Wherever You Will Go

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If I could, then I would

I'll go wherever you will go

Way up high or down low

I'll go wherever you will go


A cidade dormia.

Poucos carros passavam ocasionalmente na rua, vinte e três andares abaixo, o som das rodas contra o asfalto quebrando o silêncio por segundos até sumir e tudo voltar à calmaria.

A madrugada era uma mistura tenebrosa de paz e solidão.

Naquele momento, um relógio soou ao longe, pontual, como vinha fazendo todos aqueles dias. Uma ou duas horas da manhã, talvez, mas Katsuki nunca sabia dizer ao certo.

Na verdade, ele não dava a mínima.

Ele não vinha se importando com muita coisa nos últimos três dias. Nem mesmo quando um pro hero passou às pressas pelo telhado a frente do seu prédio na primeira madrugada. Ou quando chamas irromperam há umas cinco ruas de distância na segunda madrugada. Os dias iam e vinham como se ele vivesse no piloto automático. Acordava tarde, passava o dia na agência ou em campo, voltava à noite para cair na cama, abraçando um Deku desolado até que um deles desmaiasse de cansaço. Deku sempre era o primeiro mesmo que acordasse várias vezes devido aos pesadelos.

Katsuki nunca conseguia fechar os olhos. O simples ato fazia sua cabeça criar cenas e mais cenas, uma pior que as outras, todas completamente terríveis. Então, quando Deku caía em seu sono conturbado e afrouxava o aperto sobre o tórax de Katsuki, o loiro saía da cama lentamente, sentava-se no beiral da janela com os pés pendendo no vazio abaixo, e encarava o horizonte escuro deixando que as lágrimas que escondia durante todo o dia corressem livres, o coração se quebrando mais com todas as lembranças.

Onde você está?

O pensamento doloroso, mas constante surgiu como em todas as outras noites. A terceira madrugada, porra! Ele rosnou, os olhos voltados para o céu enquanto apertava o objeto que trazia na mão até que sentisse a dor irradiar pela palma. Aquilo vinha o ajudando a se manter desperto. Ele respirou fundo e abriu a mão, os olhos apertados ao encarar a pequena pulseira dourada pontilhada por pedras brilhantes, verdes e vermelhas. Ele fechou a mão novamente, dessa vez sem apertar, e levou-a ao peito, a cabeça recostada no vidro da janela às suas costas, as lágrimas descendo silenciosamente.

Fazia três dias que Kana fora sequestrada, três dias que eles procuravam incansavelmente qualquer pista, três dias que não encontravam nada.

Três madrugadas que ele repetia o mesmo processo como um robô. Como se apertar a droga da pulseira que ele não conseguira dá-la de presente de aniversário fizesse com que ela estivesse mais perto de alguma forma. É só uma pulseira idiota. Ela continua tão longe quanto no primeiro dia, seu merda! Mas aquilo não o impedira de continuar com esse hábito.

Eu vou te encontrar, garota.

Aquele pensamento sempre surgia como uma luz no fim do túnel quando ele sentia que estava perdendo as esperanças. Quando o dia acabava com as buscas totalmente infrutíferas. Quando o olhar que os outros agentes o lançavam era de pena e desilusão.

Ele ficava puto com isso e o pensamento ganhava mais força.

No primeiro dia do sequestro a mobilização foi geral. Todos os agentes que trabalhavam para Todoroki se dividiram em grupos pela cidade enquanto Yuuta Miyazaki vasculhava cada buraco daquela cidade em velocidade recorde, mais empenhado que qualquer outro.

- Kana é família. Não vou descansar até achar minha imouto! – Ele avisou entre fungados, os olhos vermelhos e marejados, usando o termo carinhoso que sempre fazia Kana sorrir em deleite: irmãzinha.

Just Like UsWhere stories live. Discover now