{2}Botando ordem no caos

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— Já sonhou com alguma coisa e tava na sua mente assim que acordou, mas pouco depois você simplesmente se esqueceu? — pergunto, encarando Raquel de olhos arregalados.

Ainda seguro ela pelos ombros depois de acordar com as suas sacudidas.

Por algum motivo desconhecido meu alarme resolveu que iria se desconfigurar e não tocou. Já que Raquel acorda cedo e sabe que eu tenho de estar no aeroporto até as oito, decidiu me despertar no modo manual mesmo.

Observo minha amiga esperando uma resposta, ao mesmo tempo em que forço minha mente a lembrar do sonho que tava tendo pouco tempo atrás.

Ainda me lembrava dele quando abri os olhos e vi o rosto de Raquel tremeluzindo diante de mim, mas assim que ela parou de me sacudir foi como se tivesse terminado de tirar o sonho da minha cabeça.

— Não sei... Não lembro — ela responde rindo e me larga. — Você tem que sair dessa cama nesse instante, ou vai se atrasar!

Ao ouvir isso, outra vez arregalo os olhos e inicio uma luta apressada para me desemaranhar do cobertor. Tão logo me liberto, salto da cama e pego meu celular pra ver as horas.

Imediatamente, solto o fôlego ao descobrir que ela me acordou basicamente no mesmo horário programado.

— Graças a Deus! — exclamo alegre. — Por um minuto...

— Você esqueceu que mora em São Paulo — ela completa e cruza os braços, me encarando abismada. — Era isso que ia dizer né? Só pode... Sabia que existe uma coisa chamada engarrafamento?

— Se Deus quiser, vai dar tudo certo — afirmo esperançosa, caminhando velozmente rumo ao banheiro. — Chama um carro pra mim?

— Você quer um carro foguete, ou turbo?

— Os dois! — grito, fechando a porta.


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— Assim que chegar lá, me liga! — Raquel pede, me espremendo num abraço de estalar ossos.

— Tá, mãe! — brinco sem fôlego.

Ela ri me sacudindo, depois me solta e discretamente seca uma lágrima. Pressiono meus lábios e desvio os olhos pro prédio onde moramos, tentando evitar uma cena.

Observo na direção do nosso apartamento e descubro, pela vontade de chorar que me sobe a garganta, que essa foi uma péssima direção pra escolher.

Raquel é minha colega de apartamento há quatro meses.

Eu costumava morar sozinha na época da faculdade, mas me mudei pra ficar mais perto do estúdio fotográfico que me contratou. Assim que resolvi fazer a mudança, descobri o anúncio de uma jovem que queria dividir os gastos de um ótimo lugar.

Um dia em ParisWhere stories live. Discover now