Infernos particulares I

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Voltei :)
(comentem meus docinhos de coco, isso aquece esse coraçãozinho)






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Ryujin despertou deitada em uma floresta. As árvores eram gigantes, o aroma natural frutífero lhe invadiu as narinas e os pássaros coloriam o céu radiantemente azul. Ela se levantou, limpou toda a grama que ficou grudada na sua roupa e não pôde deixar de notar o quanto esta parecia sintética de tão linda e bem conservada. As flores sorriram para ela, o que fez a feiticeira sentir vontade de pisoteá-las.

Foi aí que um grito infantil interrompeu seus pensamentos e ela caminhou em direção ao som, parando perto de um círculo de flores. Uma pequena menina chamou-lhe a atenção, o pequeno vestido azul celeste, sua longa cabeleira loira e seu sorriso ameno combinavam com o cenário do lugar, como se a própria natureza a tivesse esculpido e colocado boa parte de seu brilho nos olhos da garotinha.

Ela estava de mão dada com uma bela mulher que trajava um longo vestido branco, de cabelos cor de areia e a pele clara e serena, como se tivesse sido banhada em luar líquido. Seus fios estavam presos em uma grossa trança que caía em um dos ombros, com flores enfeitadas nela.

Ryujin engoliu o seco. Havia esquecido de como a própria mãe era bela, o charme singelo em seus olhos cinzas era tanto que poderia fazer qualquer um cair sobre seus pés. A beleza de Lilith sempre foi algo muito natural, espontânea e complexa. Você não conseguia apontar uma característica específica que podia a tornar tão linda, apenas sabia que ela simplesmente era.

Shin mal se reconheceu naquela imagem infantil. Ela era uma criança tão inocente, enérgica, tão... pura.

Ela nunca entendeu bem como a mãe conseguiu amá-la, afinal ela não passava do fruto de uma enganação. Lúcifer a enfeitiçou para que caísse em seus encantos e tudo porque um fruto dele com uma das feiticeiras da primeira linhagem iria com certeza resultar em uma criatura extremamente implacável e poderosa. Uma ótima herdeira do trono do inferno para se ter.

E claro, uma extremamente perigosa. Se Ryujin estivesse no lugar de Lilith, não pensaria duas vezes em se livrar da criança. Mas a mulher sempre foi um poço de compaixão e por isso protegeu a filha a todo custo, tanto do mundo quanto do progenitor.

Contanto, esqueceu de proteger a si mesma.

Ryujin alcançou a adolescência sem preocupações, vivendo apenas com a ambição de ser a feiticeira branca bondosa que a mãe a estava treinando para ser. Mas quando completou dezessete anos, o conto de fadas acabou.

Ainda se lembravq perfeitamente de tudo naquela noite de terror. Da voz retumbante daquele líder religioso destilando seu veneno, dos gritos de apoio de seus seguidores imprestáveis, do torturante brado de Lilith quando as chamas lhe consumiram e do indescritível medo que a jovem Ryujin sentiu enquanto ouviu tudo aquilo à distância enquanto corria pela floresta na direção contrária.

Ela queria ter impedido, assim que sua mãe percebeu que estava encurralada, antes que aqueles humanos desprezíveis chegassem ao seu alcance, ela procurou salvar Ryujin. Sabia que não havia mais esperanças para ela, mas ainda havia para a filha.

- Vamos enfrentá-los! - Sugeriu ela cheia de determinação e a mais velha deu um sorriso complacente, negando levemente com a cabeça.

- Você ainda não está pronta para usar a magia desse jeito, iria acabar se matando. E sabe que meu poder nunca mais foi o mesmo depois que tive você - ela falou isso de uma forma indulgente, como se não visse aquilo como um problema. Mas Shin nunca deixou de se sentir culpada por seu nascimento ter enfraquecido a mulher. - Não teríamos chance, somos só duas. Eles são centenas.

Rosa Azul - HyunSungWhere stories live. Discover now