CAPÍTULO III: PATRICINHA COR-DE-ROSA

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"Oh, estou aguentando tudo por nósEstou aguentando tudoAguentando tudo por nós"

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"Oh, estou aguentando tudo por nós
Estou aguentando tudo
Aguentando tudo por nós". — All for Us (Labrinth)

Cinco anos antes

Sonhos nunca foram meu forte, nunca me lembrava de nada, talvez Sandman, o Deus dos Sonhos, nunca tenha ido com a minha cara, já Lúcifer, o rei do inferno, morava em casa. Acordei e desci as escadas esperando meu martírio matinal: encontrar Jaime sentado na ponta da mesa de jantar esperando o café ficar pronto enquanto lia algo no celular, provavelmente o jornal. Às vezes era aterrorizante a forma casual como a maldade em pessoa se comporta no dia a dia.

As janelas altas e largas da sala e cozinha resplandeciam a luz matinal e amarelada, o céu azul lá fora era predominante, nenhuma nuvens, algo bastante incomum para Evanston, uma cidade pequena perto dos arredores de Chicago. Isso poderia indicar que era um dia atípico, esperava que fosse somente o clima que estivesse diferente hoje. Apesar da minha vida ser um porre, não gosto de mudanças.

Sentei-me do lado de Jaime, como de costume, olhei a cadeira de mamãe, abaixei a cabeça olhando meus próprios pés, sentindo o vazio no meu peito aumentar, ele sempre crescia, desde o dia que ela desapareceu, fugiu, ou seja lá o que tenha acontecido. Sabia que Anne Torrio não voltaria para aquele covil de cobras que eu chamava de casa.

— Não começa, Starboy, são só oito horas da manhã — ouvi a voz de Jaime rouca devido ao cigarro, ele segurava um entre os dedos enquanto mexia no celular, ergui a cabeça e o encarei, odiava nossas semelhanças, a grande diferença estava mais nas rugas ao redor de seus olhos, fazendo com que sua expressão emburrada sempre estivesse em destaque, mas os cabelos escuros iguais aos meus, juntamente com a barba malfeita. Bom dia para você também.

— O que eu fiz agora, Jaime? — Perguntei colocando os cotovelos apoiados em cima da mesa.

— Fez a mesma cara de bosta que faz desde que sua mãe saiu de casa.

— Ela saiu por culpa sua! — Joguei no ar e ele, enfim, prestou atenção em mim.

— Ah cale a boca, como se você tivesse ajudado muito mesmo...

— Eu não fiz nada...

— Esse teu erro, Starboy, você nunca faz nada. — Jaime logo foi interrompido por Maria, a governanta com o avental branco e com a sigla TCO bordada de vermelho, que colocou a xícara com café preto para ele e outra para mim, coloquei o recipiente na boca e senti que não tinha açúcar nenhum, quase cuspir.

— Maria, não tem açúcar no meu café — reclamei com a mulher.

— Ordens do Don — ela disse saindo da cozinha.

— Que? — Falei indignado, olhando para ele.

— Sua dieta começa hoje, fui um tolo por demorar tanto para colocar você na linha, virou um fraco e bicha muito rápido — revirei os olhos e tomei a contragosto, senti o café queimar minha boca e garganta, mas sabia que, se não tomasse assim, ouviria mais de Jaime ou coisa pior. Deixei a xícara na mesa e estendi os braços para pegar um pedaço de bolo quando senti Jaime bater na minha mão:

Starboy [+18] || degustaçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora