Capítulo 36

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Alguns dias eu ficava muito nervosa, era doloroso, era irritante tudo aquilo. Eu estava fazendo exercícios.

Eu: Che...ga...

Fisio: Priscilla precisa continuar, falta só mais uma série e você vai poder descansar, vai poder entrar na piscina e relaxar seus músculos.

Eu: Eu disse Che...ga... – joguei a bola longe e cai sentada na cadeira – Ai... Ai... – meu corpo todo doeu com o impacto do meu corpo na cadeira.

Nat: O que houve?

Fisio: Ela não quer mais continuar...

Nat: Amor... – veio com aquela voz doce e otimista que as vezes me irritava.

Eu: Não... Nã...o vem com esse pa...po de amor... Eu sinto dor... Eu não que...ro mais isso. Che...ga...

Nat: Priscilla, é para o seu bem. Não pode fazer isso consigo mesma. Você quer voltar a andar? Quer recuperar seu equilíbrio, seus movimentos, sua fala? Você precisa fazer tudo isso. Eu sei que é uma droga, eu sei que você sente dor, e me dói saber que eu não posso tirar de você essa dor. Acha que eu não vejo você chorar? Acha que a gente não se importa com isso? Mas é necessário. Você precisa disso. É para o seu bem.

Eu: O... O Ian deve...ria ter me ma...tado. – falei com ódio. – Ele é tão inu...til... que nem pa...ra fazer o serviço di...reito ele presta.

Nat: Chega Priscilla. Está me machucando falando assim. – falou séria com os olhos marejados.

Fisio: Amanhã a gente continua ok?

Nat: Obrigada Raquel. Desculpa por isso.

Raquel: Eu entendo, está tudo bem. – ela saiu.

Nat: Vamos, eu vou te ajudar a entrar na piscina.

Eu: Não pre...cisa.

Nat: Vai ficar sentindo dor? – falou irritada. Ela me levantou me colocou na cadeira de rodas e me levou lá para fora. Ela me ajudou a tirar a roupa e a entrar na piscina. Fiquei ali cerca de meia hora. Ela não dizia nada. Logo saímos, a enfermeira me ajudou com o banho e saiu para ver se o almoço estava pronto. Ouvi a Natalie chorando falando no telefone. E sei Rafa... Eu estou tentando, mas dói ouvir certas coisas e ser dura pra ver se encara a realidade. Eu estou exausta. A noite eu vou até ai, tenho que ir no meu apartamento. Beijos... – ela logo veio.

Eu: Acho que vo...cê deveria ir para sua ca...sa.

Nat: Eu vou hoje a noite preciso de roupas, preciso ver como meu apartamento está. Vou dormir lá essa noite.

Eu: Não pre...cisa voltar se não quiser.

Nat: Você não quer que eu volte é isso? – eu não respondi. – Responde Priscilla, é isso que você quer? Que eu vá embora e não volte mais? Pensa bem no que você vai responder, porque se você disser que sim, eu saio por essa porta e você nunca mais vai me ver. Eu te amo com toda a minha alma, e eu estou fazendo tudo pra te ver bem. Mas se você me quiser fora da sua vida, eu saio, mas eu saio pra nunca mais voltar. É isso que você quer? – falou com a voz embargada. Eu fiquei em silêncio. Não era isso que eu queria, mas também não queria prendê-la num relacionamento como esse no momento.

Eu: Sexo... Vo...cê de...ve sen...tir falta e eu não es...tou em condi...ções. – tentava arrumar justificativas. Ela riu com sarcasmo.

Nat: Desde quando nosso relacionamento se resume a sexo Priscilla? Nosso relacionamento nunca foi o sexo. O sexo é uma consequência gostosa do que a gente sente, é a nossa conexão de prazer. Eu não estou com você por causa de sexo e acredito que não esteja comigo por isso também. Para de tentar arrumar justificativas para me tirar da sua vida. Se é isso que quer, seja direta e me tire da sua vida... Vou trabalhar e depois vou para o meu apartamento, amanhã eu volto. Fica bem. – me deu um beijo na testa e saiu sem esperar que eu dissesse qualquer coisa. Eu estava estragando tudo, eu estava acabando com a nossa relação. Essa mulher me ama muito e eu a amo mais que tudo. Ela realmente não voltou pra casa nesse dia. Eu só dormi por causa dos remédios. Pela manhã eu fiz toda a minha fisioterapia sem reclamar. Fiz minha fono também. Natalie apareceu já era noite. Ela apenas falou com a enfermeira para saber como eu estava, me deu um selinho, não me perguntou nada. Ela subiu para o meu quarto e não desceu mais. Ela estava chateada. No outro dia eu fui tomar café na mesa com ela.

Eu: Pre...ciso te pedir des...culpa.

Nat: Por qual motivo?

Eu: To...dos. Eu fui grosseira, e eu des...contei toda a minha frustração em você e vo...cê não mere...ce isso jamais. Eu te amo e você me ama e tem se des...do...brado para cuidar de mim e eu estou sendo uma in...grata com você e com todos. Me des...culpa.

Nat: Você tem uma sorte Priscilla, uma oportunidade que muita gente no seu lugar não tem e não teve. Agarre essa oportunidade de ficar bem novamente cheia de recursos para isso e pare de descontar nas pessoas que estão cuidando de você e te dando todo amor e cuidado do mundo. Eu te amo e muito e é por isso que eu estou aqui, porque eu quero ficar com você pra sempre. Então por mais difícil que seja passar por isso, sentir dor, seja grata a oportunidade de viver e se recuperar que você tem. Já é meio caminho andado... Eu vou trabalhar. Eu venho almoçar com você tá? Eu te amo – me deu um beijo calmo.

Eu: Te amo... 

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Eita...

NATIESE EM: O AMOR QUE LIBERTAWhere stories live. Discover now