K A I R A
- Filho, posso entrar? - pergunto dando dois toquinhos na porta do quarto que agora era dos gêmeos.
- não... - escuto o som de sua voz sendo abafada por algo.
Abro a porta que estava escorada e entro no quarto, a luz estava apagada e o quarto era iluminado apenas por um abajur ao lado de sua cama. Heitor estava enrolado debaixo dos lençóis em posição fetal.
Me aproximo me sentando na beirada da sua cama, e passo a mão em alguns fios do seu cabelo que estava destampado.
- podemos conversar? - pergunto com uma voz doce.
O vejo negar com a cabeça.
- vamos meu amor, por favor? - pergunto novamente, com uma voz serena.
O vejo destampar a cabeça lentamente e me encarar. Ele se senta na cama e posso visualizar o gato de pelúcia azul em seus braços. Acaricio sua bochecha e logo o pergunto gentilmente:
- está com raiva? - ele nega com a cabeça - triste? - nega novamente - ressentido?
- sim... - ele diz - se ele é nosso Papai, mamãe, porque ele não veio nos ver antes? Ele nunca participou de nenhum de nossos aniversários. Eu sempre quis um pai, todos os nossos coleguinhas tinham, eles adoravam se gabar dos seus pais e eu sempre via a Lith ressentida por isso, porque ele nunca nos levou pra escola? Porque nunca recebeu nossos presentes do dia dos pais? Não éramos importantes o bastante pra ele?
- não é assim, meu amor - sorrio triste ao ver o mal que eu havia causado mesmo que inconscientemente.
- sabe mamãe - ele começa novamente - eu posso ser uma criança, mas entendo muitas coisas.
- eu sei, meu amor - sorrio triste. Estico a mão alcançando seus fios negros, onde faço uma pequena carícia. - foi tudo culpa da mamãe - confesso - o ti... - me corrijo - Seu pai não teve culpa, ele nem sabia da existência de vocês. Pode ser um pouco complicado, mas a mamãe vai tentar te explicar okay?
- okay... - ele murmura lentamente. O vejo deitar a cabeça no meu colo e me encarar.
Solto um suspiro buscando as palavras certas pra começar.
- há alguns anos a mamãe conheceu o papai em local onde adultos frequentam, sabe?
- onde você e as tias Agnes e Isla iam pra se divertir mamãe?
- isso mesmo meu amor - digo - nessa época eu havia ido sozinha e conheci seu papai - tento buscar as palavras certas pra continuar.
Não queria dizer pra uma criança de 4 anos que eu e o pai dele tivemos um sexo selvagem e no outro dia eu fui embora, e logo descobri que estava grávida.
- nós dois nos apaixonamos... - sinto um gosto amargo em minha boca mas continuo. Afinal, foi você que causou isso pra si mesma Kaira. - e então ficamos juntos, mas aconteceu de nos separarmos. E só depois, a mamãe descobriu que estava grávida de vocês.
Aconteceu de eu transar com um desconhecido feito louca sem usar camisinha e ter engravidado.
- eu não sabia quem Dimitri era, e pra falar a verdade a mamãe não quis procurá-lo, pensei que ele não iria querer vocês - falei incerta, e vejo uma careta se formar em seu rosto - mas a mamãe estava errada. - trato de dizer - O pai de vocês queria muito você e sua gêmea. E quando ele nos encontrou novamente, e descobriu que tinha vocês dois. Ele nos trouxe pra cá, pra ficar perto dele.
Na verdade ele nos sequestrou, mas Heitor não precisava saber disso.
- o seu pai quer recuperar o tempo perdido com vocês, meu amor, - tiro fios de cabelo da sua testa enquanto dou um pequeno sorriso - sei que pode ser um pouco difícil pra você entender, mas quero que saiba que não foi culpa dele okay? Se tem um culpado aqui, essa pessoa é a mamãe.
- você não tem culpa mamãe - ele levanta a cabeça do meu colo se sentando. O vejo passar os braços pelo meu pescoço e me abraçar.
- não tem que ficar com raiva ou ressentido com ele, entendeu? - retribuo o seu abraço, e começo a alisar suas costas - você pode ir no seu tempo, okay? Só quero que entenda que ele não tem culpa. E seria injusto culpá-lo por algo que ele nem sequer sabia.
- tá bom mamãe. - ele murmura baixo. E posso escutá-lo fungar.
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Alguns minutos haviam se passado, desde que Heitor estava agarrado ao meu pescoço.
- o que quer fazer agora? - murmuro baixo. - quer ficar no quarto? - o sinto negar com a cabeça - quer descer?
- uhum...
- okay - me desvencilho do seu abraço. O encarando. - tudo no seu tempo, tudo bem?
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D I M I T R I
Observo Lilith sentada na banqueta ao meu lado comendo uma fatia de pizza enquanto balançava as perninhas.
Buscava conversar com ela e responder às suas perguntas, mas de vez em quando ainda desviava o olhar para a porta onde Kaira e Heitor haviam passado.
Já faz cerca de 15 minutos que Kaira subiu atrás de Heitor, e confesso que estava um pouco apreensivo desde que vi a expressão de Heitor.
Naquela hora havia se formado um bolo em minha garganta e eu não sabia o que falar, não tinha o que falar, quando eu sequer sabia de suas existências até pouco tempo atrás.
- papai - Lilith me chama fazendo com que eu desperte de meus pensamentos. Sorrio ao escutá-la me chamar de "papai", encaro seus olhos bicolores.
- sim, princesinha.
- o Thôr é um pouco cabeça dura, mas ele vai entender, tá bom? - ela diz me surpreendo - ele só está um pouquinho chateado, mas ele não te odeia.
Sorrio com sua fala, percebendo o quanto essa garotinha é esperta.
Quando estou prestes a respondê-la escuto passos se aproximando e desvio meu olhar, virando para a porta.
Heitor passa pelo vão da porta com a mãe de mãos dadas. Os vejo se aproximarem e Kaira me lança um olhar me tranquilizando.
O garotinho solta a mão da mãe e caminha para a mesa se sentando na banqueta ao meu lado, me surpreendendo. Kaira se senta do outro lado, enquanto alterna o olhar entre mim e os gêmeos. Lilith que estava sentada na minha esquerda, abre um pequeno sorriso e empurra a caixa de pizza para o lado da mãe.
- a mamãe conversou comigo... - ele começa observando as caixas de pizza sobre a mesa - me desculpe, eu estava um pouco chateado - murmura.
- não tem porque pedir desculpa rapazinho - digo - você não sabia. Se fosse eu no seu lugar também ficaria chateado. - falo bagunçando seu cabelo. Talvez minha reação pudesse ter sido pior do que a sua.
Heitor sorri e vira o rosto me encarando.
- tem pizza de quê papai?
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A Obsessão De Um Mafioso - TRILOGIA MULHERES FODAS
Romance"Kaira Durand poderia ser tudo, uma mulher de sangue frio, uma assassina ou até mesmo uma psicopata. Mas nunca poderiam dizer, nunca, que ela não era uma boa mãe. A primeira dama da máfia francesa daria a vida pelas suas crianças." Kaira nunca imag...
