CAPÍTULO 10

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Chegamos no meio do nada, um terreno  completamente vazio, mas dá para perceber que a grama esta aparada. Estamos dentro do carro, encarando o que conseguimos ver na iluminação do farol do carro. A verdade é que estou em silêncio desde que descobri que sou o tipo da Maria Luiza, não soube o que responder.

- Sabe o que estamos olhando?

Jura que ela quer que eu adivinhe? Como adivinhar o nada?

- Sabia que você fala com os olhos?

Diz e percebo que tem um sorriso levemente debochado.

- É mesmo? O que eles estão dizendo agora?

- Que sou maluca por achar que estamos olhando alguma coisa, no meio desse nada.

- Parece que meus olhos realmente falam.

Tento não sorrir, mas é impossível vendo-a tão feliz por estar certa.

- Vem que vou te mostrar o que vejo.

Saímos do carro, paramos em frente aos faróis e sua mão procura a minha. É a primeira vez que isso acontece e a única coisa que consigo pensar agora é como a mão dela é pequena. Seus dedos são muito finos, fico até com medo de quebrar se fechar a mão.

- Aqui vai ser a entrada da minha casa.

Apresenta o espaço e me puxa para segui-la.

- Quero uma sala bem grande na entrada, daquelas que se pode reunir muitos amigos, com muitos sofás.

- Você tem muito amigos?

- Não, mas minha versão certa vai ter, ela será muito feliz.

- Versão certa?

- Sim, estava vivendo a versão errada da minha vida.

Seus dedos entrelaçam nos meus e conheço na sequência a biblioteca, sala de video, lavabo e paramos na cozinha.

- Quero aquelas cozinhas com fogão no meio, acho tão legal.

- Sabe cozinhar?

Pergunto e sua cabeça se move negativamente.

- Uma atualização que devo colocar na minha nova versão.

- Aprendi a cozinhar quando meus pais se separaram. Moravamos com a minha mãe, ela aumentou muito a carga de trabalho com o divórcio e chegava em casa muito tarde. Para minha irmã não morrer de fome, aprendi a cozinhar.

- Quantos anos você tinha quando seus pais se separaram?

- Cecília tinha 6 anos e eu quase 9.

Ah não! Lá vem os olhinhos tristes de pena por eu ser tão novo e já ter que assumir muitas responsabilidades por ter que ajudar minha mãe e ser o mais velho. Foram muitos anos encarando olhos assim por onde eu passava.

- Coitadinha da sua irmã, foi cobaia de um garoto que estava aprendendo a cozinhar. Ela deve ter tido muitas dores de barriga com a sua comida.

Sua cara de triste muda para divertida e fico sem reação mais uma vez, o que vem acontecendo muito ao lado da Maria Luiza.

- O que foi?

Pergunta ao me ver sem expressão.

- Muitos diriam coitadinho do garoto tão pequeno tendo que amadurecer tão rápido.

- Sua mãe precisava, você encarou e assumiu a responsabilidade e parece que se saiu muito bem. Pena eu tenho da sua irmã que não entendia porque estava sendo punida comendo coisas ruins.

FUGINDO COM UMA NOIVA MUITO LOUCAOnde histórias criam vida. Descubra agora