Envolvimento

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Gabriela foi reduzindo à medida que se aproximaram de uma casa no final da rua. Bairro nobre, aquele típico cenário urbano formado por muros que mais parecem fortalezas e que você não sabe nada do que acontece do lado de dentro. Privacidade por um lado e a proteção ao que vem de fora por outro. O portão cinza de um casarão se abriu do lado direito, Gabriela entendeu que devia passar por ali.

E quando colocou o Posrche para dentro foi que compreendeu o motivo da muralha e de toda aquela segurança. A casa mais parecia um hotel, de tão esparramada que era. Havia uma piscina enorme ali pela frente, com uma cascata jorrando água, o que ela achou um despautério visto que não tinha nem ninguém usando. Qual a necessidade de se gastar água daquele jeito? A bomba que alimentava aquilo devia consumir horrores. A varanda rodeava toda a casa, com sofás e poltronas de aparência confortável espalhados por toda sua extensão. Tinha tanta gente morando ali para ocupar todos aqueles assentos? Ela duvidou. Se ali vivessem quatro pessoas, seria muito.

Desceu do carro acompanhando Sheilla de perto. Um olho nela e outro esquadrinhando o perímetro. Gostou do jardim: aquelas rosas brancas e amarelas eram muito bem cuidadas... mas duvidou que os moradores dali ao menos aproveitassem aquele espaço. Ela, se vivesse em um mini hotel daqueles, passaria mais tempo ao ar livre que enfurnada dentro da casa.

E por falar em casa, foi de lá que irrompeu aquele par de perninhas ligeiras e afoitas.

— Mamãe! — Sol correu porta a fora, quase se jogando em cima de Sheilla, que se agachou para recebê-la. — Que bom que você veio, eu não aguento mais a vovó.

— Ué, o que foi que aconteceu? — a empresária quis saber, deixando um beijo carinhoso no rostinho da filha.

— Ela só sabe brigar e reclamar de tudo que eu faço. Não pode sentar como eu quero, não pode comer como eu quero, não pode correr porque pode quebrar alguma coisa... é chato.

Sheilla suspirou e passou a mão pelos cabelos da filha.

— É... sua avó é bem chatinha em algumas coisas mesmo. — admitiu e se pôs de pé, segurando a mão dela. — Bora lá falar com ela? Vai pegar suas coisas.

— Tá bom. — e finalmente olhou para o lado. — Oi, Gabi! — e se jogou sobre ela, agarrando-lhe pela cintura e as pernas. De começo, a Guimarães tomou um susto, mas acabou relaxando ao carinho da menina.

— Oi, Sol. — se agachou para ficar da altura dela. — Tudo tranquilo?

— Umhum. — ela abriu um sorriso grande. — Vem, eu vou te mostrar a casa. Você nunca tinha vindo aqui né? É beeeem grande. — e do nada saiu puxando a segurança pela mão. Ela lançou um olhar desesperado para Sheilla, que limitou a erguer as mãos em defesa e sorrir.

— Ah... eu acho melhor eu ficar aqui com sua...

— Quem é você? — estacou quando uma mulher alta, de porte, fina, de uma elegância absurda, brotou na entrada casa. Quase tropeçou nela. — O que quer com a minha neta?

— Ela é a Gabi, vó. Minha segurança. Vem, Gabi. — e desviou da senhora, seguindo o caminho para dentro de casa.

— Como? — a mulher não entendeu nada até Sheilla aparecer por ali. — Sheilla?

— Eu avisei que viria pegá-la. — foi tudo que a Castro proferiu e cumprimentou a mulher com beijinhos no rosto. — Tudo bom, Stella?

— Na mais branca paz, obrigada. E com você? — ela devolveu o gesto.

— Tranquilo. Vim pegar minha cria.

Enquanto isso, Sol dava voltas pela sala, mostrando tudo para Gabriela. As esculturas (e ela disse que morria de medo delas. Gabriela não julgou, porque as achou um tanto assustadoras também), a salinha de jogos, os livros em uma estante ali perto... saiu guiando a segurança em seu desbravamento pela casa. E isso não fugiu a olhos alheios.

Safe and SoundWhere stories live. Discover now