Aquele em que a gente se despede

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Point Of View Claire Brown

New Haven – Connecticut

7h55 am

“Vá devagar, sua criança louca. Você é tão ambicioso para um jovem, mas se você é tão esperto, me diga por que ainda tem tanto medo?

Onde está o fogo? Pra quê a pressa?

É melhor você se acalmar antes que você perca tudo; você tem tanto o que fazer e tão poucas horas em um dia.”

- Billy Joel.

Esse era o último dia do semestre e isso significava que a minha semana tinha sido uma verdadeira loucura; já tinha feito várias provas, que foram acompanhadas de trabalhos para entregar. E tudo isso vindo de todas as matérias ao mesmo tempo, eu já estava surtando, literalmente.

Quando eu estava no ensino médio eu achava que faculdade era apenas diversão, festas, curtição, aventuras com os amigos. Por que ninguém me avisou sobre os fins de semestres? Eles são o nosso terror e acho que só servem para deixar todos loucos. É como um teste, para checar se você ama mesmo a profissão que está prestes a seguir, porque se não amar, talvez desista aqui.

Estou para dizer que mesmo amando o meu curso, eu já senti vontade de jogar tudo para cima mais vezes do que eu possa contar. A vida do universitário não é nada fácil! E quem diz que é, está te iludindo.

Dou passos acelerados em direção a minha sala, sentindo o peso dos livros que estou carregando em meu braço, enquanto seguro o meu copo de café firmemente na minha outra mão. Porque eu poderia muito bem estar sobrecarregando um dos meus braços, mas não ia deixar de tomar o meu bom e velho café de maneira nenhuma. Primeiro porque ele vai ser o meu grande amigo nessa manhã e sem a sua ajuda eu não conseguiria me manter acordada.

Por quê?

Que bom que perguntou! Eu passei a minha madrugada inteira finalizando um trabalho bem interessante, que o professor tinha passado há uns dias, para entregar uma semana depois. Isso mesmo, uma semana! Com certeza ele deve estar achando que todos os alunos já são profissionais e que dariam conta de um trabalho tão complexo em tão pouco tempo. Diria que ele tem bastante confiança na nossa capacidade, ou em outras palavras, ele está querendo nos ferrar mesmo.

E agora você deve estar se perguntando que trabalho é esse e que ele deve ter sido algo simples de fazer, algo como um relatório ou talvez, sei lá, uma pesquisa. Mas não, meu caro, não foi isso! O professor simplesmente pediu para que usássemos os códigos que tínhamos aprendido em todo esse semestre e criássemos um aplicativo de delivery básico. E eu passei a minha madrugada inteira programando esse aplicativo, quebrando a cabeça e querendo tacar o meu notebook na parede todas as vezes que dava erro - que foram muitas - para no final descobrir que estava dando erro, porque eu tinha esquecido de colocar uma vírgula.

Sim, uma vírgula.

Eu passei a minha madrugada inteira, acordada, perdendo o meu tempo de sono por causa de uma vírgula.

Bacana, né? A programação é incrível mesmo e sempre arma essas pegadinhas com a gente, mas acredite, quando a gente não está batendo a cabeça contra o nosso teclado, programar é bem divertido!

Eu não teria como descrever em palavras o quão irritada eu estou, porque já não bastava estar passando tanto sufoco nesse fim de semestre, eu ainda estava me estressando com cada trabalho que tenho que fazer. É sério, se eu não tiver um surto psicótico agora, não terei nunca mais!

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