IX

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Harry estava apreensivo.

Tudo ao seu redor afirmava que nada estava acontecendo e que tudo estava bem, mas seu corpo e mente o diziam o contrário.

Seu peito se apertava a cada momento que Draco deixava as paredes do castelo de Hogwarts, mesmo que fosse para fazer a coisa mais simples do mundo.

O garoto já se sentia assim há alguns dias e não sabia o que fazer para esse aperto sair de seu peito. Não conversou com Malfoy sobre isso, pois não queria preocupá-lo, mas estava chegando a um ponto que isso iria sufocá-lo.

Harry conversaria com Black após o jantar, que estava praticamente terminando. Ele procurou pelos seus olhos azuis acinzentados favoritos pela mesa da Sonserina e os encontrou, com o olhar pousado em si. Draco já estava o olhando.

Potter mexeu sua boca sem sair som, dizendo que gostaria de conversar com o loiro após o jantar, esse que assentiu, entendendo o que o garoto queria comunicá-lo. Harry soltou um suspiro aliviado.

Um sentimento bom sempre crescia em seu peito quando Malfoy mostrava entendê-lo por completo. Sua relação era uma das coisas que o garoto mais admirava em toda a sua vida. Acreditava que Draco era uma dádiva vinda de Merlin somente para ele. Não entendia como uma pessoa tão boa para ele, como Black, poderia ter aparecido em sua vida.

Harry estava terminando de comer a sua batata assada, quando todos os pratos foram retirados e a mesa esvaziou-se, denunciando o fim da refeição.

— Sinto muito por interromper o jantar de todos, mas eu tenho um comunicado importante a fazer. Peço pela atenção de todos. — Dumbledore foi até a sua pequena mesa em frente à mesa dos professores, onde ele se pronunciava.

O estômago de Potter revirou-se no mesmo instante em que o diretor começou a falar. A mesma sensação de apreensão que invadia seu corpo, o penetrou e ele sentiu sua mão tremer.

— Uma nova onda de ataques está acontecendo no mundo bruxo. Kingsley Shacklebolt foi sequestrado. Não temos informações de quem o fez, mas deduzimos que é um sinal para uma nova guerra que começa no mundo mágico.

Harry sentia que iria desmaiar. Uma nova guerra. A última guerra tirou sua mãe dele. Tirou os pais biológicos de Draco.

— Não se desesperem. O desespero não levará a lugar nenhum. Hogwarts é o lugar mais seguro para todos nós no momento. Recomendo que ninguém deixe a escola e vá ao encontro de seus pais, pois no mundo bruxo é onde o perigo está mais presente. Nascidos trouxas e mestiços, a decisão de irem ou não está com vocês. Lembrem-se de que Hogwarts sempre ajudará aqueles que a ela recorrerem.

Dumbledore terminou seu discurso e esse foi um sinal para que os alunos começassem a gritar e correr de um lado para o outro em desespero, uns pedindo por seus pais e outros xingando o diretor.

Harry não conseguia mover-se. Era como se todos os seus músculos estivessem paralisados, o impedindo de sair daquele lugar.

O garoto sentiu um toque gentil de uma mão grande em seu ombro, como se fosse um pedido mudo para que ele encontrasse o olhar da pessoa que estava atrás dele. Potter já sabia quem era antes mesmo de seu cérebro raciocinar a ação seguinte. Seu corpo reconhecia o toque e a presença de Draco mesmo a metros de distância.

— Harry. — Malfoy o chamou.

O moreno não conseguia responder. Toda a gritaria e pânico ao seu redor o deixava imóvel. Draco pareceu notar, pois Harry sentiu uma mão firme em sua cintura, o levando para fora do salão.

Eles conheciam um lugar afastado e pouco conhecido pelos alunos, onde sempre visitavam.

Ficava perto da estufa de Herbologia. Havia uma grande árvore perto do lugar, onde diversos animais como pássaros e borboletas rodeavam o local.

— Harry, está melhor? — Draco perguntou terno, olhando dentro de seus olhos, retirando uma mecha de seu cabelo de seu rosto.

— D-draco. U-uma guerra. Está acontecendo uma guerra. — Suas palavras soavam tão baixas que quase não eram capazes de serem entendidas.

Malfoy o abraçou pela cintura, tentando transmitir toda a segurança restante em seu corpo para Harry.

Ele se sentou com as costas apoiadas na grande árvore, trazendo Potter para ficar entre suas pernas, deitado em seu peitoral.

O olhar de Evans estava perdido no horizonte, sem conseguir focar em nada. Draco começou um leve cariciar em seu cabelo, iniciando um cafuné sútil.

— Eu estou com medo, Dradra. Não quero ter o mesmo destino de minha mãe. Dos seus pais. — Harry admitiu, buscado pela mão do loiro por conforto, deixando que as lágrimas caíssem soltas.

— É normal ter medo, xuxu, você só não pode deixá-lo tomar conta de si. — Draco o aconselhou.

— Eu não quero te perder. Não posso. — Harry segredou.

— Nada irá acontecer com você. Se for preciso nós fugimos e nada nos atingirá. Nada irá acontecer comigo, com você ou com os meus pais e os seus. Nada. — Malfoy deixou um beijo casto em seus cabelos.

Harry assentiu, cansado demais para dizer qualquer coisa. Ele acomodou-se melhor em Draco, sorrindo ao ter a sensação de seus dedos entranhados em seu couro cabeludo.

Nesse momento não há guerra. Não há morte. Não há destruição. Somente há eu e você. Draco e Harry.

— E as borboletas.

— E as borboletas.

Ao sentir o toque gentil e sútil de Malfoy em sua mão, a acariciando, em seu cabelo, fazendo cafuné — ele percebeu algo que já deveria ter notado há muito tempo.

Harry o amava.

xxxxxx

Eu amo esse capítulo, não sei se vocês notaram, mas foi igual ao primeiro capítulo, onde o Draco mostrava que amava o Harry e vise-versa.

Não esqueçam de votar e mandar um beijo pra Bia.

Até segunda que vem!!

Always || drarryOnde histórias criam vida. Descubra agora