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Kairòs (s.m.);
O momento oportuno, perfeito e crucial.


Point Of View Natalie


- O que a gente faria se pudesse realizar um desejo? - Priscilla me perguntou assim que abri a porta da minha casa.

Eu já conhecia aquela pergunta. Ela foi feita pela primeira vez quando a gente tinha por volta de 15 anos e estávamos na fase de fazer juras de amizade pra vida toda. Quase 10 anos depois desse dia, eu e Priscilla já tínhamos realizado muita coisa juntas, mas não aquele desejo.

- Uma viagem para Grécia com tudo pago. - Respondi automaticamente, achando graça em como volta e meia ela revivia aquele assunto.

De volta aos nossos 15 anos, eu respondi aquilo porque estava na época de querer fugir do clichê. Todo mundo queria ir para a Disney, Nova York, Londres, Paris, Fernando de Noronha. Disse que queria ir para Grécia e ela riu da minha cara, mas prometeu que quando eu fosse, iria comigo. Desde então ela foi a única pessoa que se prontificou a ir comigo e isso virou um plano nosso.

Quando fechei a porta depois de ela entrar, a minha melhor amiga me entregou um folheto, como se fosse um bilhete de loteria premiado ou um cheque doado por um milionário. Ignorei a cara dela e li o que estava escrito.

"QUER GANHAR UM CRUZEIRO PARA SANTORINI COM TUDO PAGO?"

- Ok, qual é a pegadinha? - Perguntei, arqueando a sobrancelha.

- Nenhuma! Tinha um casal entregando isso no caminho vindo para cá - esperei. Estava fácil demais. - Basta a gente conseguir convencê-los de que a nossa história de amor vale para ganhar esse prêmio. - Ela tirou o papel da minha mão e o sacudiu na minha cara.

- Sabia que aí tinha coisa! Pois eu duvido que eles estejam interessados na história da nossa amizade.

- É claro que não, a viagem é para o dia dos namorados. - Soltei uma gargalhada alta com a resposta. - Mas qual casal também não é melhor amigo um do outro?

- Exceto que nós não somos um casal. - Repeti aquela frase pela milésima vez na minha vida.

- Achei que você quisesse ir para a Grécia comigo. - Priscilla se jogou no sofá, dando de ombros, e eu me joguei ao lado dela. - Eu ainda joguei um verde para eles que não adiantava fazer uma promoção dessas se só vão escolher casal hétero padrão. Eles me garantiram que não.

- Priscilla! - Eu ri, mas achei lindo ela ter se preocupado em falar isso.

Desde que eu tinha me assumido para a minha família e meus amigos mais próximos, a parte mais exaustiva era repetir incansavelmente que não, Lauren não era e nem nunca tinha sido minha namorada. Não é por eu me sentir atraída e desejar mulheres que vou ter interesse em toda mulher ao meu alcance, mas eu e Priscilla éramos sempre tão grudadas que era mais do que normal aquele questionamento por parte de outras pessoas.                                         
                   
Uma parte de mim me sentia até lisonjeada por as pessoas acharem aquilo. Priscilla é maravilhosa, a pessoa mais importante para mim depois só da minha família e com certeza alguém que eu queria ter por perto pelo resto da minha vida. Mas é uma relação valiosa demais para colocar tudo a perder nos envolvendo romanticamente.

- Nathy, todo mundo já acha que a gente namora mesmo. - Ela ainda tentava me convencer. - É só pela viagem. Achei que não seria um sacrifício tão grande assim fingir que namora comigo.

- Idiota. - Revirei os olhos, tendo a certeza de que ela sabia todas as intenções daquele olhar. - Você sabe que não é isso, Pris. A gente já tem que todo dia repetir que a gente não namora, imagina depois dessa?

☆Nᴀᴛɪᴇsᴇ☆ ✓ 𝑅𝑒𝑔𝑎𝑙𝑜 𝐷𝑒 𝐿𝑜𝑠 𝐺𝑟𝑖𝑒𝑔𝑜𝑠 Onde histórias criam vida. Descubra agora