+18 | Ahri Darfin está presa em um mundo onde suas mãos estão permanentemente manchadas com sangue inocente e seus olhos perdidos a humanidade. Possuída por um príncipe-demônio de outro mundo, ela é forçada a embarcar em uma jornada dolorosa em busc...
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Ahri Darfin estava magnífica e deslumbrante.
Enquanto o peso da coroa de ouro na minha cabeça parecia estar prestes a me sufocar, eu mantinha meus olhos sobre seu corpo curvado diante da minha soberania.
Ahri estava de joelhos e de cabeça curvada, expressando o sorriso mais debochado e malicioso que poderia investir naquele exato momento.
Já havia se passado algumas semanas desde o nosso inesperado encontro no meu quarto durante o solstício. Desde então, nunca mais nos encontramos.
Durante todos os dias até a coroação, eu me concentrava em manter os pensamentos sobre a feérica distante da minha mente, priorizando os assuntos políticos que eu não podia mais deixar passar para trás.
Ao vê-la presente nesse imponente salão, saudando-me de forma irônica, uma onda de emoções torna difícil o trabalho da minha mente lidar com a situação.
Tentando focar em meu objetivo imediato, ergui minha mão livre e estendi-a sobre a multidão que me reverenciava. Com um pensamento rápido e um simples fechar de olhos, derramei uma semente de luz sobre eles, como uma chuva de estrelinhas douradas, abençoando suas vidas para que me ajudassem a construir uma nova jornada em Orton.
Finalmente, ao dobrar minhas pernas e me assentar no trono, desprezando a sensação gélida do assento frio em meus braços, todos se ergueram novamente e me encararam com respeito.
Meus convidados de honra me observavam com grandiosidade enquanto eu ocupava o lugar que deveria ser eternamente de Nicholas. A coroa, pesada e reluzente, parecia tão deslocada em minha cabeça quanto a sensação de segurar o cetro que meu irmão uma vez empunhou.
Eu me sentia suja e incapaz de assumir esse papel, como se de alguma forma eu estivesse tomando o que era seu e apagando sua grandiosidade para sempre. Mas, toda vez que esse mesmo pensamento me afligia, suas palavras na carta também voltavam a minha memória, confortando a culpa que ameaçava me assolar viva sobre o trono.
Por outro lado, eu também me lembrava dos anos sob as garras de Cal, submetida a engolir palavras que me diziam que eu jamais alcançaria o topo da família. E que, provavelmente, eu passaria o resto da minha vida vivendo como uma princesa apagada. No entanto, era sua cabeça que estava esfolada e era meu nome que serpenteava pela boca do povo em todos os continentes.
Encarando-os como um só, meu coração ansioso permanecia inquieto, sem consolo, enquanto o nervosismo me perturbava. E, em perfeita harmonia, todos proclamaram em alto e bom som:
— Vida longa à Rainha! — Nesse momento, os músicos irromperam com novos acordes e um ritmo animado, envolvendo todos os presentes em uma atmosfera de conquista e celebração.
A multidão se espalhou e os criados pré-selecionados para o início daquela noite começaram a servir taças de vinho e comida em abundância sobre bandejas de prata. Gradativamente, as pessoas se serviam, conversavam e dançavam pelo salão, animadas com o evento que finalmente se concretizara.
