16. temptation

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— Por favor, não vá.

Supliquei, segurando com força a lapela da jaqueta preta que S/n vestia. Ela suspirou e acariciou meu rosto com seus polegares.

— E por que eu ficaria?

— Por mim. — S/n paralisou ao me ouvir. — Fique por mim.

Desperto assustada. Meu coração bate acelerado no peito, estou ofegante e sinto o meu corpo pesado. Já tinha três noites que eu acordava dessa forma... o mesmo sonho, a mesma sensação estranha. Não sei identificar se era uma lembrança ou apenas um sonho estranho.

Mas todas as vezes acontece a mesma coisa: estou chorando, agarrada à jaqueta de S/n, e implorando que ela não vá embora, sei lá para onde, e ela sempre diz a mesma coisa e então peço que ela fique por mim.

Recupero o fôlego e, aos poucos, as batidas do meu coração normalizam. Suspiro e me sento na cama. Tudo está silencioso, silencioso demais. As grossas cortinas me impedem de saber ao certo se ainda é noite ou se já amanheceu, mas, ao olhar para o lado, vejo que já amanheceu. Há muito tempo, por sinal, já são 10:00am.

— Que ótimo jeito de se iniciar o dia.

Comento e solto uma risada irônica. Eu nunca gostei de pesadelos, sonhos estranhos. Sempre os odiei, na verdade. E esse em especial está começando a me apavorar.

Não que S/n esteja planejando me abandona, e eu sinceramente espero que não esteja. Mas as coisas andam tão estranhas. Estou preocupada, e com medo. Bastante medo.

E eu simplesmente não sei explicar o motivo.

Levanto-me da cama, me espreguiço, bocejando umas duas vezes. Coço a cabeça e vou em direção ao banheiro. Somente um banho gelado é capaz de me despertar totalmente.

Após o banho, vou até o closet e pego uma calça de moletom escura, uma blusa de mangas compridas e um novo par de meias. Saio do closet e abro as cortinas do quarto. A luz adentra o quarto aos poucos e pressiono meus olhos que ainda estavam sensíveis.

— Tenho que conversar com S/n para me mostrar a cidade, não aguento ficar sem fazer nada nessa casa sozinha.

Suspiro frustrada e viro de costas para a janela. Olho em volta, como se o quarto fosse me dar algum tipo de ideia do que fazer. Porém... Nada.

Penso em jogar videogame, mas não faço ideia de como se mexe naquele troço gigante lá na sala, sem contar que a tecnologia parece milhares de vezes mais avançada e eu ainda não me sinto familiarizada com ela.

É uma droga, eu sei.

(...)

Ainda estou no quarto, toda esparramada na cama, na verdade, cercada de pacotes de salgadinhos enquanto assisto vídeos meus com S/n e Louis. No momento eu estou assistindo um do aniversário de três anos do meu filho. O parabéns já passou, agora alguém estava filmando S/n e eu com o pequeno. Louis está sentado em meu colo, ela ajoelhada à minha frente fazendo caretas e algumas cócegas na barriga do pequeno, que gargalha com vontade.

É impossível não ver o quão felizes nós éramos. S/n parece tão extrovertida no vídeo, diferente da S/n meio retraída de agora. Acho que gostaria de ver ela mais solta, brincalhona. Carinhosa.

Ela é bastante carinhosa, já deu para perceber isso.

Vai filho, manda um beijo para tio Hunter. — S/n pede ao pequeno.

Ele olha para a pessoa que está gravando e balança os bracinhos. Ela fala algo no ouvido dele e, em segundos, o pequeno coloca a mãozinha sobre a boca e joga um beijo estalado em direção a câmara. Eu sorrio e o balanço, comemorando. Louis ri e S/n faz sinal de positivo com o polegar para ele.

Stupid Wife ― Scarlett JohanssonWhere stories live. Discover now