Capítulo 3

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𝐓𝐇𝐑𝐄𝐄

"Ouvi dizer que você é um pouco... diferente. Um pouco estranho, espero que seja verdade. Eu só sou um pouquinho tímido, mas eu posso ser muito bom pra você. Bem, talvez eu possa te chamar de 'daddy'. E você poderia me ensinar todas as suas regras. Porque eu sou um bom garoto, é verdade. Mas eu quero ser muito mau com você. Então você poderia me pegar na varanda ou me levar para aquele seu quarto. Continue, eu quero ser mau. Deixe-me gritando de dor e prazer" – Kimberley August.

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| PRIMEIRO DIA |

Narrado por Harry Potter.

– Senhor, aqui está seu café – o garçom anunciou ao depositar a xícara de porcelana sobre um pires em minha frente, junto de um pequeno açucareiro de vidro e um frasco de adoçante artificial. O líquido escuro expelia vapor e o aroma do café torrado preenchia minha narinas de um jeito incrível. Eu amava. – Deseja mais alguma coisa?

– Só isso, obrigado – eu falei, já pegando a pequena colher de chá e afundando nos grãozinhos de açúcar cristalinos para adoçar meu café.

O jovem garçom sorriu cordial, meio tímido, e assentiu, retirando-se para atender mais clientes com um bloquinho de papel na mão e uma caneta no bolso de seu avental com uma pequena mancha de glacê na cintura. Acompanhei vendo-o se afastar e depois depositei a colher no pirex e enlacei o indicador na alça da xícara, soprando e experimentando, sentindo o gosto maravilhoso do café impregnar no meu paladar.

Hoje estava sendo um dia bem calmo e com cara de início de férias. Tirando os acontecimentos da parte da manhã que com certeza conseguiram me tirar do sério, estava sendo um dia ótimo; um pouco frio, sem chuva, uma leve brisa gélida no ar e pela vidraça da frente da fachada era possível ver o começo do entardecer mesclando tons de vermelho-alaranjado com azul-celeste no céu recheado de nuvens, como uma bela pintura renascentista.

A cafeteria onde eu estava ficava no ponto mais alto do condado Kent e minha mesa, por sorte, a mais próxima da janela, permitindo uma vista panorâmica enlouquecedora. Eu conseguia ver os castelos antigos da idade média, a Catedral de Cantuária – maravilhosa – diversos jardins imensos com cercados claros bem cuidados, vários lagos com águas cristalinas e muitas mansões ultrapassadas que exalavam a beleza da antiga arquitetura inglesa. Os campos estavam amarelados, varridos de flores por ser outono, mas era fácil imaginar a beleza de tudo aquilo no colorido da primavera.

Kent não era um condado metropolitano, ficava mais ao sudeste da Inglaterra rodeado de áreas verdejantes e uma paisagem campestre, bem longe da loucura e movimentação de Londres. Por conta do meu trabalho – que na grande maioria das vezes era corrido – eu nunca tive a oportunidade de vim aqui a lazer e consequentemente nunca tive a chance de admirar. A única vez que visitei Kent foi a trabalho num dia nublado e tempestuoso, mas agora eu finalmente entendo o porquê de ser conhecido como o "Jardim da Inglaterra".

A vista era incrível.

Dei outro gole ligeiro no café, para diminuir a quantidade do conteúdo na xícara, e peguei um pequeno frasco do bolso do meu suéter, abrindo e deixando cair todo o líquido âmbar que logo adquiriu um tom perolado pela mistura com a cafeína. Uma poção anti-ressaca tinha um aroma bem específico; gengibre e mel, que se espalhou rapidamente no ar por conta do vapor atraindo alguns fregueses a olhar ao redor procurando a origem desse cheiro tão marcante. Ignorei, fingindo que não era comigo e bebi lentamente, mas constante, almejando um alívio rápido para a dor de cabeça que insistia em ficar.

𝟑𝟓 𝐝𝐚𝐲𝐬 | 𝐃𝐫𝐚𝐫𝐫𝐲Where stories live. Discover now