quarenta e nove

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parte quatro 

1995 - 1996





A pior parte era que todos os adultos pareciam convencidos de que o único jeito de evitar uma guerra era com eles agindo como se nada de errado tivesse acontecido.

Os jornais Trouxas falavam de acidentes estranhos e mortes aparentemente sem nenhuma explicação ou nexo, e mais de uma loja bruxa tinha fechado por causa de donos saindo da Inglaterra correndo ou desaparecendo de maneira suspeita no meio da noite. Mesmo assim, nenhuma notícia chegava ao público. Draco lia o Profeta todos os dias na esperança de ver algo sobre Potter ou Tom, mas eles só escreviam sobre a previsão do tempo e os resultados de jogos de Quadribol e o último bruxo a morrer tentando Aparatar sem licença. Coisas completamente normais. Completamente decepcionantes.

Quando eles falavam de Potter era só para o chamar de mentiroso e dizer que ele não era desejado no Mundo Bruxo, soando iguaizinhos a Lucius quando ele tinha ensinado Draco sobre a história de Potter pela primeira vez – e quando o maior jornal do país começava a soar como um supremacista era aí que as coisas realmente estavam começando a ficarem preocupantes. Nem o apelido Você-Sabe-Quem vinha sendo mencionado esses últimos tempos, como se eles achassem que o homem ainda estava morto e que o chamar, mesmo que escrevendo no papel, mesmo que sussurrando em um quarto escuro e vazio, já seria o que ia o trazer de volta a vida de verdade.

A existência de Cassius parecia estar tentando ser completamente apagada, também. Eles agiam como se o nome dele fosse uma maldição tão terrível quanto Voldemort.

Draco tinha que tirar os jornais do lixo quando ninguém estava olhando. Fazia ele se sentir como um criminoso que tinha se comportado mal e perdido privilégios na prisão, ou como se ele tivesse sido sequestrado e os captores dele não quisessem que ele soubesse o que estava perdendo no mundo de fora.

O que os adultos diziam para se justificar era que eles não queriam que ele se envolvesse nesses assuntos ou se estressasse. Draco teria ficado bravo a não ser que, sinceramente, toda vez que ele acabava uma reportagem casual de Skeeter ou um artigo insultante ele se sentia mais perdido, mais furioso, mais enjoado. Não ler nada seria melhor para a saúde mental dele, bem como eles diziam, e ele sabia que eles estavam certos. Ele só fingia que não sabia e continuava procurando por notícias.

No fim, as únicas informações pertinentes e confiáveis que ele conseguia tirar do Profeta viam nas sessões sobre o clima.

Draco tinha lido que iria estar quente aquele dia, mas ele tinha passado a madrugada anterior inteira torcendo para que os bruxos especialistas estivessem errados. O dia dele estava cheio de planos e encontros, e em sua ansiedade ele já tinha planejado o que ia vestir fazia mais de uma semana, incluindo os tênis e as meias e o casaco. Cada pequeno detalhe era uma corda a qual ele se segurava, desesperado para não cair enquanto o mundo dele continuava tremendo e girando e se despedaçando em uma velocidade mais rápida do que ele era capaz de correr. Ele não podia mudar mesmo sabendo que iria morrer de calor e quando acordou de manhã, ele já saiu da cama e se vestiu irritado.

Quando ele dobrou as mangas longas, as mãos dele tremiam tanto que ele teve que parar para respirar mais de uma só vez, passando as mãos pelo rosto.

Draco não estava com paciência para conversar com ninguém, querendo comer e sair o mais rápido possível, mas assim que ele entrou na cozinha ele foi acolhido com a frase: "É a sua vez de lavar a louça."

but we are brave,   DRARRYWhere stories live. Discover now