43- O amor Pedresa

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Carta aberta de Dom Pedro II

Escrevo essa carta em agradecimento a minha imperatriz, melhor amiga e companheira de vida, a quem só tenho a agradecer. Cruzou os mares para se casar comigo. Encontrou o marido prometido, e promessas nunca cumpridas. Amo-a sim, com o fogo de toda minha paixão, com cumplicidade de quem nunca pode e poderá ser dono de sua própria vida.

Dom Pedro pegou a carta, colocou em um envelope e abriu sua gaveta, colocando a carta em meio de várias outras dentro de uma caixa e fechando a gaveta novamente. Saiu de sua sala rapidamente, andando pelos corredores, encontrando alguns criados que o faziam reverência, mas com a sua pressa não deu a mínima atenção. O corredor era longo, e o final dele não parecia ter fim. Teresa também andava pelos corredores com um livro em sua mão, à procura de Celestina. Teresa olhava para seu livro, admirando uma capa dourada que, com a luz que havia atrás das cortinas fechadas, fazia a capa do livro brilhar. Pedro avistou Teresa andando pelos corredores e, por livre e espontânea vontade, se aproximou dela, a puxando pelos braços.

- O que significa isso, Pedro...

Teresa foi interrompida rapidamente por um beijo, a deixando imprensada na parede. O palácio estava cheio, e os criados passavam de um lado para o outro, o que os deixava espantados por saberem que os Imperadores não estavam no melhor momento do casamento. O livro que Teresa estava segurando caiu no chão.

Isabel e Leopoldina, que também andavam pelos corredores à procura de Dom Pedro, que não estava dentro do escritório, ficaram surpresas ao verem os pais aos beijos nos corredores.

- Você está vendo, Dina? Eu disse que a felicidade nesse palácio aumentaria... Se estamos felizes agora, deveriam me agradecer...

- Não pense que eu estava bem com tudo que havia acontecido... ao contrário...

- Dina... agora terá que me ajudar com outra coisa. Digo... terá que me pagar por isso, até porque, se agora está feliz...

- Não é para ficar jogando na minha cara que você que proporcionou tudo isso! Agora diga, o que quer de mim?

No início do beijo, Teresa não correspondeu, mas logo depois acabou se entregando àquele beijo, passou-se alguns minutos, e quando o fôlego já se fazia preciso, Teresa empurrou Pedro.

- Pedro... o que pensa que está fazendo? Acha que somos dois adolescentes... não anda pensando mais no que faz? - (Teresa olhava para Pedro, se abaixou e pegou o livro que estava jogado no chão)

E saiu andando pelos corredores, entrando em um dos quartos que parecia ser de algum dos empregados.

- Pelo que vejo, você não resolveu os problemas, Bel!

- Como assim... o que aconteceu, por que a minha mãe saiu? - (Isabel ficou confusa)

Teresa Sentou-se em uma cama pequena que havia ali e começou a pensar alto demais.

Levantou-se e começou a falar sozinha.

- Dio santo... será que fui muito grosseira? - (Colocou a mão na cabeça) Claro que não! Ele me agarrou no meio de todos... mas é o meu marido...

- Mas não tinha esse direito... - (Teresa estava confusa) Será que eu deveria ir pedir desculpas? Dio santo, por que estou com dúvidas, é claro que eu deveria... agora como vou olhar para a cara de Pedro... ele deve estar chateado... Dio santo, muito chateado... é capaz até de não querer nem olhar na minha cara... Será que eu correspondi o beijo... eu acho que sim... ele vai tirar proveito disso!

- Cale-se, Teresa, você é a imperatriz desse Brasil... mas se eu correspondi o beijo, por que briguei com ele? Mas e se eu não correspondi? - (Teresa respirou fundo algumas vezes) Io Teresa Cristina vou sair desse cômodo e vou pedir desculpas... Si... si é isso que Io vou fazer, é claro que é isso que vou fazer!

Teresa estava com a mão na maçaneta quando deu meia volta.

- Mas e se ele não me perdoar? Dio santo... ele foi até mim e me deu um beijo... deve estar realmente arrependido... e eu aqui desconfiando de seu caráter... Se Pedro fizesse o que eu fiz com ele, não o perdoaria nunca! Dio santo, agora eu tenho certeza, ele não vai me perdoar.

- Parabéns, dona Teresa Cristina! - (bateu palmas) Passei de todos os limites que alguém poderia passar! É claro que ele quer o meu perdão... na verdade, agora eu que preciso ser perdoada!

- Ele realmente estava certo... pareço uma tola que não lembra dos momentos que tivemos juntos! - (Respirou mais vezes)

- Chega! Agora é a hora, Io vou até Pedro! Irei pedir desculpas!

Teresa saiu do cômodo, mesmo vendo todos os criados a olharem, ela seguiu reto, indo em direção ao escritório de Pedro. Chegando perto da sala, respirou fundo e bateu na porta. Por incrível que pareça, Pedro não a respondeu.

- Pedro, sou eu! - (falou alto)

- Entre! - (Pedro respondeu)

Teresa respirou fundo mais uma vez e adentrou o cômodo!

- O que faz aqui, majestade? - (Pedro perguntou sorrindo)

- Perché está a me chamar assim? Bene, esse não é o caso...

- E qual é o caso? O que quer conversar? - (Pedro perguntou)

- Io vim pedir desculpas! Non deveria ter falado aquilo! Você é o mio maritto e Io estou aqui para o que precisar. Como dever de uma Imperatriz, devo obedecer mio maritto! - (Teresa falou olhando para baixo)

- Teresa, não fale isso! Sabe que jamais irei forçá-la a fazer nada... Não sou esse tipo de imperador... - (Pedro respondeu ainda sentado em sua cadeira)

- Mas Io errei, não deveria ter feito aquilo! E todos viram... e Io fiquei envergonhada... Me perdoa...

- Não se preocupe, o que eu queria eu já tive, Napolitana... - (Pedro foi ligeiramente interrompido)

- O que? Dio santo, bem que Io falei, não deveria ter vindo pedir desculpas nenhuma para você! E Io aqui como una tola, achando que estava arrependido!

- Se acalme... Teresa... - (Pedro pediu sorrindo)

- Non!! como queres que Io me acalme, há? Passei minutos pensando como pediria desculpas para você, e o tempo todo estava aqui... deveria estar rindo de mim!

- Passou é? - (Pedro sorri)

- Passei? - (Teresa lembra que não deveria ter falado) Non... non passei. Você deve estar ouvindo coisas... Io disse que... fique preocupada de ter ficado chateado! Foi isso que Io disse!

- Você disse que passou minutos pensando como iria pedir o meu perdão, por eu ter demonstrado uma forma de amor e carinho por você e logo depois ter sido deixado sozinho... e ainda ter brigado comigo! - (Pedro falou sorrindo)

- Non precisa jogar na minha cara que Io o magoei... - (Teresa olha para baixo falando)

- Agora eu posso falar o porquê eu consegui o que eu queria? - (Pedro pergunta)

- Pode...

- Primeiro quero saber, dona Teresa Cristina, por que vossa Majestade correspondeu ao beijo? - (Pedro pergunta sorrindo)

- Io? Io non correspondi!

- Claro que correspondeu! E você sabe disso só não quer aceitar! E eu só precisava de uma prova para saber se ainda me amava... E o beijo foi a prova que eu já sabia! (Sorri se aproximando) Agora eu preciso escutar da sua boca!

- Teresa Cristina, você me ama? - (Pedro pergunta)

Pedro se aproximava cada vez mais, ambos já sabiam a resposta daquela pergunta. No entanto, Pedro queria ouvir aquela resposta vindo dos lábios vermelhos de sua Imperatriz.

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