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MK.

Dias depois...

Fabiana seguia de olhos fechados no hospital, seu quadro estava estável, mas mesmo assim todo cuidado com ela era pouco e foi assim que eu consegui tirar ela do Rio.

Pedi que fizessem a transferência dela pra outro hospital da mesma rede na Bahia.

As meninas foram também, mesmo contra a vontade delas mas eu não ia arriscar a vida de mais ninguém. Até a minha sogra foi no pacote pra ajudar na recuperação da Fabiana.

Assinei o reconhecimento de paternidade pro meu filho finalmente ser registrado. Tudo isso por conta que a preta segue internada e porque nós dois não éramos casados no papel.

Ainda. Porque a meta é levar a pretinha pro altar e dar meu sobrenome pra ela de uma vez por todas.

Dona Zélia tinha se recuperado depois de quase fechar os olhos de vez e também foi pra Bahia.

Luma tomou um chá de sumiço e ninguém encontra ela em lugar nenhum, mas não parei a caçada. E eu ia rever bem a minha parceria com o Caveirinha quando eu saísse daqui.

Luma vai ter o que merece mais cedo ou mais tarde e a Clara estava protegida e escondida na Vila Aliança, mas no primeiro vacilo que ela der, já estamos de olho nela pra jogar na mala do astra.

A única que ainda estava imóvel era a minha mulher.

Chegaram com um papo torto de desligar os aparelhos que mantinham a oxigenação dela. Eu deixei? Não. A minha preta vai abrir os olhos, eu vou sair daqui e nós vamos ser felizes com a nossa família.

Deus me deu e só Ele me tiraria.

E eu tinha comigo que isso só ia acontecer com nós dois velhinhos. Não esperava uma vida longa pra mim, mas queria viver tudo que eu tinha direito e principalmente ao lado dela.

Se Ele permitisse a minha velhice do lado dela, era melhor ainda mas se não, eu desejo que esse dia aconteça longe dos olhos dela.

O dia que eu tanto estava esperando chegou. De hoje não passaria, quem não me conhecia a partir de hoje ia passar a me conhecer e ia me respeitar nem que fosse na marra.

Sextou!

E sextou daquele jeitinho diferente, diferente e eu estava com sangue nos olhos. Pronto pra armar um churrasquinho de bandido filho da puta, fui um dos últimos a sair pro banho de sol. Charles, Berg, Ja-rule, Tom Cruzes e eu já estávamos reunidos com uma galera grande e numerosa que tava sedenta pra fazer umas cobranças antigas.

O carcereiro fez sinal pra mim e eu puxei o meu bonde bolado.

Na entrada dos portões, ganhamos uns brinquedinhos de ferir gente e umas faquinhas amoladas e em questão de segundos nós estávamos infiltrados dentro da ala dos vermes igual vírus em corpo humano.

Não teve tempo pra conversa e muito menos desenrolo, a bala começou a comer dentro da ala do ADA.

Era nego caindo por cima de nego, miolo espalhado pelo chão, gente morrendo enforcada e os malandrão que pagava de brabo correndo pelo corredor implorando pela vida.

Eu estava me divertindo vendo essas cenas.

Berg: Que coisa linda, meu mano. – apontou pro maluco que o Ja-rule estava enforcando.

MK: Ali era treta antiga. – ri e segui andando.

Vieram uns carcereiros que não tava no arrego pagando de salvador da pátria e batendo de frente comigo. Rasguei tudo na bala sem cerimônia, quando eu cheguei na cela onde estava o irmão mais novo e o único vivo do Juninho eu fiquei cego.

MK: Tu não falou que ia me matar? Que ia dar minha cabeça pro teu irmão, filho da puta, eu tô aqui. – bati nos peitos com a pistola – Cai pra cima, porra.

Carlo: Coé, MK. Bora conversar! – abriu os braços.

MK: Meu papo contigo é assim. – sorri debochado mostrando todos os meus dentes.

Eu botei a arma na cintura, me juntei com os cinco que me acompanhavam e nós demos um show de porrada nele até sair sangue do filho da puta.

Deixamos quase desacordado. Charles rasgou os caras que estavam com ele na bala e amontoamos os corpos.

MK: Tu vai dar tchau pra esse mundo e vai sentar no colo do capeta, filho da puta e o teu irmão é o próximo alvo do trem. – empurrei ele pro chão em cima dos comparsas dele – Pega os colchão que hoje o churrasco tá liberado. – ordenei pro Ja-rule.

Rapidamente os colchões foram jogados dentro da cela, Charles jogou álcool que a gente tinha roubado da cozinha e por fim jogou o frasco e riscou o fósforo jogando em cima e a chama rapidamente tomou conta fazendo a sua parte.

A cela virou um forno de tão quente e eu ainda dei mais cinco tiros que obviamente pegaram no filho da puta do Carlo, irmão do Juninho.

Concluímos a missão e pra não desconfiarem do meu ato, permaneci lá dentro exterminando verme por diversão até o BOPE chegar na ala pra conter a gente.

Quando chegaram eu já tinha feito tudo o que tinha pra fazer, fui levado igual bicho pra uma sala da solitária e apanhei igual um condenado, mas dessa vez eu apanhei satisfeito.

Saiu sangue de várias partes do meu corpo, meu rosto estava detonado mas quem liga?

Depois eu fui interrogado, respondi o que eles queriam ouvir e ainda ameacei fazer de novo se eu me sentisse ameaçado. Por fim me levaram pra cela de novo e me jogaram do lado do Charles que também estava fodido de tanto que apanhou.

Eu olhei pra ele e sorri.

Charles: Falta pouco agora. – ele murmurou.

MK: Muito pouco. – passei a língua no lábio e ri.

[...]

Peguei no sono cheio de dor, mas quando o dia amanheceu eu recebi a melhor notícia que poderia ouvir: Transferência dos detentos Murilo Falconi e Charles Alcântara para o presídio federal de Mossoró, Rio Grande do Norte.

Eu imaginava a cara do governador e ria sozinho, na certa isso trouxe um escândalo enorme pra Secretaria de Segurança Pública do estado do Rio de Janeiro. Fiquei sabendo que eu ia ser transportado na segunda feira e que ia até Alagoas num camburão e de lá eu ia de vôo fretado até Rio Grande do Norte.

Agradeci mentalmente a Deus pela irresponsabilidade e incompetência desse pessoal engravatado.

Confesso que achei que fossem me colocar pertinho dos líderes, seria um encontro e tanto se eu não tivesse uma família pra cuidar.

Essa hora meus parceiros de fé já estavam sabendo e era só aguardar ansiosamente o dia de partir pra rua de novo. Eu só pensava nos meus filhos e na minha mulher.

DO JEITO QUE A VIDA QUER.Where stories live. Discover now