𝐉𝐎𝐏 - 𝐊𝐓𝐇+𝐉𝐍𝐊

𝐂𝐀𝐏Í𝐓𝐔𝐋𝐎 𝟏

T.

Sentado na grande escrivaninha em meu escritório novo, eu assino a última pilha de papéis do dia. Ainda é estranho escrever meu nome na linha acima de Reitor da North Woods University, mas aos poucos estou me acostumando com isso. Não é como se eu nunca tivesse pensado que faria isso aqui. Só não achei que isso fosse acontecer tão rápido.

Graças à aposentadoria precoce do velho reitor, minha carreira acelerou exponencialmente. Não que eu esteja reclamando. Este é um ótimo trabalho, meu trabalho dos sonhos, para ser honesto.

Meu estômago ronca assim que assino a última linha pontilhada, me lembrando que o almoço foi há muito tempo e que fiquei até tarde mais um dia para fazer a merda. Empurrando os papéis em um envelope, eu me movo para me levantar, pegando minha jaqueta da cadeira atrás de mim quando uma batida suave na porta enche a sala.

— Entre. — eu digo enquanto coloco meu casaco. Provavelmente é apenas um aluno precisando de ajuda com algo. A porta se abre e eu olho para cima para ver uma mulher pairando na porta.

Meu coração para de bater no meu peito. Todo o ar deixa meus pulmões e cada pensamento foge da minha mente. Tudo o que posso fazer é olhar para a pequena mulher parada em meu escritório.

Cabelo preto comprido, rosto em formato de coração com um pequeno nariz de botão no meio, dois pequenos olhos castanhos da cor da galáxia e lábios carnudos rosados que imploravam para serem beijados. Sua pele tem o mesmo tom pálido de marfim de que me lembro, tudo nela é exatamente como me lembro... minha Jenna.

— Eu não tinha certeza se você se lembraria de mim, mas a expressão em seu rosto me diz que sim. — Sua voz enche a sala, e como uma agulha estourando um balão, eu desinflo. É a voz que faz isso porque não é a voz de Jenna, não é sua suave voz cantante que eu ouço e como poderia ser... Jenna está morta.

— Me desculpe, eu... — eu paro, ainda olhando para a mulher como um idiota. Eu sei que não é Jenna, no fundo eu sei, mas a mulher diante de mim se parece muito com ela, e então isso me atinge como uma pilha de tijolos caindo de um prédio alto.

Ela apenas disse que não tinha certeza se eu me lembraria dela. O que significa que eu a conheço, e se a conheço, e ela se parece com Jenna...

— Jennie? — O nome dela sai lentamente dos meus lábios.

Um sorriso se espalha por seu belo rosto, e novamente fico sem palavras. As semelhanças são demais. Meu coração dói só de olhar para ela, e é um lembrete gritante de tudo que perdi. De tudo que nunca poderei recuperar. Ainda assim, não consigo parar de olhar para ela. Meus olhos estão colados em seu rosto, absorvendo cada centímetro dela de tirar o fôlego.

— Eu só queria vir dizer oi. — ela explica a tristeza que transparece em seus olhos. — Sou uma nova aluna aqui. Acabei de me mudar para o dormitório. — Ela dá um passo à frente, mais perto de mim, e não consigo lidar com isso. Olhando para longe de seu rosto, eu bebo em seu corpo.

A última vez que a vi, ela era apenas uma criança. A irmã mais nova de Jenna, com rabo de cavalo no cabelo e bonecas Barbie nas mãos pequenas. Ela estava de luto pela perda de sua irmã mais velha, de seus pais, enquanto eu estava de luto pela perda de meu mundo.

Ela não é mais uma criança. Ela é toda mulher agora, seus quadris balançando de um lado para o outro enquanto ela se aproxima. Eu engulo em seco quando ela se aproxima o suficiente para eu sentir seu cheiro. Cocos e jasmim, exótico e proibido. Eu me forço a olhar para cima e nos olhos dela. Ela pode estar crescida agora, mas aos meus olhos, ela sempre será a irmã mais nova de Jenna.

— Você é estudante aqui? — Eu pergunto, tentando manter minha voz calma.

— Sim, começando as aulas na próxima semana. — ela sorri para mim.