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Eu não entendia como alguém poderia sorrir e se deliciar ao torturar alguém, mas eu sabia que esse tipo de coisa era necessário e inevitável em alguns casos, principalmente quando estamos em meio a guerra

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Eu não entendia como alguém poderia sorrir e se deliciar ao torturar alguém, mas eu sabia que esse tipo de coisa era necessário e inevitável em alguns casos, principalmente quando estamos em meio a guerra. Ahri ricocheteou o chicote de couro marrom no rosto do macho incontáveis vezes, até que seu rosto se tornasse irreconhecível, e ela sorria com isso.

Também vi como se descontrolou por alguns segundos ao ver sangue pela primeira vez depois de três meses vivendo como uma prisioneira. Ainda era estranho, ver seus olhos brilharem com desejo e os lábios se repuxarem com sede.

O macho respirava fundo e já desistira de gritar quando Ahri finalmente descansou o chicote no chão, ela arrancou as luvas de couro sujas de sangue e encarou o macho com os olhos verdes brilhando fogo vivo.

— Última chance para abrir a boca e então enfiarei essa adaga no seu coração. — A fêmea de cabelos negros como a noite girou a adaga na mão com os olhos severos. Ele ergueu o rosto sangrento e lágrimas vermelhas mancharam suas bochechas cortadas.

— E-Eu... — Sua voz fraquejou e ele cerrou os dentes com sangue seco nos lábios cortados. — Me deram a ordem de juntar informações sobre a formação e a quantidade de suas tropas. — Ele conseguiu juntar forças para revelar o segredo e Leon me lançou um olhar do outro lado da cela.

— Quero nomes. — Ahri exigiu e o macho deixou a cabeça cair para encarar o chão empoçado com seu sangue.

— Foram os súditos do Rei que me enviaram. — Ele puxou o ar com força e fez careta quando as feridas do chicote arderam. — Não sei de nada sobre eles, fui ameaçado para vir. Sou escravo deles. — Olhei para Leon e ele olhava o macho com os olhos vítreos. Ahri largou a adaga na bancada de metal e deu as costas ao sair da cela com os passos silenciosos.

— Vocês vão me libertar? Eu falei a verdade! Não é justo! Por favor, por favor! Não me deixem aqui! Minha família me espera do outro lado do mar! — O macho começou a suplicar com a voz chorosa quando eu e Leon se retiramos da cela também. O que ia ou não acontecer com o homem, Nicholas quem decidisse.

Vi Ahri virar no final do corredor e fechar a porta de um cômodo com força, seus passos estavam apressados e ela andava torto. Leon me enviou um olhar discreto que pedia para averiguar o que estava acontecendo.

Deixei que Leon desaparecesse do corredor com os guardas no encalço antes de decidir abrir a porta em que a fêmea havia se enfiado. Quando entrei no quarto que era mais uma espécie de despensa, encontrei Ahri de costas com os ombros curvados para frente.

Me encostei na parede perto da porta e cruzei os braços, ao lado de uma estante de metal empoeirada, cheia de produtos de limpeza e algumas vassouras velhas. Fiquei observando por bons minutos até a respiração de Ahri voltar ao normal, esperei conforme seus ombros se ergueram novamente e ela se virou para mim com os olhos em chamas. Brilhavam verde vivo, como naquela noite no museu, mas não tinham efeito sobre mim.

DEMÔNIO DE AZAHARAOnde histórias criam vida. Descubra agora