02| à alta sociedade, indignação

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Naruto odeia o príncipe da coroa.

Ele não era o único, é claro. Por ser o herdeiro do reino, sua alteza adquirira inimigos consideráveis em seu encalço desde o momento em que nascera. O problema de Naruto com ele era muito mais pessoal.

Se conheciam desde a infância. Naruto, desde criança, tinha um gene forte e uma personalidade marcante que para muitos soava irritante. Como futuro esposo de Neji e condessa do condado Hyuuga, Naruto não podia jamais deixar que seu lado rebelde falasse mais alto. Jamais. Ainda que sua família fosse conhecida pela selvageria e astúcia típica das raposas, os ômegas de sua família tinham de se manter sob controle para não serem vistos com maus olhos pela alta sociedade. Naruto entendera isso desde o princípio e, ainda muito novo, trabalhou arduamente para se tornar um nobre adequado. Dominara o código de etiqueta com maestria, aprendera a atuar como um jovem rapaz melodramático — teve de aprender a fingir desmaios, inclusive — e conquistara facilmente os encômios dos nobres com isso. Era, como a mãe costumava dizer e se gabar para as outras mães da alta sociedade, perfeito.

Não para o príncipe herdeiro.

A primeira vez em que se conheceram, Naruto tinha oito anos, e o príncipe herdeiro estava com seus doze. Sua mãe, sendo a favorita da rainha, era uma das poucas damas da corte com autorização para estar tão perto da família real ao ponto de apresentar seu próprio filho a eles. Naruto já conhecia o rei e a rainha, eram duas pessoas que o tratavam com deveras brandura e sempre tinham elogios a ele. Conhecia o duque, Obito Uchiha, e a senhora sua esposa, a adorável duquesa Rin Uchiha. Conhecia o príncipe, Itachi Uchiha, pessoa por quem Naruto nutria uma afeição mútua. Conhecia os maiores nomes da família real de Diamand'or, exceto por um. E, oh, como Naruto sonhara com o encontro deles! Sabia que o príncipe herdeiro era pouco mais velho do que ele, então imaginara que a amizade entre eles se formaria rapidamente.

Não houve amizade, no entanto.

A apresentação deles foi formalmente realizada em um baile na mansão Uzumaki, em homenagem aos então recém-completados oito anos de Naruto. Fora lustroso, insigne e cheio de pompa. Nobres do mais alto escalão foram prestigiar a festa e deixar suas considerações à adorável e futura condessa Hyuuga, inclusive Neji, com seus também doze anos. A maior surpresa da noite fora, entretanto, o príncipe herdeiro.

Era sabido que o jovem futuro rei raramente deixava seu palácio particular e não costumava dar as caras ao mundo a não ser que fosse estritamente necessário. A presença dele naquele simples baile de aniversário fora no mínimo surpreendente. Naruto sabia, entretanto, pelo sorriso compartilhado de sua mãe e a rainha — também presente no baile — e o olhar mal-humorado do príncipe herdeiro — obviamente obrigado a ir — que aquilo havia sido combinado. Ele não se importou na época; estava radiante! Finalmente conheceria o príncipe herdeiro, o futuro rei de Diamand'or, a joia mais valiosa daquele reino (Naruto queria esta joia em sua caixinha particular).

O príncipe não era nada como Naruto esperou. Era bonito, é claro. A beleza da família real era indiscutível e o príncipe herdeiro certamente seria a maior beldade da família quando crescesse. Porém, ele era absolutamente... Naruto mal conseguira descrever na época, e até hoje era incapaz de fazê-lo.

"Vossa alteza, vossa majestade! Que honra tê-los em meu humilde lar!" Fora o que a viscondessa dissera ao avistar o par. Naruto lembrava-se do tom de voz encantado que ela usara no momento, como se já não soubesse que eles estariam presentes.

Naruto lembrava-se de como a rainha dispensou as cortesias e imediatamente apresentou o filho, sua alteza, para eles. Naruto fora perfeito. Curvara-se com respeito e cordialidade, reverenciando o príncipe e a rainha da forma exata que a etiqueta exigia. Dissera, em voz suave e doce: "A presença de vossa majestade e vossa alteza em muito me alegra", e os gracejou com louvores cuidadosamente elaborados; um elogio ao vestido sofisticado da rainha, outro à beleza suntuosa do príncipe, do modo como fora instruído a fazer. E nesse ínterim, imaginara que o príncipe fosse apreciá-lo. Que ele fosse elogiar sua exímia educação, suas roupas belíssimas que custaram uma pequena parte da fortuna da família porque precisava ser perfeita, talvez até lhe lisonjear.

cross bouquet | sasunaruOnde histórias criam vida. Descubra agora