Chegamos no meio do nada, um terreno completamente vazio, mas dá para perceber que a grama esta aparada. Estamos dentro do carro, encarando o que conseguimos ver na iluminação do farol do carro. A verdade é que estou em silêncio desde que descobri que sou o tipo da Maria Luiza, não soube o que responder.
- Sabe o que estamos olhando?
Jura que ela quer que eu adivinhe? Como adivinhar o nada?
- Sabia que você fala com os olhos?
Diz e percebo que tem um sorriso levemente debochado.
- É mesmo? O que eles estão dizendo agora?
- Que sou maluca por achar que estamos olhando alguma coisa, no meio desse nada.
- Parece que meus olhos realmente falam.
Tento não sorrir, mas é impossível vendo-a tão feliz por estar certa.
- Vem que vou te mostrar o que vejo.
Saímos do carro, paramos em frente aos faróis e sua mão procura a minha. É a primeira vez que isso acontece e a única coisa que consigo pensar agora é como a mão dela é pequena. Seus dedos são muito finos, fico até com medo de quebrar se fechar a mão.
- Aqui vai ser a entrada da minha casa.
Apresenta o espaço e me puxa para segui-la.
- Quero uma sala bem grande na entrada, daquelas que se pode reunir muitos amigos, com muitos sofás.
- Você tem muito amigos?
- Não, mas minha versão certa vai ter, ela será muito feliz.
- Versão certa?
- Sim, estava vivendo a versão errada da minha vida.
Seus dedos entrelaçam nos meus e conheço na sequência a biblioteca, sala de video, lavabo e paramos na cozinha.
- Quero aquelas cozinhas com fogão no meio, acho tão legal.
- Sabe cozinhar?
Pergunto e sua cabeça se move negativamente.
- Uma atualização que devo colocar na minha nova versão.
- Aprendi a cozinhar quando meus pais se separaram. Moravamos com a minha mãe, ela aumentou muito a carga de trabalho com o divórcio e chegava em casa muito tarde. Para minha irmã não morrer de fome, aprendi a cozinhar.
- Quantos anos você tinha quando seus pais se separaram?
- Cecília tinha 6 anos e eu quase 9.
Ah não! Lá vem os olhinhos tristes de pena por eu ser tão novo e já ter que assumir muitas responsabilidades por ter que ajudar minha mãe e ser o mais velho. Foram muitos anos encarando olhos assim por onde eu passava.
- Coitadinha da sua irmã, foi cobaia de um garoto que estava aprendendo a cozinhar. Ela deve ter tido muitas dores de barriga com a sua comida.
Sua cara de triste muda para divertida e fico sem reação mais uma vez, o que vem acontecendo muito ao lado da Maria Luiza.
- O que foi?
Pergunta ao me ver sem expressão.
- Muitos diriam coitadinho do garoto tão pequeno tendo que amadurecer tão rápido.
- Sua mãe precisava, você encarou e assumiu a responsabilidade e parece que se saiu muito bem. Pena eu tenho da sua irmã que não entendia porque estava sendo punida comendo coisas ruins.
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FUGINDO COM UMA NOIVA MUITO LOUCA
RomanceMalu tem a vida que muitos dizem desejar! Um noivo aparentemente fofo, sogros que dizem que a amam, pais supostamente compreensivos e amorosos, um trabalho que o pai sempre sonhou, uma possível melhor amiga para apoiá-la em tudo. Tudo certo para que...