Creeps

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Finalmente as aulas do primeiro período haviam acabado, o que significa que estou no intervalo de meia hora. Minha única preocupação agora é recuperar meu skate. Aquele funcionário estraga prazeres tomou ele de mim.

— Olá, S/n. Como está sendo seu primeiro dia?— O mesmo questionou aparecendo do nada no corredor. Queria dizer: "Uma droga, principalmente porque você pegou meu skate" Mas óbvio que eu não disse isso.

— Bom.— Respondi seca e o homem soltou um sorriso gentil.— Você poderia devolver meu skate? É só para usar no pátio. Eu prometo não andar pelos corredores.— Pedi já despejando todas as desculpas de uma vez. Ele me encarou franzindo o cenho pensativo.

— Ok...— Aceitou após refletir.

— Onde ele está?— Indaguei interessada.

— Vou pegar, um instante.— Disse entrando numa sala que aparentava ser a coordenação. Fiquei em pé no meio do corredor aguardando. Fui me escorar na parede de armários, entretanto senti meu corpo colidir com o de alguém.

— Opa, desculpa aí.— A pessoa falou enquanto eu me virava. Terminei de fazer o movimento e vi um garoto de cabelo em topete volumoso, chuto ser do último ano.

— Tenta prestar atenção da próxima vez.— Falei impaciente ao me escorar na parede.

— Eu estava fechando meu armário, você que andou de costas.— Explicou como se estivesse claro. Pior que ele tinha razão, mas eu não assumiria isso. Ignorei seu comentário e cruzei os braços.

— Qual o seu nome? Nunca te vi por aqui.— Perguntou se escorando no armário à minha direita.

— Deve ser porque eu sou novata e do primeiro ano.— Contei de forma sarcástica sem responder a pergunta de fato.

— Primeiro ano?— Questionou confuso.

— Sim?— Confirmei óbvia.

— Ah, é que você parece ser mais velha.— Opinou me avaliando com o olhar. De repente o funcionário retorna da sala e para em frente a nós dois.

— Steve Harrington! Não deveria estar na quadra?— O homem pergunta segurando meu skate.

— S-sim, eu estou indo.— Gaguejou parando de me encarar e se lembrando do provável compromisso.

— Posso?— Perguntei fitando o objeto em suas mãos. Mal deu tempo dele erguer e eu já tinha pegado. Não encontrei motivos para permanecer ali, então caminhei em direção a saída.

— Tchau pra você também, novata.— Escutei a voz de Steve soar pelo corredor, utilizando uma intonação irônica.

Cheguei no pátio e pus meu skate no chão, logo subindo rapidamente. Impulsionei velocidade e coloquei os dois pés. Devo ter passado uns dez minutos assim, apenas mudando os caminhos e desviando as pessoas. Contudo, algo estava me incomodando.

Aqueles garotos da minha sala estavam claramente me espionando. No começo achei ser impressão minha, mas agora não tenho dúvida. Eles vão para todo canto que eu vou, fora que sempre estão me encarando e desviam o olhar de maneira nada discreta.

— Pode me emprestar essa caneta e um papel? Vai ser rápido.— Indaguei uma garota aleatória que estava sentada escrevendo alguma coisa em seu caderno. A menina estranhou meu pedido, porém destacou uma folha e deu a caneta.

— Obrigada.— Agradeci usando a parede como encosto para escrever.
"Parem de me espiar, esquisitos."
É, acho que agora eles vão entender.
Devolvi a caneta e fui rumo ao lixo mais próximo.
Joguei o papel e subi a pequena escada que dava dentro da escola. Me escondi atrás da parede e assisti a cena dos garotos indo até o lixo procurar o que eu havia jogado lá. Credo.

— Tá se escondendo?— Tomei um susto ao escutar alguém falar. Coloquei minha mão sobre o peito, desejando regular a respiração. Olhei para quem havia falado. Era porra do meu irmão postiço.

Não nos conhecemos aqui, esqueceu?— Falei irritada com sua intromissão.

— O que anda aprontando?— Questionou ríspido. Revirei os olhos impaciente.

— Não te interessa.— Afirmei dando um passo para frente, no entanto ele impediu agarrando meu braço.

— Aposto que é do interesse da puta da mãe.— Falou rindo sarcasticamente.

— Quem é você pra falar assim da minha mãe, seu merdinha? Puta são aquelas que você leva pra casa quando nossos pais estão fora.— Retruquei indignada, logo me soltando do mesmo.

— Nossos pais o cacete.— Disse apertando meu pulso com força. Louis odeia quando eu falo algo que dê a entender que somos irmãos. Na verdade ele só odeia quando eu falo algo.

— Não somos irmãos, nem nunca vamos ser.— Enfatizou olhando no fundo dos meus olhos e apertando meu pulso cada vez mais forte.

— Para, alguém pode ver.— Pedi puxando meu pulso de volta. Louis soltou agressivamente.

— Estou de olho em você.— Ameaçou se virando para sair.

— Tira uma foto que dura mais.— Ironizei massageando o pulso enquanto ele saia.

𝐒𝐭𝐫𝐚𝐧𝐠𝐞𝐫 𝐛𝐫𝐨𝐭𝐡𝐞𝐫- 𝘓𝘰𝘶𝘪𝘴 𝘗𝘢𝘳𝘵𝘳𝘪𝘥𝘨𝘦Where stories live. Discover now