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"Ethan acha que não vi a maneira como ele esfregou o dedo indicador no lábio inferior, como se avaliasse o valor estimado de uma obra de arte. Eu só não sabia se a obra era sua tatuagem ou eu.
Gosto de não saber...
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— Você tá atrasada — Ethan disse, afundado em uma poltrona sem tirar os olhos do celular.
— Parei pra pegar comida, tô sem comer desde ontem.
Ele finalmente olhou pra mim.
— Tá tudo bem?
— Tá sim — eu disse, entregando para ele um bagel extra.
Eu estive apaixonada por Ethan Bishop por tempo demais, e desde que ele deixou bem claro que nós somos só amigos, tenho tentado recuar muitos e muitos passos, querendo voltar para o momento em que eu me sentia da mesma maneira.
Tenho tentado.
Juro.
— Você sabe que se estiver doente eu não vou te tatuar, não mente pra mim Cecilia — disse, endireitando-se na poltrona com os cotovelos apoiados no joelho. Mordeu o bagel e deixou os farelos caírem diretamente no chão.
Meses atrás eu teria dito a ele que queria ser aquele bagel. Ele iria fazer alguma gracinha sexual ou extremamente animalesca, porque esses eram os únicos estados que Ethan se permitia ter. Ele não era um cara romântico, não existia nada no meio termo.
— Não tô doente. É só o trabalho que tá puxado — respondi.
Ele devorou o resto do bagel em uma mordida só.
Porra, eu ainda queria ser aquele bagel.
Comi sentada na maca enquanto ele preparava o material para me tatuar e me assustei quando ele xingou alto depois de derrubar tinta na camiseta branca que vestia.
Sem cerimônia ele a tirou e caminhou até o armário atrás de sua mesa para pegar uma nova.
— Você tá malhando? — perguntei, em absoluto choque.
Eu nunca tinha me importado com o corpo dele, embora adorasse olhar aquela bunda farta e os ombros largos. Mas agora não era questão de me importar ou não, era algo que simplesmente não podia ser ignorado. Fiz o que deu para me afastar durante o inverno e sinceramente parece que não era só a estação que estava esquentando de novo.
Agora suas costas tinham um formato diferente e quando ele se virou para mim, rindo, pude ver que os desenhos que seus músculos faziam por baixo das inúmeras tatuagens eram a verdadeira obra de arte.
Filho da puta. Eu tava quase conseguindo me desintoxicar, sabia? Pra onde foram aqueles quilos extras?
Acho que babei. Tenho quase certeza de que algo caiu da minha boca. Um pedaço de bagel talvez, não vi porque não consegui desviar os olhos de Ethan.
— Tava na hora de me mexer — ele respondeu, andando até mim, ainda despido da cintura para cima, e enfiou a mão perigosamente perto da minha virilha.
Tirou algo dali e não foi minha calcinha. Que pena.
É um pedaço de bagel?
Ele pegou um pedaço de pão do meio das minhas pernas e comeu. Era o mesmo pedaço que tinha caído da minha boca?
