13 | desejos e libélulas

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GRACE

Depois de jantarmos, com uma leve pressão de Chiara, Braeden havia cedido se tornar a chef do dia. Era a primeira vez que comiamos todos juntos a mesa, a comida era da melhor qualidade, e o mais curioso era como eles conversavam com trocas de olhares. Eu nunca pude ter esse tipo de troca com alguém, talvez um pouco com Lyra, mas mesmo sendo muito amigas, eramos tão diferentes, que não éramos do tipo que estávamos sempre em sintonia.

Com Damian e Braeden negando o jogar das cartas de tarô, que por agora, eu também tinha certo receio, Chiara resolveu que deveríamos ir todos para perto do lago.

E foi assim, que saímos da casa pela fenda no salgueiro, elas formaram uma manta a margem do lago... Enquanto eu sentia Damian me ajudando a caminhar, com um braço em torno da minha cintura, pesando quente sobre ela, enquanto eu tentava me manter neutra ao sentir o calor da sua pele, tão perto.

O que mais me surpreendeu, foi ele não precisar que Chiara pedisse, e oferecesse ajuda de bom grado, tendo visto que eu estava com dificuldade e com o corpo dolorido.

Eu tinha Damian Kingsley como um ser maligno e cruel até semanas atrás, como minha perspectiva, sem sequer conhecer nada da verdade, pode ter mudado tanto?

Eu ainda queria saber seus segredos, isso era óbvio. Mas eu me prendia mais e mais na ideia de o conhecer.

Assim que me sentei naquela manta em frente ao enorme lago, que eu sabia mesmo só tendo visto durante a escuridão da noite, que a água era transparente, tanto, que a lua cheia que estava clara, gigante lá no céu, refletia sobre ele e seu ondular.

— Vamos ficar até a meia noite. — Disse Chiara. — Você irá adorar. — Completou, enquanto Braeden se deitava de barriga para cima.

As coisas aqui, realmente parecem ser mais fáceis. Mais brandas. Mais verdadeiras.

— O que acontece a meia noite? — Perguntei ajeitando meu corpo, resolvendo não deitar, pois seria mais difícil me erguer depois.

— Não vai ser tão emocionante pra você, se eu falar. É algo simples, amiga. Mas é bonito. — Disse se deitando perto da Braeden, que tinha os olhos fechados.

Amiga. Sorri. Era bom que ela me considerasse sua amiga, pois eu também a considerava. Céus, eu não tinha muitos amigos e ver esse número crescer era emocionante. Eu não estava tão sozinha assim. Eu também queria ser amiga de Braeden, Eric e...

Meus olhos buscaram entre a escuridão das árvores, ignorando o som das criaturas ao longe, por Damian. Da mesma forma que ele me ajudou, no segundo seguinte, ele já estava inteiramente feito em chamas, e havia alçado vôo, sintilando entre as árvores para longe dali.

Mas não tardou, eu ouvi passos de abernate, saltos, próximo de onde estavamos, minha pele se arrepiou, ao lembrar do que passei da última vez que me encontrei com um.

Mas quem surgiu, do outro lado do lago, só podia ser Aurin. Ele estava bem, e isso me deixou contente. Ele me salvou, me defendeu.

Ele parecia procurar algo, e logo um conhecido Espirito de Fogo, sobrevoou sobre sua cabeça, e um Aurin flamejante, saltou tentando pega-lo.

Damian então se esquivou no ar, indo para cima do lago, o fogo refletia na água, Aurin sem hesitar saltou, causando um som de "splash" muito alto, o lago não era muito fundo, mas o suficiente para cobrir o grandão até a barriga proeminente. E mesmo estando longe deles, respingos vieram até nós, as meninas nada falaram, mas eu sorri achando a brincadeira deles muito boa.

E ele continuou tentando capturar Damian, naquele joguinho, que fazia formar ondas na água toda vez que ele se movia.

— Independente de onde venham, de que tempo, e como são, humano, ser dotado de magia ou criatura, o gênero masculino tem a tendência de ser muito infantil. — Ouvi Braeden resmungar, sem abrir os olhos.

O que queima através de nós | LIVRO IOnde histórias criam vida. Descubra agora