Prólogo

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O desespero junto ao pânico torna um corpo humano totalmente numa bomba.
A adrenalina percorre as veias e todos os sentidos se afloram.

Sabendo do perigo iminente, o despertar é lento, o coração acelerado prestes a explodir como a porra de uma granada sem o pino.

Ele não podia ficar assim, ele precisava continuar respirando para impedir a catástrofe de acontecer, a destruição e a extinção de tudo que habita ao redor e um pouco além.

Ele estava sozinho.

Eles estavam sozinhos.

O mundo fora abandonado...
As pessoas foram deixadas lá para morrer.

Era o fim da aventura humana na Terra.

Diante de suas orbes escuras, a morte vinha rápido, sedenta e fervorosa.

Não há saída.
Ele estava encurralado.

Não há nada mais a se fazer.
Era o fim?

As luzes piscavam instantaneamente pelo mal funcionamento, o mau cheiro instalado no local grudava em suas narinas como um grude, uma completa praga.

O tom pálido da iluminação não permitia o afastar da escuridão, os sons de grunhidos se aproximavam cada vez mais e as criaturas com derme podre corriam em sua direção com uma sede de carne humana.

Eles eram brutos e medonhos.
Passando um por cima do outro e se movendo como uma correnteza de água.

Aquilo era horripilante.
Um cenário grotesco.
O cemitério dos cadáveres.

A cada batida desenfreada do órgão contra a caixa torácica deixava-o ainda mais em estado de alerta, qualquer coisa que pudesse acontecer ali, o resto de esperança que lhe restava para uma vida normal seriam nulas.

Era engraçado que em momentos de desespero ele se lembrasse de tudo o que já vivera.

Suas lembranças reproduziam em sua mente em câmera lenta, como um flashback que insistia em assombrá-lo.

Ele lembrava de como era tão frio, rígido e direto, mas de repente se tornou uma pessoa melhor, mais calma, paciente e cuidadoso.

Era o mínimo de conforto que conseguia achar em suas lembranças tão pacatas e quase apagadas pelo tempo.

Afinal, era o fim da odisseia terrestre.
O mundo era deles agora.
Haviam cada vez menos humanos e mais mortos.

A humanidade estava extinta.
A humanidade nunca derrotou um vírus.

Seria possível tudo voltar a ser como era antes?

Um mundo normal, livre de pragas, vírus, maldade e mortes.

Mas era isso.

O mundo estava morrendo.

As chances de sobrevivência se reduziram a nada.

Não há chance.
Toda sua esperança estava por um fio.

O corpo não obedecia.
A mente gritava comandos que foram ignorados.

Fechando os olhos lentamente...

Ele esperou por sua morte.

— Jeon Jungkook!!!   

Um pulo.
Coração batendo forte e acelerado.
Mãos suando frio.
Respiração descompassada.
Ele suspirou, estava tenso e desesperado.

Seus músculos pareciam ser feitos de aço, cada vez mais tenso...

O maxilar trincado e a audição aguçada. Ele ouvia todos os barulhos de uma vez só.

Passos correndo em sua direção, se aproximando como um tsunami prestes a derrubar toda a cidade e destruir tudo que há ao redor.

O barulho do ar condicionado que milagrosamente estava a funcionar.
Gritaria, tiros, passos de salto agudo, o carro derrapando contra o asfalto e causando um barulho alto e chamativo, o cheiro de cigarro.

Abrindo os olhos rapidamente...
Aquela voz.

— Jimin!

                         A Explosão.

           Bem-vindos ao mundo real.
      A corrida para a sobrevivência.

                             ☢︎☢︎︎☢︎︎
Trailer: 

Where The Dead Reign | JIKOOKDonde viven las historias. Descúbrelo ahora