𝕮𝖆𝖕í𝖙𝖚𝖑𝖔 𝕾𝖊𝖙𝖊

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Capítulo sete
Ou
"The torture of a small talk with someone
You used to love"

Delegacia de Ever After
Alguns anos atrás

— Você se importaria em repetir onde estava às 19:00 da noite passada, Senhorita Queen? — o investigador a encarou, e cruzou os braços enquanto a fitava.

Por Deus, como ela odiava aquele lugar. Era gelado, as cadeiras eram desconfortáveis e a iluminação era péssima. E para fechar o pacote completo, tinha esse homem à sua frente, fazendo as mesmas perguntas toda santa hora, em uma tentativa nada discreta de fazê-la confessar.

Raven respirou fundo, e repetiu seu álibi uma terceira vez:

— Eu estava com meu namorado em um restaurante.

E o homem repetiu a outra pergunta uma terceira vez também:

— Tem alguma prova disso?

Na verdade, ela tinha, sim, algo que comprovasse. Ela abaixou um pouco a gola de sua camiseta e mostrou uma bela mancha roxa estampada em seu pescoço. Um presente de despedida de Sparrow para ela, é claro.

O investigador ficou envergonhado. Não que Raven o julgasse, já que ela mesma sentia vergonha de si mesma por aquilo.

Se seu pai visse aquilo… Deus, ela não gostava nem de imaginar seu pai a encarando com um olhar de decepção, se perguntando onde que ele havia errado com sua filha.

Ele era o melhor pai do mundo, e ela se odiaria para sempre se ele começasse a vê-la como uma "vagabunda promíscua" (uma expressão que sua irmã usava muito frequentemente quando se referia à ela) e não como sua caçulinha. Mas toda vez que ela chegava um pouco tarde da escola ou saía escondido à noite para encontrar seu namorado, ela se sentia uma péssima filha.

Mas ela não era uma filha ruim. Não mesmo. (Pelo menos era isso que ela estava tentando se convencer desde que a notícia da morte de seu pai chegou em seus ouvidos)

— Você gostaria de ligar para algum advogado, senhorita Queen? — o detetive pergunta

— Eu gostaria de um copo d'água, se não for incômodo — ela responde, sem tirar os olhos da parede da sala de interrogatório.

Apesar de parecer tranquila, Raven estava apavorada. Ela não trocou uma palavra com o homem que não fosse algo estritamente necessário.

"Tudo que você disser será usado contra você no tribunal" eles disseram quando a levaram, então ela manteve suas respostas curtas, monossilábicas e sussurradas pelo resto do dia. Mas achava que pedir por um copo d'água não faria um estrago grande contra ela.

Os exatos cinco minutos que levou para o senhor sair da sala e voltar com o copinho de plástico pareceram horas. Fazia uma tarde inteira que ela estava enfurnada lá e ela estava prestes a morrer de tédio. A janela do lugar era escura, e pouco se dava para enxergar além do seu próprio reflexo.

O reflexo de uma assassina, de acordo com todos dessa delegacia. Chegava a ser absurdo que eles sequer cogitassem essa ideia. Ela não tinha coragem nem de terminar com seu atual namorado com medo de magoá-lo, mesmo não gostando dele há muito tempo, imagine ter coragem de acabar com a vida de seu próprio pai.

Quando o detetive voltou, porém, ele não estava com um copo d'água nas mãos, mas sim uma mulher com quase quarenta anos e cabelos tão negros quanto os seus.

Apesar de que Snowarowska diga pelos quatro cantos de Ever After que Raven Queen não é a filha verdadeira de seu próprio pai, ela não podia negar o fato de que seus cabelos eram idênticos, e que o sobrenome de Markov Laevna estava presente nas duas.

𝐆𝐨𝐨𝐝𝐧𝐢𝐠𝐡𝐭 𝐒𝐨𝐜𝐢𝐚𝐥𝐢𝐭𝐞 Where stories live. Discover now