fim da parte I| o que flui sob nós.

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GRACE

(...)

Caminhamos em direção a enceada, pude avistar o mar nórdico e suas ondas batendo contra as rochas a minha frente, e era uma noite sem lua. Escura.

Estava tão escuro, que a única coisa visível era a separação do mar com as rochas.

Olandr nos guiou pela beira até uma pedra horizontal pontuda e alta, este subiu, e ajudou Braeden em seguida, quando fui o fazer senti uma onda forte de calor a minha frente. Damian sobre a rocha. Em sua forma de espírito de fogo, me estendeu a mão flamejante, a toquei sabendo que nada aconteceria e ele me impulsionou para cima.

— Obrigada. — Falei. — Mas eu conseguiria subir sozinha.

— Eu sei. — Ele disse. — Mas quis evitar que se machucasse.

— Eu não ia quebrar o pé. — Me defendi do que ele deveria ter pensado enquanto ele, Braeden e Olandr usaram sua magia para iluminar ao redor de nós.

E bastou isso, a luz para enxergarmos algo. Na água.

Um corpo.

Uns cinco metros a frente, uma sombra embaixo d'água.

Não...

Não...

Senti todo tipo de desespero me invadir, eu não via nada mais a minha frente.

— ERIC! — Literalmente berrei chegando a beira da rocha, fui segurada por Olandr, enquanto Damian se lançava dentro d'água. — ERIC! — Chamei em meio ao desespero me debatendo. A água deveria estar congelante.

E quando Braeden parecia completamente paralisada. No escuro pois sua magia se desfez.

Damian sempre se apagava em contato a água, ainda não havia experiência o suficiente para não se deixar apagar pelo elemento oposto. Mas não dessa vez.

Sua forma de espírito de fogo cintilava sob a água, rápido em desespero.

Mas a sombra do corpo não estava mais ali e em um instante, antes de Damian se tornar apenas uma chama fraca por ter ido ao fundo.

Quanto tempo ele aguentaria?

— ASRIEL, ASRIEL. — Ouvi Olandr o chamar baixinho, provavelmente mentalmente, por ajuda, me soltando, para em seguida saltar dentro d'agua.

Braeden pisou na beira da pedra, olhando para o mar.

— Eu.. Eu.. Não sei nadar. — Ela disse baixinho como uma confissão. Em abandono, saindo de seu torpor. — O que eu faço, Grace? — Perguntou olhando pra mim, seus olhos cheios de lágrimas e ela estava trêmula. —  Eu tenho que fazer algo. Não quero perder mais ninguém.— Completou, e isso, me quebrou mais um pouco. Eu nunca havia visto Braeden assim, e de certa forma meu medo se tornou muito maior.

— Não vamos. — Falei em negação, então a envolvi em um abraço e ela retribuiu. — Eles só tem que sair da água. — Soltei como uma prece, me voltando para o mar, onde Olandr desapontou.

— Não consigo ver nada! — Soltou, sua voz afetada, e alta, enquanto ele se aproximava a braçadas rápidas da rocha onde estávamos.

— Como assim, nada? — Indaguei. Pois nada, era não ver sequer Damian.

— Nada. — Disse um pouco mais baixo.

— Mas... Mas...

Eu não podia suportar. Não, não podia.

— GRACE! — Braeden berrou quando fiz menção de pular, eu sabia nadar, passei muito tempo com Lyra e Linx no mar das florestas baixas na infância. Ele havia ensinado nós duas. Ela me puxou pelo braço, me mantendo ali. — Olha, Grace! — Então olhei para frente, podendo ver sob a água, as chamas, e assim certo alívio tomou conta do meu peito e logo Olandr e Damian emergiram, o espírito de fogo se apagou, tomando sua forma humana.... Mas e Eric? Onde estava Eric?

O que queima através de nós | LIVRO IOnde histórias criam vida. Descubra agora