Tinder

Teacher

Uma das melhores partes de trabalhar como farmacêutica, era que eu não precisava acordar cedo demais, mas também não era muito tarde. Dava pra trabalhar sem sono, se é que deu pra entender. Na maior parte do tempo, eu media a pressão das pessoas, assinava receitas de antibióticos e demais remédios controlados, e aplicava injeções. Sim, muito corrido e ocupado, não? Pois é. Por conta de ser muito corrido e ocupado, eu tinha o dia todo pra ficar no meu app de caça monstros, e o ruivo também tinha dado match comigo! Fiquei felizinha, até. Tinha duas conversas ali, de dois likes que eu havia distribuído. Estava tudo indo bem legalzinho, falei bastante com o Kakashi também, ele me levaria pra beber, coisa que eu faço moderadamente. Vocês já treparam sob efeito de álcool? Não é muito legal, sabe. O corpo fica anestesiado, você não goza direito e o cidadão demora dias pra gozar, isso quando não dorme. Tive um ex que dormiu enquanto fazíamos sexo, e ele por si já era bem preguiçoso. Por que mesmo fico citando esses filhos da puta?

Cá entre nós, eu tenho dificuldade pra gozar, fiquei muito tempo da vida dependendo só do parceirinho. O rapaz precisa ser muito bom e muito paciente pra conseguir extrair pelo menos um orgasmo de mim. Dá pra imaginar o que gera essa minha enorme frustração sexual, não? Ainda bem que aprendi a me virar sozinha quando preciso.

Não tinha muitas expectativas pro tal Kakashi, mas sabia que eu não podia ser uma lesada. Se me desse vontade, eu daria pra ele sem dó. Até porque Ino já tinha me avisado que eu era obrigada a passar a dar em primeiros encontros se quisesse ser feliz. Ela estava certa, porque sexo e felicidade são meio que sinônimos bem claros. Eu precisava mesmo trepar com alguém.

Saí do trabalho e fui direto pra depilação porque sofrer é ótimo, e eu precisava garantir que aquela coisa estaria lisa. Eu gostava de estar lisa, mas tinha preguiça demais se não fosse usar, sabe? Estava há quase dois meses sem transar, e seguia firme na minha vida de futura tia dos gatos. Sem me incomodar, até então.

Tsunade era minha depiladora e cabeleireira, ela até que mandava bem, se fôssemos considerar que eu não dava muito trabalho. Cabelo médio, apenas tinha que ficar tingindo de rosa porque eu sou bem deficiente mental e odeio a cor natural do meu cabelo, mas ainda estava tudo ok. Depilação uma vez no mês e olhe lá, eu tinha a sorte dos pelos não crescerem muito. 

– Hm, então tem um encontro hoje? – disse enquanto passava cera de forma não delicada me fazendo querer ir embora antes mesmo da primeira puxada.

– Por que diz isso?

– Você nunca mais veio depilar, oras! Agora tá aqui, cuidando frente e verso.

–  Não é pra tanto, nem sou tão relaxada, Mas assim, combinei de sair com um estranho hoje.

– Oh, querida… Não é perigoso? – puxou e quase arrancou minha pele – Existem muitos malucos por aí.

– Er… Não. Vamos pra um local público, e talvez, BEM talvez, algo depois.

– Claro, claro. E como ele é?

Mostrei (exibi, ostentei, me gabei) a foto de Kakashi numa piscina, mostrando seu corpo totalmente gostoso pra idade, com um início de tanquinho e músculos bem delineados.

– Que gostoso! Onde arrumou?

– No tinder.

– Ah, isso. Eu usava… Mas os caras da minha idade são toscos demais! Você deu sorte, espero que abra essas pernas! – deu um tapa na minha coxa – Já acabei, querida!

Até aquela mulher de quase 50 anos usava tinder e eu estava ali, receosa. Como você é idiota, Sakura. Pensem aí numa pessoa bem desconfiada e vocês vão me encontrar. Não vão achando que em nenhum momento não passou pela minha cabeça que esse Kakashi não fosse algum tipo de maníaco e que eu não o stalkeei antes de aceitar sair com ele. Não vem ao caso, né? Eu tinha que ir pra casa tomar banho, porque ele viria me buscar em duas míseras horinhas.