Capítulo 2

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Narrador

Nova York, Estados Unidos.

4 meses depois.

— O que aconteceu com você? Sempre amou minhas panquecas, e ainda não tocou em nenhuma delas. — Mary observou, olhando para o prato intocado de sua afilhada.— Ela ficaria chateada se soubesse que você não está se alimentando direito. — acrescentou, encarando-a quase que ameaçadoramente.

Marylin estava cuidando de Florence nos últimos meses, auxiliando-a no processo de luto e garantindo que ela não tomasse decisões inconsequentes que colocassem sua vida em risco.

— Eu não estou com fome. — Respondeu, forçando um sorriso.

— Você ouviu isso, Dexter? Florence sem fome? — A detetive brincou, chamando a atenção do cachorro peludo. — Ela deve estar doente, com certeza. — sussurrou, como se compartilhasse um segredo com o cão.

— Você é hilária, Marilyn. —  Florence ironizou, o que Mary entendeu como um sinal de melhora, já que a afilhada não usava a ironia como defesa há algum tempo. — Vou colocar as malas no carro. — mudou de assunto.

Florence planejava dirigir até o aeroporto, e Mary buscaria o carro no estacionamento no dia seguinte, usando um aplicativo de transporte.

— Eu te ajudo. — Mary respondeu, pronta para carregar as malas.

A garota havia decidido que era hora de mudar de cidade, iniciar um novo capítulo. Era o que Eleanor gostaria que ela fizesse, que ela seguisse em frente. Tinha sido aceita na "Royal Academy of Dramatic Art", em Londres, para estudar artes cênicas. Ela entendeu isso com um sinal do universo, que deveria ser acatado.

Ela era apaixonada por tudo relacionado às artes, especialmente teatro, cinema, dança e música. Não conseguia escolher apenas uma área, sentia que poderia explorar um pouco de cada uma. Inicialmente, estudaria artes cênicas e, depois, planejava se especializar em ballet contemporâneo. Se tivesse a oportunidade, também gostaria de estudar música em um conservatório renomado.

Florence sabia que tinha sorte de poder seguir sua paixão pelas artes, e era grata por isso. Ela sabia que nem todos tinham o mesmo privilégio de seguir seus sonhos.

— Eu sinto falta dela todos os dias. — Florence confessou, enquanto abria o porta-malas do carro.

— Eu também sinto, praguinha. — Mary respondeu, a abraçando— Mas tenho certeza de que ela está orgulhosa. Você está no caminho certo. — afirmou, dando um beijo em sua testa.

Dexter latiu, chamando a atenção das duas, e começou a correr ao redor delas, implorando por carinho.

— Não precisa ficar com ciúmes, Dexter. — Florence disse, pegando-o no colo. — Tem carinho para você também. — acariciou-o.

— Tem mesmo que ir? — Mary perguntou, com os olhos marejados, tentando esconder o quanto estava abalada com a partida da afilhada.

— Você sabe que sim. — Florence respondeu, segurando sua mão. — Eu sei que vai cuidar bem da casa enquanto estiver fora. Alguém precisa manter o jardim da Sra. Eleanor vivo, e eu confio em você para isso.

Marylin continuaria morando em Nova York, na casa da falecida amiga, cuidando de algumas questões pendentes. Apesar de Florence já ter 19 anos, Mary sabia que havia muitas pendências para ela lidar, e jamais a deixaria desamparada.

Dexter também iria junto, é claro. Florence não conseguiria ficar longe dele.

— Vai ser estranho não ter que te arrastar da cama todos os dias, nem ter Dexter correndo pela casa como um despertador ambulante, testando minha paciência. — Mary comentou, deixando de lado sua pose de durona e chorando. — Prometo que não vou virar sua casa de cabeça para baixo.

Caos Entre Luzes e SombrasWhere stories live. Discover now