Capítulo IV

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Pequenas faíscas saíam por entre as espadas a cada golpe, a força usada por um vampiro era demais se comparada a um humano. Por isso éramos superiores,  contudo, dentre nós, existiam aqueles que superavam-se devido aos anos de treinamento e dedicação.

Girei a pesada espada e andei de forma calma naquele chão arenoso, era por volta da meia noite, uma boa hora para treinar, que era um exercício obrigatório para os soldados, nunca baixamos a guarda. 

As tochas acesas ao redor  iluminavam a arena, mas a lua era a que iluminava melhor, por mim, apenas ela seria suficiente, pois no campo de batalha, ela quem costumava iluminar nossos corpos.

O guerreiro veio até mim mais uma vez e com um simples movimento impedi sua espada de avançar mais. Eu podia acabar com aquela luta quando quisesse, mas precisava levá-lo ao limite, no campo de batalha sempre estaríamos no limite.

— Será que posso me juntar? — Ouvi Itachi e sinalizei para o guerreiro uma pausa. — O que? Não precisavam parar.

— Dois contra um não é um tanto injusto, majestade? — Zombei e fui até meus pertences, dispostos sobre uma mesa.

Peguei um pano e enxuguei o suor do rosto e encarei meu servo que estava encostado na parede. Ele não se moveu, mas se fosse inteligente teria corrido e feito esse trabalho de secar meu corpo. Mas o que eu poderia esperar de um servo indisciplinado como ele? 

Passei o tecido macio pelo meu peito e não me surpreendi com seu olhar acompanhando-me. Ele era guloso com seus imensos olhos azuis, havia curiosidade, mas também muito desprezo. Naruto me desprezava tanto, que me divertia, era interessante provocá-lo.

Voltei para o centro da arena e apoiei a espada no chão. Itachi tirava as roupas grossas com a ajuda de seu servo. Eu já tive um servo assim: obediente e silencioso, mas silêncio era algo que Naruto não conseguiria manter, aquela boca atrevida não cansava de me desafiar.

Sim, era uma bela boca atrevida…

Itachi ficou só com as calças grossas e as botas, do mesmo jeito que eu estava. Arranhões e perfurações não eram problemas. Para treinar eu preferia estar desprovido de roupas, isso me deixava mais leve, embora eu soubesse que no campo de batalha era tudo diferente.

Itachi girou a espada testando seu peso e tamanho. Ele ainda tinha aquela leveza no olhar de quando éramos crianças, mas apenas seu olhar era leve. Itachi era astuto e cruel quando necessário, não era à toa que era o rei. 

A sucessão natural seria para o filho mais velho, mas para nosso pai isso nunca foi importante, ele nos levou até o limite para tomar essa decisão. No fim, Itachi foi o merecedor, provou ser capaz de governar bem mais que eu. Ele era um bom rei e me orgulhava por isso.

— Está cansado, irmão? Quer lutar em outro momento? — perguntou com sua voz polida.

— Não. Estou apenas aguardando essa sua dança ridícula com essa espada. Não sabe mais empunha-lá?

— Em um campo de batalha é importante observar, estou apenas estudando meu inimigo.

— O inimigo pode ser bem óbvio às vezes. — respondi, relaxado, mas foi um erro.

Itachi levantou a poeira arrastando a lâmina no chão e usou sua velocidade para chegar nas minhas costas. Eu bloqueei por muito pouco.

— Nunca subestime seu inimigo, irmão. Ele pode estar só fingindo ser óbvio, mas hoje você parece desatento.

Sorri. Eu não o subestimava, até porque treinei com Itachi desde criança e ele sempre foi traiçoeiro e imprevisível nas lutas, metade do que sabia, foi aprendido com ele.

O servo do príncipe - SasunaruWhere stories live. Discover now