9|O coração sempre esteve certo.

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O tempo passa rápido. Tão rápido que é inevitável não me sentir receosa sobre o que vai acontecer quando voltarmos a Busan. 

Tudo mudou drasticamente desde a ultima vez que eu estive em minha casa, apesar de tão pouco tempo em que estamos aqui. Então é fácil decifrar o mistério; são os momentos e as companhias que nos faz mudar. Mas não é exatamente mudar. Eu diria amadurecer, deixar florar o seu eu interno que a tanto tempo ficou escondido no mais fundo interior do seu ser. Não há duvidas de que Mina e toda essa situação fez florescer de dentro de mim o meu melhor. 

Não quero acreditar que tudo o que aconteceu tenha sido só algo momentâneo, então estou me apegando as nossas últimas horas aqui, deitadas lado a lado na cama do hotel, em uma noite de domingo.

— Eu não sei o que fazer — Mina resmungou chorosa e se esgueirou na cama até estar com a cabeça deitada em meu ombro. 

Os fios do cabelo dela encosta em meu pescoço e faz cocegas, aumentando a velocidade que meu coração bate. 

— Talvez uma pintura? — sugeri, tentada a erguer a mão e  enfiar em seus cabelos. 

— Eu sou péssima com qualquer coisa que envolva arte, tá querendo me humilhar Chaeyoung?! — Com a expressão indignada, ela ergue a cabeça para me encarar. Eu dou risada.

— Eu posso pintar.

— Vou fingir que não percebi que você não negou minha acusação. — diz, se virando de barriga para baixo, o cotovelo apoiando o corpo na cama e a mão apoiando a cabeça, enquanto a outra mão se esgueira sobre minha barriga até chegar em meu pescoço onde ela se distrai, fazendo desenhos imaginários. Dou uma risada sem graça e nervosa. Ela me olha e diz: — Mas eu gosto que você seja boa em artes, o que pretende pintar então?

— Aí está o problema. —respondo.

Deixando meu pescoço, sua mão desce para encontrar a minha mão ao lado do meu corpo, a trazendo para cima da minha barriga, onde se distrai novamente com os meus dedos dessa vez.

No rosto de Mina há algumas pintinhas em que me perco enquanto a encaro. Uma na ponte do seu nariz, uma acima do seu lábio superior e outra abaixo do lábio inferior quase imperceptível que eu só vim notar agora por estar tão perto do seu rosto.   

— Sentirei sua falta no avião — Diz Mina quando ergue os olhos para me encarar. 

Mais cedo os professores passaram avisando que por alguns motivos, que não me dei ao trabalho de entender, haveria duas listas diferentes de alunos, pois teria que dividir para ir em dois aviões. Infelizmente nos separaram e Mina iria sair primeiro que eu amanhã cedo.

— Eu também. — Admito.

Trocamos olhares por segundos, até que os olhos dela descem para os meus lábios e depois voltam aos meus olhos. Seus cabelos caem sobre seu rosto e numa tentativa de erguer a mão que ela brincava para colocar os fios atrás de sua orelha, um dos meus dedos acaba raspando na ponta fina de um dos seus anéis, me fazendo puxar a mão de vez.

— Ai! 

— Machucou? — Mina pergunta alarmada enquanto segura minha mão e analisa meu dedo, onde não havia nenhum machucado.

— Foi só uma picadinha. — Tento, mas ela analisa, faz carinho e depois leva meu dedo ao seus lábios e beija.

— Sarou? 

Abro a boca surpresa, mas nada sai, então sorrio e nego. Ela volta a atenção para a minha mão e vira a palma, beijando lá.

— Sarou? — Nego. Seus olhos me encaram por alguns segundos e ela se aproxima do meu rosto, meu coração dispara, mas ela beija minha bochecha e se afasta apenas o suficiente para me olhar. Sorri e questiona: —Sarou? 

Duas semanas e nós duas | MiChaengWhere stories live. Discover now