Capítulo 1

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Eu gostava de pensar que honestidade era uma virtude que eu procurava em outras pessoas, mas Cecilia me mostrou que eu não estava pronto para receber uma boa dose de sinceridade

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Eu gostava de pensar que honestidade era uma virtude que eu procurava em outras pessoas, mas Cecilia me mostrou que eu não estava pronto para receber uma boa dose de sinceridade.

Ela me encontrou em uma rede social quatro anos atrás e marcou um horário no meu estúdio. Naquele dia fiz sua décima tatuagem e uma nova amiga. Ela passou a se tatuar comigo com frequência e a partir daí ficou fácil criar intimidade durante as longas horas que eu passava rasgando sua pele com agulhas e tinta.

Em algum momento passei a esperar ansioso por suas mensagens e ligações, queria algo mais com Cecilia. Isso até ela ficar com meu melhor amigo.

A partir daí as coisas Nicaram estranhas pra caralho.

Eles são amigos, saímos juntos, mas eu simplesmente não consigo desassociar as coisas.

Piorou quando um tempo depois ela decidiu confessar que estava apaixonada por mim. Isso deu início a um jogo sexual estúpido que não nos leva a lugar nenhum e ainda me deixa com as bolas azuis.

— Pega a chave aqui no meu bolso, Cecilia. Abre esse portão logo que essas caixas tão pesadas pra caralho — pedi.

— Tá fraco, hein — ela disse, largando as caixas que carregava para vir ao meu resgate.

— Eu sou grande de gordo, não de forte — esclareci. — Anda, porra!

Eu não sou cego, eu vejo os caras com quem Cecilia fica. Porra, eu trabalho com Miles todo santo dia, o cara tem aquele jeitão de moleque que à s vezes me irrita, mas parece atrair as mulheres. Isso e a mania dele de ficar sem camiseta. Ele diz que não adianta ir para a academia se não for para mostrar o resultado depois.

Todo dia ele me convida para malhar, garante que é o melhor lugar para pegar mulher gostosa. Talvez eu comece a ir mesmo.

Cecilia segurou minha cintura e se encostou inteira nas minhas costas. Enfiou a mão no bolso frontal da minha calça jeans, procurando as chaves. Isso sempre faz meu pau vibrar.

Temos intimidade o suficiente para apalpar um ao outro atrás de uma chave, um isqueiro, celular ou carteira, mas não consigo beijá -la. Miles apareceu no portão e nos assustou, recuei bruscamente e a chave caiu da mão de Cecilia, ficando pendurada na corrente que uso presa na calça. Ela odeia essa corrente.

— Falei que era útil — me gabei.

Não posso ver, mas sei que ela está sacudindo a cabeça em reprovação. Não me soltou, nem se preocupou em descolar o quadril do meu. Tão quente. Se ela enfiasse a mão no meu bolso bem agora teria uma surpresa.

Com sua mão apoiada na minha coxa ela içou a corrente e só decidiu parar de me encoxar quando precisou soltar a chave do gancho.

Miles assistiu a tudo com o rosto enfiado na grade do portão, seu cabelo black-power amassado pelas barras de ferro.

— Porra, Sujo, como você aguenta? — ele perguntou. Sei do que ele está falando e odeio quando ele fala assim. — Quando vai dar pra Cece o que ela tanto quer?

Pensei em Miles dando à Cecilia o que ela queria. Comendo Cecilia como eu gostaria de comer.

Porra, estranho pra caralho.

Soltei uma gargalhada nervosa enquanto assistia à bunda de Cecilia rebolando até o portão. Ela e Miles trocaram um olhar que na verdade não me dizia merda nenhuma, mas me incomodava até a alma.

— Nunca, porra. Nós somos só amigos. — respondi, tentando me convencer de que ter Cecilia como amiga era melhor do que não tê -la de nenhum outro jeito. 

I Bite Back | degustaçãoWhere stories live. Discover now