Capítulo 15

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" O que nasce em uma mente doentia e perturbada. Acaba por tomar forma no real "

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Depois de uma semana longe de casa, Manoela havia retornado da CDMX. Quis fazer uma visita à madrinha após receber uma ligação da mesma, dizendo que não se encontrava muito bem de saúde.

Veja bem, a história de vida da matriarca Herrera é interessante e verdadeiramente sofrida.

Ao vir ao mundo, sua mãe teve complicações após o parto cesariana. Os médicos fizeram de tudo para salvá-la, mas, infelizmente, ela não resistiu a tanta perda de sangue causada por uma hemorragia interna.

Seu pai ... bem, ele a abandonou quando ainda tinha 5 anos de idade.

Cresceu com seu irmão mais velho — quem havia se tornado sua fortaleza — e aos 12 anos assistiu ele ser decapitado friamente por um homem que invadiu sua casa numa madrugada de quinta-feira.

— Chiquita, aconteça o que acontecer, você sabe o que fazer — disse agachado na altura da menina. O pavor estava estampado em seu rosto.

— O que está acontecendo? — arregalou os olhos ao ouvir uma movimentação estranha do lado de fora da sua casa.

— É o meu... chefe. Lembra? Eu disse que algum momento ele viria aqui . Mas irei resolver. Agora preciso que entre no esconderijo que combinamos e não saia de lá — levou-a até o local depois de colocar sua arma no cós da calça.

— Por que pegou isso? — olhou curiosa — eu posso te ajudar, você já me ensinou a usar a pistola.

— Não, Manoela. Só entre aí e faça o que eu mandei — seu coração estava acelerado, mas estava disposto a salvá-la. Pelo menos faria algo de bom nessa vida — por favor, se te virem... você sai correndo e não olha para trás. Me promete? — não obteve resposta — promete?

— Prometo, irmão — o abraçou apertado, como se o sentisse cada vez mais longe de si e ele beijou a testa da pequena, antes de abrir a porta e se deparar com a personificação do diabo.

— Achou mesmo que eu não descobriria a merda que você fez, Marcello? — disse o estranho, antes de sacar sua arma.

Após o falecimento, sua tia Helena ficou encarregada de cuidar da sobrinha. Com o coração despedaçado e desesperançoso, Manoela viveu na capital até seus 24 anos. Não aproveitou muito bem a sua adolescência, pois já era adulta e dotada de responsabilidades muito antes de completar sua maioridade. Logo após sua longa estadia na casa da madrinha, resolveu seguir a sua vida na cidade a qual cresceu.

Havia se tornado uma mulher de ambições e objetivos. Estudou e pesquisou a fundo até encontrar o monstro o qual acreditava ter cometido aquela impiedade. Entendeu quem realmente ele era ao ver o tamanho poder que tinha sobre todo o território mexicano.

Era o maior traficante e o mais temido por todos.

Mas ela não era todo mundo.

A imagem do homem mau — aquele cujo tirou a vida de seu irmão — não saia de sua cabeça. Todas as vezes que dormia, o rosto impassível e os olhos verdes ardendo em raiva não deixavam o seu subconsciente.

O diabo em pessoa sugava suas energias, deixando-a tentada pelos mais diversos sentimentos negativos existentes. Portanto, durante todos esses 12 anos em que esteve na Cidade do México, arquitetou a maneira mais sólida e inteligente de fazer justiça com as próprias mãos.

Foi fácil convocar alguns aliados dispostos a acabar com a vida daquele homem e com todo o seu império. Ele tinha muitos inimigos.

Assim que possível, infiltrou-se no cartel pronta para sair de lá somente se sua missão estivesse perfeitamente concluída.

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