Álcool e fósforo 🔥

265 34 185
                                    

Dulce Maria Espinosa Saviñón

Os dias andam cada vez mais depressa, matriculei Pérola na mesma escola em que Ana Heloísa e claro, no início eu tive muito receio de deixá-la porque eu ainda tenho muito medo que Blanca apareça e leve minha menina outra vez. Ela parece estar curtindo, o meu maior receio foi também ela sofrer preconceito na escola por não ser uma escola adaptada, mas a professora está sempre de olho e diz que minha menina é muito esperta!

O ideal é que elas estudem em escolas que tenham inclusão de pessoas com deficiência, para terem convívio com crianças que não possuem a síndrome, elas aprendem melhor com estímulos visuais e materiais concretos e sempre que necessário, a professora sempre utiliza desses recursos para trabalhar os conteúdos em sala de aula e incluindo não só a Pérola, como todos os alunos também

Eu como uma boa mãe coruja vira e mexe vou para analisar se está tudo certinho, se ela não está tendo dificuldade e claro para saber se ela não precisa de alguém de confiança por perto, porem o desempenho dela na escola realmente está se saindo melhor do que eu esperava durante a gestação, talvez aquilo tudo fosse apenas medo de não saber como lidar com a situação

Agora estamos eu e Christopher aqui na escola observando minha menina enquanto está na aula, eu me emociono diariamente quando venho buscá-la e principalmente nesse momento ao qual ela havia acabado de montar as palavrinhas "Pato" com um desenho do Pato, pelo que eu havia visto na mesa ela também já tinha montado as palavras "Maçã", "Lata" e "Mato" todos com imagens, pois alunos com síndrome de Down aprendem melhor com estímulos visuais

A diretora me explicou que fazer a adaptação não significa que Pérola irá aprender algo diferente dos colegas de turma, o conteúdo é o mesmo, mas a abordagem e a avaliação são diferentes. Por exemplo, as atividades passadas, não mudam em nada aos outros alunos, todos aprendem igual

Pérola - Acabei tia, toma o "matu"

- Não é matu que se fala, burra! – Disse uma amiguinha sentada mais atrás

Pérola – O quê?

- Ainda por cima é surda!

Professora – Catarina, peça desculpas a Pérola agora! Sua amiguinha tem uma forte habilidade de aprendizagem visual, mas não são tão bons aprendizes auditivos e onde sempre que possível eles necessitam de apoio visual para reforçar a informação auditiva, por exemplo: Mato! – Levantou a imagem do mato mostrando a gravura para turma – Ela grava com mais certeza, da mesma forma que você Catarina grava melhor ouvindo do que vendo e não há diferença alguma!

Catarina - "Disculpa" Pérola!

Pérola – É desculpa! – Apontou para o painel que continha palavras como: Desculpa! Silêncio! Por favor! – Está ali a imagem

E foi exatamente ali que eu vi que minha menina estava na escola certa, é claro que preconceito ela sofreria em qualquer local e às vezes até na própria escola, portanto, vendo como a professora a defendeu, eu me sinto muito mais tranquila. Ao ir embora me escondi com Christopher para observar como ela lidaria caso não estivéssemos ali, será que ela saberia se virar? No entanto, me assustei com a ação que vi

Pérola veio de mãos dadas para trazer o amiguinho até a porta da saída e assim que minha filha virou as costas para sentar-se ao banco para esperar por mim, a mãe do menino colocou álcool em gel nas mãozinhas dele. Acredito que Pérola tenha esquecido de entregar a lancheira do amiguinho e retornou vendo a mãe do menino lavando as mãozinhas dele e automaticamente ela estendeu as dela também para que a senhora passasse o líquido nas mãozinhas dela

Pérola – A senhora não vai lavar as minhas mãozinhas também? – Estendeu as mãos – Eu lavei as mãozinhas quando sai do banheiro, do jeitinho que a mamãe Doce me ensinou tia

| Cura-me | Vondy |Onde histórias criam vida. Descubra agora