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Eu me virei e encarei seus olhos, brilhantes mesmo no escuro. Meu coração estava tão acelerado que parecia duelar com a batida da música. Tudo em volta parecia ter sumido ante a realização de que Jeongyeon estava na minha frente, me segurando como se ela soubesse que eu precisava de apoio. Minha voz estava tremendo. Estava tão nervosa que minha primeira pergunta foi totalmente idiota.

— O que houve com seus óculos?

— Lentes de contato.

— Oh.

Finalmente o choque começou a passar o suficiente para que eu pudesse perguntar algo com sentido.

— Tenho milhões de perguntas. Como chegou aqui? Como me achou? Como...

— Cale-se, Nayeon. — Sua boca tomou a minha abruptamente para interromper as perguntas.

Ela me devorou completamente. Se eu tinha alguma dúvida sobre como as coisas estavam entre nós, o gosto possessivo de seu beijo, o jeito que pressionou todo o seu corpo contra o meu, aniquilou isso.

Sem dizer nada, seu beijo falava tudo. Sua língua contra a minha, os sons guturais que saiam de sua garganta, era a primeira vez desde que eu a tinha conhecido que realmente sentia nos meus ossos: ela era minha. Todas as reservas do passado, tudo que nos prendia tinha sumido. Não sabia de toda a história de como de repente chegamos aqui, mas tinha certeza que não importava.

Meus dedos subiram a seu cabelo desesperadamente enquanto a puxava para mim.

Nunca mais me deixe, Jeongyeon.

Ainda estávamos no nosso mundo apesar das pessoas ao redor, esbarrando em nós. Ela respirou fundo, com a testa encostada na minha.

— Estive esperando que terminasse o livro para me aproximar. Esse era o plano.

— Esteve em Daegu todo esse tempo?

— Já estava aqui esperando quando mandei o livro.

— Oh, meu Deus. — Enterrei o rosto em seu peito e senti o cheiro de seus cigarros. Olhei pra ela e tive que perguntar, apesar de ser óbvio.

— Terminou com ela?

Jeongyeon assentiu.

Continuei:

— Mas o fim... Disse que estava fazendo a coisa certa. Eu achei...

Ela me cortou com um beijo de novo e depois disse.

— Achei que você assumiria isso. Mas a coisa certa... Era admitir que eu não poderia amá-la totalmente se meu coração pertencia a outra pessoa. — Suas mãos pegaram meu rosto. — Meu coração voltou à vida quando te vi parada naquele jardim. Finalmente entendi. Só levou um tempo para clarear os pensamentos e finalmente perceber o que eu queria.

Tinha certeza que era uma longa história, que terminar as coisas com Sana não tinha sido fácil. Sabia que ela a amou e Jeongyeon me diria tudo algum dia, mas agora não era o momento.

Como se tivesse lido meus pensamentos, ela disse.

— Prometo que te contarei tudo que aconteceu, mas não agora, ok? Só quero estar com você.

Envolvi meus braços em seu pescoço e soltei um suspiro tão intenso, que parecia que tinha segurado por sete anos. Talvez tivesse.

Nos beijamos como se nossa vida dependesse disso, sem respirar, pelo menos durante três músicas. Tinha certeza que meus amigos tinham visto, mas não conseguia desviar o olhar tempo suficiente para ver suas reações. Talvez achassem que ela era uma mulher qualquer, e eu teria que explicar muita coisa no trabalho.

Sister • 2yeonOnde histórias criam vida. Descubra agora