{17}Desvendando mistérios que eu nem sabia que existiam

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Observo pasma o homem de azul e me escondo atrás da vassoura.

Vejo que ele conversa com o recepcionista e decido retomar o controle de minhas pernas antes que ele comece a olhar o restaurante e me encontre parada aqui. Dou dois passos atrás largando a vassoura, me viro, atravesso a porta da cozinha e corro me enfiando embaixo de uma bancada com um espaçinho livre.

Me retraio abraçando os joelhos e encosto a testa no topo deles. Instantes depois ouço passos se aproximando e levanto a cabeça pra tentar ver de quem são os pés.

— Jordanna Danna! O que está fazendo? — Thierry pergunta agachando a minha frente.

Ele me olha sorrindo, mas fica sério quando vê minha cara.

— Ele tá aqui. — sussurro com uma careta.

Ele me encontrou. Como me encontrou? Porque quer me tirar o sossego.

— Ele quem? — Thierry pergunta confuso.

— O homem de azul!

— Quem é o homem de azul?

— É um homem que veste uma roupa azul — explico espiando em volta.

— Isso eu já imaginei, — Thierry diz revirando os olhos — mas porque ele te assusta?

— Ele tem me seguido. — conto segurando o braço dele.

Os olhos de Thierry vão do meu rosto aflito, pra minha mão trêmula e lentamente voltam pro meu rosto, com uma expressão de espanto.

— Por quê?

— Não sei. Não parei pra perguntar. — digo baixinho.

Talvez, se ele não tivesse me encarado de forma tão intimidante no aeroporto, eu até teria perguntado. Agora como vou fazer isso? Ele desatou a me seguir. Não o conheço. Não imagino o que possa querer e na verdade prefiro não imaginar.

Porque está sendo tão insistente? Ele simplesmente encasquetou comigo e agora... Me segue por toda a Paris. Isso é tão estranho.

Deus me ajude!

— Então? — Thierry pergunta erguendo uma sobrancelha.

Ele não tem a dimensão da coisa, talvez ache que é só coincidência, mas... É muita coincidência pra ser coincidência.

Decido explicar, pra assim Thierry poder sentir meu drama.

— Ele me seguiu pelo aeroporto, durante essa madrugada. Quase derrubou a base de chutes a porta do quarto do hotel, onde acabamos hospedados juntos. Foi por me preocupar em fugir dele que acabei dizendo ao taxista pra vir até a Charles de Gaulle...

Paro e lembro um outro detalhe.

— Eu vi ele caminhando perto do Arco do Triunfo. — sussurro pondo as mãos na boca — Talvez ele tenha me visto e me seguiu. Pode ser que tenha ficado lá fora esperando, mas como eu demorei a sair...

— Tá! Eu vou lá ver. — Thierry anuncia me interrompendo.

Me jogo pra frente e puxo o braço dele tentando impedir, quando faz menção de levantar.

— Não!

— Só quero ver quem é pra ter alguma ideia do que fazer. — Ele diz se desvencilhando do aperto dos meus dedos.

O observo pesando as palavras.

O homem não faria nada com Thierry, sou eu que ele persegue.

Suspiro acenando em concordância quase imperceptivelmente, ou talvez imperceptível mesmo. Já que Thierry gesticula um "tudo bem?" com os lábios.

Um dia em ParisWo Geschichten leben. Entdecke jetzt