Depois da meia noite

1.4K 130 101
                                    

Aquela noite seria longa.

E uma tortura sem fim.

Gabriela permaneceu em pé o tempo da premiação inteira. Sentiu seus pés quererem começar a doer naqueles sapatos e maldisse Camila em pensamento. Um tênis ou suas botas seriam tudo que ela pediria no momento. E uma água. Deus do céu, estava invisível para os garçons? Todo mundo passava por ali e nenhum, simplesmente nenhum parecia vê-la quando ela estendia a mão para pegar uma taça. Levou tanta ignorada que acabou desistindo.

Sentiu o celular vibrar no bolso da calça, pegou para checar a mensagem de Camila reluzindo na tela.

"Eu acho que te vi na TV. Estou assistindo a premiação".

Gabriela franziu o cenho.

"Tem certeza que era eu? As câmeras estão nos convidados e eu estou bem longe deles, graças a Deus". — respondeu.

"Você não está acompanhando sua patroa, Gabriela?". — Rô quis saber.

"Estou, Rô, mas à distância. Os lugares são marcados e até bom porque assim eu não fico em cima dela". — foi tudo que disse.

"Ai, droga... são marcados os lugares?". — Camila.

E Gabriela quis perguntar porque aquele tom de decepção. Sim, porque mesmo sendo palavras estáticas na tela, ela pôde sentir a frustração da amiga. Revirando os olhos, respondeu.

"Preciso ir. Beijo". — e saiu da conversa.

Cerca de uma hora depois, os últimos premiados da noite foram chamados. Uma chatice, bem como Sheilla dissera. Mas ao menos valeu a pena pelas apresentações musicais. Ao menos pudera ver de graça a performance de alguns bons artistas, mesmo que por uma ou duas músicas apenas.

Quando os convidados começaram a se dispersar, ela manteve o olho em Sheilla. Eles seguiriam para o espaço da tal festa que ela havia mencionado, foi o que a segurança pensou. Ela deveria ir junto? Não viu necessidade de ficar pajeando a empresária quando Isabellemente ela não precisava disso. Poderia ficar só à distância vigiando o perímetro. Sheilla tinha companhia. E constatar isso deixou um gosto amargo na boca da Guimarães.

Olhou para um lado, para o outro... acabou perdendo Sheilla de vista. Oh, merda... Se esticou, esticou o pescoço para olhar por cima das cabeças, mas nada dela. Pegou o celular para mandar mensagem e dizer que ainda estava no mesmo lugar de antes, mas não teve nem tempo de digitar a primeira palavra.

— Ei. — quase deu um pulo quando sentiu a boca de Sheilla tão próxima dela, atrás de si. De onde diabos ela tinha saído? A empresária parecia se divertir. Gabriela, por outro lado, quase enfartou. — Bora pra festa? A melhor parte começa agora.

Poderia dizer não? Quer dizer, aquilo era uma ordem ou um convite que ela poderia recusar? A Gabriela, soou mais como um convite feito a uma amiguinha.

— Claro. — foi o que sua boca respondeu e de novo, Sheilla segurou em sua mão e saiu lhe puxando entre os convidados. Passaram por um saguão e Gabriela quase ficou cega com o jogo de luz bruxuleando pelo ambiente. A música alta sinalizava que aquele espaço ali permitiria tudo que não fora permitido até o momento.

Sheilla a conduziu até o bar, pedindo uma caipirinha. Thaísa e Fabi já tinham caído na pista de dança. A empresária recebeu o drinque do barista e sugou uma quantidade generosa pelo canudo, dando um confere no movimento. Gabriela até chegou a pensar que ela ficaria ali, mas não demorou nem um segundo pra ela se jogar na música também. E acabou esquecendo a carteira sobre o balcão. Gabriela a pegou e ficou segurando, acomodada num banquinho com aquele tum-tum-tum alto demais em seu ouvido e gente eufórica demais ao seu redor.

Safe and SoundTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang