27. Begin Again

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Jimin

Numa manhã de sábado, passei no correio para deixar alguns postais para
minha mãe. Pouco a pouco, começava a aceitar minha vida sem Jimin e, muito embora eu ainda acordasse entorpecido e ocasionalmente tivesse um colapso e começasse a chorar no meio da noite, eu estava indo bem melhor do que quando cheguei aqui.

Eu vinha fazendo muitas amizades no curso, conversava com Nicole uma
vez por semana pelo Skype e, sempre que me sentia sozinho, ia à costa.
Como aqui não havia praia – apenas rochas irregulares e águas ferozes batendo contra elas –, eu deitava contra o cobertor e fechava os olhos,
fingindo estar na minha cidade.

Eu visualizava dias ensolarados e a areia quentinha e, pela primeira vez, os turistas não me incomodavam.
Meu plano de “fazer de conta que existe uma praia” foi frustrado hoje. No lugar onde eu sempre ficava, um grupo de pessoas usando smokings cinza e vestidos rosados se preparava para um casamento. Por conta disso, segui para um café ali perto.

Pedi um salgado e água e me sentei perto da janela, fazendo o meu melhor
para dar uma olhada na cerimônia, para ver como era o amor de verdade quando visto de perto.

— Você se importa se eu me sentar com você? — Meu colega de sala, Sean, um cara lindo, com olhos azuis e sotaque
americano, de repente apareceu no meu campo de visão.

— Fique à vontade.

— Ótimo. — Ele ergueu uma caneca branca.

— Gosta deste chá de laranja?

— Nunca tomei. — Peguei a caneca de suas mãos e tomei um gole. De fato
era maravilhoso.

— O que você está fazendo aqui?

— Seguindo você para saber por que furou comigo ontem à noite — ele
respondeu com um sorriso.

— A gente ia sair ontem. Esqueceu?

— O quê?! — ConfusO, arqueei a sobrancelha.

— Não lembra que eu disse que a pegaria em seu apartamento às 18h para
a gente sair à noite?

Eu lembrei. Só que não achei que ele estivesse falando sério, então
simplesmente fui para a cama para dormir mais cedo.

— Sinto muito, Sean, mas pensei que você estivesse brincando.

Ele sorriu e se sentou numa cadeira que puxou para perto da minha.

— Também acha que eu estava brincando quando eu ligava todas as noites para você e a gente conversava durante horas? Ou quando eu pedia para você ficar em casa depois das sessões de estudos pra gente conversar?
Ainda confuso, pisquei fortemente os olhos.

— Jimin… — Ele inclinou o corpo para a frente e correu os dedos por meus cabelos.

— Eu estou tentando sair com você… De que outra forma eu poderia deixar isso mais claro? — Enrubesci, me sentindo um desmiolado.

Nunca imaginei que nossas conversas noturnas, os passeios de bicicleta pela cidade nos fins de semana ou sessões particulares de estudos significassem algo desse tipo.

— Só pensei que você estivesse sendo um cara gentil… — falei.

— Eu sou um cara gentil. — Seus dedos ainda estavam em meus cabelos.

— Fora do quarto. —Meus olhos se arregalaram e ele deu risada, aproximando-se ainda mais.

— Não sei o que mais posso fazer para fazer você entender que estou
interessado — comentou com uma voz suave.

— Diga o que eu devo fazer…—Engoli em seco, analisando-o.

Era a segunda vez na vida que eu não
percebia quão sensual e atraente um cara era. Com seus cabelos loiros
queimados pelo sol, os olhos verdes profundos e a boca que era tentadora
demais para não provar, esse cara definitivamente era sexy pra cacete.

— Vai me dizer? — ele insistiu.

Hesitei por um instante.

— O que você quer dizer com sair?

— Quero dizer que você vai se divertir comigo com a impressão de que sou mais do que um cara gentil. — Ele me olhou nos olhos.

— Um cara que realmente gosta de você… Também quer dizer que vou levar você para ver a cidade amanhã.

— E se eu estiver ocupada amanhã?

— “Se” quer dizer que você não está, então vou forçá-la.

— Que romântico… — Dei risada.

— De qualquer forma, sim, vou sair com
você.

— Que bom — ele comemorou, levantando-se e dando um passo para trás.

— Eu te pego amanhã às sete.

— Espere! — gritei. – Você estava brincando quando fez aquele comentário do quarto, certo? — Ele olhou por sobre o ombro e deu uma piscadela.

— Não estava, não. — Enrubescendo, eu o vi distanciar-se e fiquei um pouco mais de tempo ali, sentado no café e me perguntando se nosso dia em Paris amanhã viria acompanhado do clichê “apaixonar-se no topo da Torre Eiffel”.

Mas de uma coisa eu estava certo: eu já abriria uma nova tabela de compatibilidade para nós. Afinal, eu precisava verificar a categoria “intensidade dos beijos” com esse cara. E o mais rapidamente possível.

Quando finalmente cheguei em casa, vi uma nova correspondência de
Jungkook sobre a mesa.
Olhei para ela durante algum tempo, deslizando o dedo pelo envelope – no qual estava escrito “URGENTE: Por favor, abra, Ji”.

Mas não consegui me forçar a abri-la.

Não agora…


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Boa leitura.

Sinceramente, JungkookNơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ