Capítulo 4

11 4 0
                                    

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


ROUBO


DOMINGOS ERAM SAGRADOS. Algo que fiz para não passar a vida toda no escritório. Aos meus funcionários, eu delegava tarefas simples que permitiriam que a empresa continuasse operacional durante minha ausência. Os assuntos mais sérios que surgissem, e que não poderiam sair de minha autoridade, em último caso, seriam resolvidos emergencialmente.

Quando terminamos de jantar, avisei a Valentina que me retiraria. Queria poupar minha noite de algumas de suas perguntas indiscretas. Sentei-me no sofá do escritório, aproveitando o horário livre para ler um pouco. Utilizei uma fraca luz direcional.

Quando disse a Valentina que iria me retirar, ela deve ter suposto que eu iria dormir. Porque, menos de quinze minutos depois que iniciei minha leitura, ouvi seus passos descalços na casa silenciosa.

A porta entreaberta me permitiu ver o momento que passou, furtivamente, diante do escritório. Desliguei a luminária direcional e esperei que voltasse ao próprio quarto, sem que me notasse, para ler em paz, mas isso não aconteceu.

Valentina entrou no escritório.

Engolfado pela escuridão, não fui notado. A luz que vinha do corredor iluminava apenas uma parte da estante onde livros eram organizados num esquema de cores. Seus dedos deslizaram sobre os títulos nas lombadas. Procurou por um deles especificamente, até que chegou à minha coleção privada intitulada "Arte da Dominação".

Uma coletânea de livros, em formato quadrado, cujas páginas eram repletas de imagens sobre o BDSM, cenas de relações de dominação, sadomasoquistas ou bondage.

Valentina alcançou um dos volumes com destreza, soube que essa facilidade só seria conseguida se tivesse vasculhado meu escritório antes. Escondeu o livro sob a blusa e controlei um sorriso que quis surgir. Quando ia se retirar, liguei a luz da luminária outra vez.

Quando virou para mim, surpresa, falei tranquilamente.

— É bastante feio roubar os outros.

Valentina observou minha posição. Pernas cruzadas, livros sobre o colo. Um braço apoiado sobre a poltrona confortável, dedos cobrindo, disfarçadamente, uma sombra de sorriso.

— Não sabia que estava aí. Quis me matar? Peguei um susto danado.

— Assustou-se por estar fazendo algo errado, não acha?

— Eu apenas peguei um livro para ler.

— Esse livro que pegou, – Falei enquanto me aproximava e de maneira gentil tomava o livro das mãos dela – quase não tem palavras. Há, no máximo, uma descrição da fotografia ao final de cada página.

— Pode ser, mas é muito elucidativo. – Deu de ombros – Não pode me culpar por estar curiosa. Quando se descobre que o melhor amigo de seu pai é um pervertido sexual que curte chicotear as pessoas, qual a melhor reação?

DESEJO | Triplo AWhere stories live. Discover now