Quem sabe um dia

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Remus estava sozinho.

Lily, a sua melhor amiga, tinha começado a namorar e, por isso, já não tinha tempo para ele. Assim, como sempre fazia quando se sentia para baixo, foi para o seu sítio preferido: a biblioteca.

Foi para o mesmo canto reservado que sempre ia. No parapeito largo, de uma janela baixa. Uma almofada já estava sobre a pedra dura, cortesia da bibliotecária uns meses atrás, ao perceber o quanto Lupin gostava daquele sítio.

Pegou no seu livro "HeartStopper: Boy meets boy". Tinha-lhe sido recomendado por Marlene, namorada da sua outra melhor amiga Dorcas, que por motivos escolares, mudara de escola no mês anterior.

Ainda estava no primeiro capítulo e já se comparava com Charlie. Também este tinha sido usado por Tom, o seu ex-ficante. Felizmente, graças a Lily, ele tinha conseguido libertar-se.

Quer dizer, melhor escrevendo, ela conseguiu que ele percebesse que Tom era um merda, pois par Remus, já tão habituado aos tratamentos abusivos do outro, achava que aquilo era normal.

Decidido a não pensar em mais nada, fechou um pouco os olhos e quando os abriu a sua mente já estava mais livre de quaisquer pensamentos negativos.

Voltou a prestar atenção nas letras que dançavam aos seus olhos. Até que ouviu uma voz a cantar.

Maybe it's the way you say my name
Maybe it's the way you play your game
But it's so good, I've never known anybody like you
But it's so good, I've never dreamed of nobody like you

-Dandelions.- pensou Remus, reconhecendo a letra.

Com cuidado, saiu do seu esconderijo e espreitou a secção infantil, a fonte da melodia.

Lá, no meio da sala colorida sentado no chão, estava um rapaz. Ele tinha cabelos longos e escuros como o breu da noite, os seus olhos azuis, claros e límpidos como o céu e os seus antebraços com tatuagens minimalistas que seguravam um violino, enquanto acompanhava com a letra.

A sua voz era melodiosa como um pássaro, era como mel, mas não de uma forma má. Era doce e preenchia os sentidos. A música enchia a pequena sala e as crianças que ouviam acompanhavam da melhor maneira que conseguiam, mesmo alguns, não sendo muito bom.

O rapaz acompanhavam a música com o ligeiro balançar do corpo, os seus olhos um pouco fechados, aproveitando o momento. Um sorriso cobria o seu rosto e, sem perceber, Remus sorriu também.

I'm in a field of dandelions
Wishing on every one that you'll be mine, mine

Terminou, olhando as crianças e, percebendo que estava a ser observado, virou-se para a porta.

Vendo que tinha sido apanhado, Remus sorriu e acenou. O outro, levantou-se, dirigindo-se para perto da porta.

-Olá, vieste buscar algum?- perguntou.

-Ahñ? Não, não. É só que é uma das minhas músicas preferidas.

-Ah... então espero não ter desiludido.- respondeu, enquanto prendia o cabelo num rabo de cavalo.

-Muito pelo contrário.- disse, reparando que o outro cheirava a um perfume de rosas e um pouco a café.

-Ainda bem. Se não te importas vou voltar, a bibliotecária dá-me na cabeça quando não estou a tomar conta das crianças.

-Sim, ok.

Separaram-se, Remus voltando para o seu canto.

...

Pela semana seguinte, a rotina era a mesma. Sirius na sala das crianças, Remus no parapeito. Olhares trocados e simples cumprimentos, mas nada mais.

-Oi.- falou Sirius, saindo da secção infantil ao mesmo tempo que Remus ia em direção à saída.

Shorts de WolfstarWhere stories live. Discover now