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A arquibancada estava ficando cada vez mais lotada. Nate havia treinado muito para esse jogo, havia olheiros de muitas faculdades importantes, e ele precisava impressiona-los.

- Estou torcendo por você - lhe dei um selinho rápido, não tinhamos tempo - Mas você não precisa de sorte, tem talento.

Ele estava tenso demais para sorrir, eu faria qualquer coisa para deixá-lo tranquilo. Tirei o moletom que eu estava usando, revelando um cropped branco escrito "Nate Jacobs é o melhor" e me virei para que visse o número 18 na parte de trás, o mesmo número de seu uniforme.

- É por isso que amo você - por um momento ele pareceu se aliviar.

- Eu também te amo - disse - Quero ver você fazer o outro time chorar.

O grupo das cheerleaders passaram por nós. Meu estômago se revirou. A troca de olhar de Maddy e Nate me atingiu como um soco. Sei que isso me faz parecer louca, julgar por uma troca de olhar, mas sempre que nós separamos ou brigamos ele vai correndo para ela, eu conheço essa a troca de olhares dos dois depois de ficarem mais uma vez.

Eu sinto que é questão de tempo para os dois finalmente reatarem de vez, e eu ser descartada como um chiclete velho que perdeu o sabor.

- Só pode estar brincando - dei uma risada amarga e sombria - Você fudeu com ela de novo, Nate ? Mas que porra.

- Não sei do que você está falando - ele me olhou como se eu fosse louca - Por favor não faça um show, no meu momento mais importante.

Olhei para os meus pais e os do Nate sentados lado a lado, ambos olhando para nós dois. Os times iam entrar em campo.

- Quer saber - vesti meu moletom novamente, e ele bufou esfregando o rosto com as mãos - Eu espero que você perca, e seja massacrado em frente a todo mundo. Quero te ver sendo humilhado, seu cretino.

Nate não respondeu nada, apenas me olhou com ódio mortal e se não tivesse tantos par de olhos em nós tenho certeza de que sua reação seria bem diferente. Ele se juntou ao time para o meio do campo.

Novamente eu fui feita de tola, mais uma vez em que acreditei em Nate, e fui traída. Dessa vez sem brigas ou separação, ele foi até ela porque simplesmente a desejava.

Minha mãe fez um gesto chamando para que eu me sentasse com eles, mas eu não estava nem um pouco afim de ficar no meio deles.

Procurei por Kat e a encontrei sentada ao lado da Rue, Lexi e Jules, felizmente tinha lugar sobrando com elas.

- Por que tá de moletom - Rue perguntou quando cheguei até elas.

- Você não tinha feito uma homenagem para o Nate, ou algo assim ? - Jules indagou.

Eu me senti envergonhada, queria arrancar essa roupa picar em pedaços e fazer ele engolir, e então vê-lo morrer asfixiado. Me sentei do lado da Kat, e tinha a total certeza de que ela sabia sobre Maddy e Nate.

- Ele me chifrou - minha voz saiu insegura, pela raiva e tristeza que agora atormentava meu juízo, mas eu respirei fundo - Não é Kat ?

As quatro me olharam com pena, e então focaram no jogo que já ia começar. Uma voz masculina calma e rouca, enviou arrepios para a minha espinha.

- Cheguei um pouco atrasado - Fezco anunciou, se sentando ao lado da Rue, demorou um pouco para que ele notasse minha presença e isso me incomodou.

Mas ele acenou com a cabeça, e esse foi máximo que recebi. Tudo que eu desejava agora é ir para casa, esse não era meu dia.

O locutor anunciou o começo do jogo. Eu não entendia muito de futebol americano, mas sabia que perder a bola e ser derrubado não era um bom sinal, e foi isso que aconteceu com Nate logo no começo da partida. O jogador do time adversário o atropelou brutalmente. Eu devia ficar contente, mas meu primeiro instinto foi a preocupação.

Quando o time adversário chegou ao quarto período na frente, o placar os determinava como campeões, mas Nate conseguiu virar o placar para 23 a 20. A torcida do nosso colégio vibrou, e eu quase comemorei, até as cheerleaders começarem sua apresentação de comemoração.

Me levantei e sai o mais depressa que consegui. Resolvi esperar meus pais no estacionamento, e então a vingança fez meus olhos brilharem.

- Você não consegue ficar longe de mim em ruivinho - provoquei Fezco ao ver que ele estava atrás de mim.

- Queria saber se está bem ? Parecia chateada - ele estava genuinamente preocupado.

Meu coração batia rápido e inseguro, não era certo usá-lo mas eu precisava, e o fato de ser ele me deixava eufórica. Eu me encostei no carro e o puxei contra mim.

- Vou ficar bem melhor agora - sussurrei.

Seus olhos escureceram, ele estava confuso mas desejava isso. Eu sabia quando um homem tinha desejos por mim, e Fez pode ser misterioso mas eu sei que me quer, sei disso desde quando o conheci na festa.

Minhas mãos agarraram sua nuca, e fui de encontro aos seus lábios, mas ele recuou.

Recuou?

- Você terminou com ele ? - sua respiração estava irregular, ele precisava dessa resposta para continuar, porém eu não respondi - Então isso não vai rolar.

Fez me deixou sozinha com a minha frustração. Eu ia atrás dele para pedir desculpas, até ver que Nate tinha visto tudo, e pisava duro vindo na minha direção.

- Sua vadia - ele rugiu ao ficar frente a mim. Dessa vez algo me dizia que ele ia passar dos limites se é que isso é possível.

Nate segurou meu braço e começou a me arrastar, o estacionamento já já iria ficar cheio e ele sabia disso. Quando chegamos em um lugar longe de possiveis olhares ele me soltou.

- O que foi, Nate ? - usei minha raiva para ter coragem de bater de frente com ele - Apenas você pode ser infiel nessa relação ?

- Eu não traí você sua idiota - ele gritou, com o rosto a centímetros do meu - Mas devia ter traído, porque você é uma vagabunda.

As lágrimas correram pelo meu rosto, isso não o comoveu, pelo contrário, Nate riu de mim. Tentei me afastar, ir embora mas ele agarrou meu cabelo.

- Você está me machucando, Nate - minha voz saiu fraca - Me solta por favor.

Ele me soltou, me empurrando para o chão. Nesse momento eu me senti um nada, caída na poeira vendo o olhar de nojo que Nate destinava a mim.

- Eu não fiz nada - berrei, mas ele não parecia acreditar.

Meu choro nublou minha visão, mas vi seu punho vindo em minha direção. Porém ele foi acertado antes. Não sei de onde Fezco surgiu, mas em um segundo Nate foi ao chão.

- Seu merdinha - Fez acertou outro soco enquanto Nate estava caído no chão - Ia agredir a garota, seu covarde ?

◇◇◇

Chorei o caminho inteiro até chegar na minha cama. Tive que lidar com o interrogatório de uma mãe que ama importunar e um pai detetive. Mas me recusei a falar.

Enchi a caixa de mensagens de Fezco, me desculpando por ter o colocado no meio disso.

Perguntas ainda me aflingiam, Nate ia mesmo acertar aquele soco ? ele falou a verdade sobre a Maddy ? Por que ainda me sentia frustrada com a rejeição do Fez.

Escutei a porta do meu quarto se abrir, mas não me mechi um centímetro para olhar quem era, eu já sabia. A presença de Nate era inconfundível, quando ele se deitou atrás de mim, o som da sua respiração se aproximou do meu ouvido.

Meu choro se tornou angustiante, e era apenas isso que se escutava no quarto. Ele me abraçou, mas não pronunciou uma só palavra.

Será que ele se sente arrependido ? Não estaria aqui se não estivesse, não é ?

Senti seu beijo em minhas costas, e tive certeza de que dessa vez algo tinha se esfriado em mim. O medo de seu toque falava mais alto do que o desejo.

Perverse Love - Fezco Onde histórias criam vida. Descubra agora