querido diário 07

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Acordo aos poucos e percebo está em um lugar estranho. Parece a salinha do Tito.

Olho para o lado. Ouço alguém falar

- A garota acordou. - Levanto a cabeça e vejo aquele nojento gerente do morro falar na porta olhando para fora.

Tento me levantar do chão, ainda meio cambaleando. E me sento em uma cadeira.

O que aconteceu mesmo? Pensei que tinha levado um tiro.

- Sai. - Ouço o Tito falar pro cara e fechar a porta.

Não sei se fico feliz ou triste. Pela sua cara melhor ficar bem triste.

- Tu acha que eu sou o que? Imbecil?

Tento entender... Mas nada. Não sei o que ele tá falando.

- Cadê meu dinheiro? - Tito fala estranhamente calmo e isso me assusta.

- Eu não tenho nada a ver com isso Tito. Eu te juro. - Algumas lágrimas descem.

Ele não acredita.

Nega com a cabeça e faz uma cara de pensativo.

- Tá bom. Só me explica uma coisa... Como é que aqueles melícia fudido, descobriram sobre essa grana que a gente tava trazendo tudo no sigilo total de geral? Ninguém sabe dessa porra!

- Eu não sei! Eu te juro que não sei. Eu pensei que estava morta... Eu...

não consigo continuar falando. Alguns soluços de choro escapam e enfio meu rosto nas minhas mãos lembrando de tudo que passei.

- Eu atirei nele.- Respiro fundo surpresa. E ele continua. - E você só não é a próxima, porque essa grana não é nada comparado ao que o seu pai ainda me deve. Vamos resolver isso.

Fico sem entender.

- Teu pai vai ter que mandar a grana de novo, antes de tu ir embora. E enquanto ele não mandar, tu não sai daqui. - Ele fala como se fosse óbvio.

- Você sabe que não foi ele... Só quer o dinheiro de volta sem se importar se é verdade ou mentira o que eu tô te falando. - Enfim consigo abrir a boca e falar.

Eu tenho certeza que eu e meu pai não temos nada a ver com isso. Então quem poderia ser...

- Claro que não, seu pai nunca roubaria alguém né. - Ele fala com deboche na voz se referindo ao que o meu pai fez com ele.

- É diferente. Ele não arriscaria minha vida.

- De novo? Porque ele arriscou quando me roubou. Tu acha que eu ia matar só ele? Teu pai é esperto! Tu que subestima ele.

- E ele tá te pagando pra justamente não por mais minha vida em risco.

- Mandando você pra toca do lobo? Acorda!

- Por exigência sua!

-Claro, eu vou confiar naquele safado?

- Ele não tá confiando em você me mandando pra esse inferno de lugar?

Ele chega bem perto do meu rosto.

- Engraçado, semana passada pareceu que você tava gostando bastante do inferno! Queria até dá pros cria. Patricinha do caralho!

Engulo em seco

Ele fica visivelmente irritado por eu ter me referido assim a comunidade dele. E ainda assim consigo me sentir ofendida com o que ele fala.

Fico calada, porque sei que falei merda e tô brincando com a morte. Escapar da morte duas vezes em um único dia, uau!

Tito sai pela porta fechando cm força.

Logo o novim entra.

- Vamo. - Nem olha na minha cara.

Assim que entro no carro disparo

- Você também acha que eu sou capaz de fazer aquilo?

Ele não me olha.

- Vamos descobrir logo.

- Não fui eu. - Respiro fundo olhando pela janela.

Ele não responde mais nada.

Esse fim de semana não vai ser nada igual o anterior. E eu vim até animadinha pensando em curtir.

{...}

São por volta das oito horas da noite estamos eu, Tito, novim e o pulga o nojento gerente. Na sala da sua casa.

Olho para a tela do meu celular chamando no contato do meu pai.

Coloco no alto falante assim que ele atende.

Tenho vários olhos curiosos em minha direção.

- Oi filha. O que houve?

- Deu tudo certo. pegaram o dinheiro. - falo visivelmente entediada.

- Sim... Então volta que dia?

- Não tô falando do Tito.

Olho para o Tito que me encara com um olhar mortal esperando qualquer vacilo.

- Não estou entendendo? Como assim?

Meu pai fala um pouco nervoso.

- A melícia pai.

- Sophia o que você fez?...

Olho vitoriosa para o Tito que toma o celular.

- É isso mermo Josué! Teu planinho de merda deu certo. A melícia pegou o dinheiro. E agora como eu fico? Cê me roubou de novo... Me vingo ou espero cê mandar a grana?

- Não sei do que você tá falando. Eu já mandei o dinheiro.

- E cadê a porra do meu dinheiro caralho? Cadê que não tá aqui? - Tito fala gesticulando com as mãos irritado.

- Eu fiz de tudo pra enviar esse valor pra você. Não tenho culpa do que aconteceu aí.

- E muito menos eu! Não vou ficar no prejuízo. Sua filha tá aqui mas não tá com meu dinheiro... Não sei o que fazer. - Tito fala tentando mexer com a mente do meu pai.

Ridículo nojento.

- Vou enviar novamente esse valor pra você. Na próxima semana quando ela for. Mando o dobro. Envia a Sophia de volta.

- Eu tenho cara de trouxa filho da puta?

- Eu não tenho esse valor agora!

- Então ela só volta quando você enviar.

- Por quem eu vou mandar? Você é idiota ou o que? Preciso dela pra levar o dinheiro.

Me sinto completamente usada nesse momento e espero de coração que meu pai só esteja nervoso tentando resolver essa situação.

Tito me encara e eu sei que ele ver a decepção no meu olhar.

- Vai ser do meu jeito. Tu entendeu né? Dá teus pulo e manda por outra pessoa.

Ele finaliza a ligação e me entrega o celular. Recebo e saio calada em direção ao quarto. Ele não protesta e eu fico grata. Tô completamente exausta.

Tomo um longo banho e me deito caindo em um sono pesado.

Do Asfalto Pra Favela Where stories live. Discover now