𝐉𝐎𝐏 - 𝐊𝐓𝐇+𝐉𝐍𝐊

20.

J.

Com a mão firme, coloco o traço final cuidadosamente na tela, antes de recuar e pegar a peça finalizada. É perfeito... e não estou falando apenas da pintura, estou falando de tudo nesta sala. Meu próprio espaço de trabalho pessoal, um lugar que é meu e só meu.

O grande espaço aberto é inundado pela luz que vem das enormes janelas inclinadas no telhado. As paredes estão alinhadas com prateleiras que contêm todos os meus suprimentos, uma vasta seleção de tintas, telas de diferentes tamanhos e todas as formas de pincel que você possa imaginar. Meu lugar feliz.

Mudamos para a nova casa apenas um mês depois que Tae mostrou para mim. Ele vendeu sua casa rápido o suficiente para que pudéssemos comprar a nova.

Às vezes, não posso acreditar como sou sortuda, ainda parece um sonho.

Abandonei a escola e tudo mais se encaixou. Sem mais se esconder, sem mais se esgueirar. Nos tornamos um casal normal, como sempre quis.

Até mesmo meus avós finalmente mudaram um pouco. Eles ainda não estão convencidos de toda essa coisa de abandono da escola, mas eles parecem mais interessados na minha arte e até impressionados por eu ter conseguido um emprego remunerado fazendo isso. Um trabalho bem remunerado, devo acrescentar.

Pegando todos os meus pincéis sujos, vou até a mesinha lateral para começar a limpar eles, quando uma onda de náusea me domina. Meus dedos cavam na beirada da mesa e fecho os olhos por um momento, esperando que passe como sempre. Taehyung insistiu que eu comprasse a tinta mais cara e, embora a qualidade seja muito melhor, parece ser mais potente no departamento de odores.

O cheiro de tinta nunca me incomodou antes, mas graças à nova pintura, agora tenho que arejar o ambiente com mais frequência, para não ser incomodada por ela. Sacudindo a náusea, termino de limpar os pincéis antes de esfregar minhas mãos. Quando meus dedos estão livres dos vários tons de azul e roxo, eu os seco e desço as escadas para a cozinha.

Tae está no trabalho e, como sempre, passo a maior parte do dia pintando. Quando acabo o dia estou faminta e hoje não é diferente. Então, vou direto para a geladeira. Abro as portas de aço inoxidável.de duas portas e coloco minha cabeça para dentro.

Uma lufada do cheiro da lasanha da noite passada faz cócegas em meu nariz e, em vez de apreciar o cheiro saboroso como eu esperava, fico surpresa ao descobrir que meu estômago se agita, o gosto azedo de bile na minha língua. Colocando a mão sobre a boca, tento manter o vômito na barriga enquanto corro para o banheiro.

Só quando estou ajoelhada em frente ao banheiro, levanto a mão e esvazio todo o conteúdo do meu estômago na tigela de cerâmica branca. O vômito se transforma em arfante seco, meu corpo inteiro em convulsão enquanto tenta limpar o que diabos o está incomodando.

Que diabos? Eu estava bem há um minuto.

Quando termino de vomitar e minha respiração se acalma, eu me levanto e me limpo antes de limpar tudo com alguns lenços Clorox. Fecho a caixa de plástico e coloco os lenços de volta debaixo da pia, mas antes de fechar o armário, meus olhos avistam a caixa ao lado do material de limpeza... meus absorventes.

Em segundos, tudo se encaixa no lugar.

A sensibilidade ao cheiro, o vômito repentino... me ocorre então que eu não tive meu período desde antes de nos mudarmos para a nova casa.

Ai, meu Deus, acho que estou grávida.

Por muito tempo, eu só fico no banheiro olhando para o pacote fechado de absorventes, me perguntando como eu não pensei nisso antes. Já tivemos muito sexo desprotegido, e sexo é igual a bebês. Todo mundo sabe disso, então por que isso é um choque para mim? É como se meu cérebro tivesse suprimido essa parte completamente.