Capítulo Três

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O movimento no Santa Monica estava extremamente ruim. A única coisa que Sophia atendeu durante a manhã foi uma criança de seis anos que estava com um Patrick Estrela de brinquedo dentro do nariz, então Luiza pediu à ela para que fosse para casa um pouco mais cedo, afirmando que ligaria caso algo acontecesse. A mulher foi resmungando durante o caminho todo, mas tinha esquecido de avisar Lívia que estaria em casa mais cedo. Após conectar o celular ao rádio do carro via Bluetooth, Sophia escutou uma Lívia ofegante atender o telefone.

***

Lívia: O-oi, Sophia! O que aconteceu para você estar ligando?

Sophia: Estou voltando mais cedo hoje. Quer que eu peça comida?

Lívia: Que?! Eu vou receber visita hoje! Tenho um trabalho em dupla da faculdade!

Sophia: Por que você não me disse antes?!

Lívia: Porque você não iria estar em casa, de qualquer maneira!

Sophia: Olha, deixa para lá! Eu vou pedir uma macarronada naquele restaurante lá que você gosta, o suficiente para três pessoas. Não é como se a pessoa fosse voltar, certo?

Lívia: Certo. Ah, ele chegou. Falo contigo quando você chegar!

***

Ele?! Era um cara?! Se tem uma coisa que Sophia não gostava era de caras na sua casa. A mulher pisou no acelerador enquanto pedia uma porção extra grande de macarrão com queijo. Ela e Lívia eram amantes de macarronada e tinha um restaurante perto do condomínio delas que era "O Rei das Massas", de acordo com Lívia, O "Macarronildo" - o nome do dono é Ronildo, olha que criativo.

Após abrir a porta com o macarrão em mãos, Sophia dá de cara com Lívia anotando alguma coisa em um caderno e gritando para alguém em outro cômodo. Após ver a amiga, a mesma levantou e foi até ela.

- Oi, Sophia! Vou chamar ele, espera aí. Estamos fazendo um trabalho de observação, eu estava vendo a janela da sala e ele a do banheiro. - Lívia abre a porta do banheiro e sai puxando alguém pelo braço.

Quando Sophia o viu, arregalou tanto os olhos que eles pareciam que ia sair de órbita. O garoto era ninguém mais ninguém menos que o próprio Lucas do estacionamento do hospital. Ele não usava mais roupas de dança, mas sim uma camiseta larga de Brooklyn 99, um par de calças jeans e os pequenos buracos em suas orelhas estavam preenchidos por diferentes piercings. Mal parecia a mesma pessoa. Ao ver Sophia, Lucas também arregalou os olhos e exclamou:

- A médica do jaleco de café! Já é a terceira vez!

Sophia quase deixou o macarrão cair no chão, o soltando, porém uma Lívia ligeiríssima se jogou no chão e o pegou antes que se espatifasse. Ela se levantou com a marmita extra grande de macarrão e viu a amiga tremer o olho esquerdo, um tique nervoso. Lívia colocou a marmita no balcão e, bem confusa, foi tentar entender a situação.

- Vocês se conhecem? - Ela perguntou.

- Essa é a terceira vez que nos encontramos só hoje, Lili. - Lucas coça a nuca, sorrindo.

- Eu não acredito! Você? Esse mundo não é tão pequeno assim! - Sophia levou as mãos à cabeça, bagunçando seus fios impecáveis.

- Brasília é bem pequena, na verdade. E não é difícil você encontrar alunos da UNB por aí. - Lucas diz, mexendo no cabelo.

- Ela não sabe o que é isso, Soph ganhou uma bolsa integral na CEUB porque foi a única que gabaritou a prova do vestibular. E a prova do ENEM. Ela é um gênio. - Lívia diz, indo pegar garfos.

- Caramba, então você é boa assim? Que honra ter você cuidando da minha bestie. - Lucas faz uma reverência exagerada e sorri.

- Sim, eu sou. E acho tudo coincidência demais para ser verdade. - Sophia cruzou os braços e se sentou numa das banquetas do balcão da cozinha, que virava.

Mon Danseur (Meu Bailarino)Where stories live. Discover now