou para os lados e viu a praia sobre a luz da lua:
- último desafio da noite - Pedro se soltou de Karina mas animado. - bora dar um mergulho?
A lutadora, afirmou com a cabeça e sorriso.
Como estava bêbado, Pedro tirou sua jaqueta e camisa, logo depois tirou sua calça.
Karina o acompanhou, em um pulo tirou seu vestido jogando na areia da praia e correndo pro mar.
- meus Deus...- Pedro hesitou baixo ao ver a desejável esquentadinha do 94 semi nua.
- posso estar alterada mas se encostar em mim com seu pinto eu te pico inteirinho.
***
- o...o taradinho do 96...eu estou meio tonta sabe? - Karina cambaleava entre os braços de Pedro ainda molhada de calcinha e sutiã.
- isso esquentadinha, é um PT chegando. - ele praticamente a carregava para tirá-la do táxi.
- uie!!! cuidado com essa mãozinha en! - a lutadora reclamou da mão do Pê apertando sua cintura. O vizinho estava gostando da situação, ele estava louco pra agarra-la novamente, mas o efeito do álcool já havia parcialmente passado nele, logo sentiria os tapas doidos que receberia.
- felizmente é preciso. - ele sorriu.
- não quero elevador! Ele pode me levar pra puta que pariu Pedro! Você não tem medo não?
- tá comigo, tá com Deus! E vai elevador sim porque você é pequenina mas essa gostosura pesa.
- epa, epa que ousadia é essa flor? Com você segurança é a última coisa que se tem. - no nono andar eles chegaram.
- Pois é, essa é a verdade nua e crua.
- viu? Eu sei tudo, sou boa em tudo.
-Ok espertinha, cadê suas chaves?
- pera...deixa eu pensar! - Karina não pensava mais. - pelo incomodo que está meu top ela deve estar nos meus peitos.
Pedro olhou para os seios dela, e até pensou em "buscar" as chaves, mas não se controlaria se começasse.
- por motivos de segurança, o que é irônico, você vai ficar sem seu apartamento. Bora pro meu!
- posso dormir nele?
- em qualquer lugar que escolher.
Karina se jogou na cama de Pedro. Como o apartamento era pequeno como o seu, o único quarto espaçoso, era preenchido pela cama bagunçada do guitarrista.
- gato...- Karina falava se espreguiçando. - sabe o que eu adoraria neste exato momento?
- o que? - Pedro tirava sua camisa molhada sorrindo maliciosamente, como sempre.
- chega mais perto... - disse ela, e o seu vizinho logo obedeceu inclinando levemente seu corpo contra cama. - mais perto... - a voz de Karina se reduziu em um sussurro. E novamente ele obedeceu. - um sanduíche!
quebrado o clima, Pedro se direcionou para a cozinha.
-depois o folgado sou eu. - ambos riram.
Pov. Pedro.
-esquentadinha, caso queira se vestir, seu vestido está na secadora, ok? - falei alto para Karina ouvir, mas ela não respondeu. - esquentadinha?
A lutadora caiu no sono, de bruços. Dormia tranquilamente...parecia um anjo, tirando o fato de estar de lingerie azul marinho de renda na minha cama.
Eu estava morrendo de sono e fome, comi o lanche da K e o cansaço bateu mais forte. Olhei para o sofá da sala mas meu tamanho era maior, o puf menor ainda. Percebi que tinha um espaço confortável do lado da Karina, praticamente irresistível.
- se ela acordar eu morro, mas nada que não vale a pena. - me ajeitei ao seu lado, pensando no amanhã.
Não demorou muito e peguei no sono.

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