O plano

2.6K 368 247
                                    

Minatozaki Sana

- O mesmo de sempre? - eu assenti, acariciando a testa de Agnes, conforme ela fazia a inalação, olhei para Jihyo, os seus olhos de pena fizeram com que eu rapidamente desviasse, voltando a encarar a pequena, extremamente sonolenta, sobre a cama do hospital - Sana, você sabe que não pode diminuir a quantidade do remédio dela.

- E você sabe que eu não tenho dinheiro pra comprar o remédio o tempo inteiro, Jihyo. 

Respondi, com um pouco de mágoa, não deixando que minha irmã desse mais algum sermão. Era tão fácil... apenas dizer "você não pode", "você tem que fazer isso, desse jeito", é claro que era fácil, pra todos, simples e fácil, mas não pra mim, pra mim não era nada simples, nada fácil. E mesmo se alguém soubesse o quanto me doía fazer aquilo, ainda não entenderia como funcionava, não entenderia como a minha vida funcionava. 

Pisquei e levantei os olhos assim que Jihyo entregou a receita médica, com algumas notas de cem dólares sobre o papel, franzi o cenho e neguei no mesmo segundo, mas o seu olhar de repreensão fez com que eu pegasse, contragosto, me sentindo uma verdadeira inútil em não conseguir cuidar da própria filha sem tem que depender de alguém quase que cem por cento. 

- Ela é a minha sobrinha, é claro que eu vou ajudar no que precisar. 

- Você não pode me dar dinheiro todas as vezes que Agnes tiver uma crise-

- Sim, eu posso e não me importo em fazer isso. Temos uma vida em perigo, Sana, deixe um pouco o seu orgulho de lado e aceite a minha ajuda. 

- Você é a tia dela e não a mãe-

- Eu sou a sua irmã mais velha e estou cuidando de você, como sempre fiz desde que nasceu, tem algo de errado nisso?

- Prometo te pagar assim que possível.

- Alguma fez eu já cobrei por isso, Sana? 

- Jihyo-

- Já chega, está bem? Pare de se cobrar com coisas assim, desse jeito você vai perder todo o crescimento da sua filha e eu tenho certeza que isso, é a última coisa que você quer, não é?

Assenti concordando com a sua fala, voltando a olhar para Agnes e depois para a receita em minhas mãos, no fundo do meu coração, agradecendo pela a sua ajuda e pelo o fato que agora ela teria medicação pelo os próximos dois meses. Eu tinha que colocar a minha vida no lugar, o mais rápido possível, ou tudo desmoronaria novamente. 

...

Ouvi o sininho da porta bater mais uma vez, indicando que mais um cliente havia chegado, respirei fundo, rezei por dentro esperando que não fosse mais um homem escroto em busca de humilhação com as garçonetes que ali estavam, os meus sentimentos estavam a flor da pele, e eu não mediria esforços em fazer um grande escândalo caso mais um engraçadinho fizesse qualquer piada com o tamanho da minha bunda. Mas dessa vez, eu pude me acalmar, talvez nem tanto, ao ver a mesma mulher da festa que havia ocorrido a uma semana atrás, a mesma na qual tinha que se casar para obter a empresa ou sei lá o que queria. E segundo Momo, a mesma na qual havia pedido dez doses de vodca em menos de quinze minutos. 

Os seus olhos varreram o lugar, um pouco nervosa, e assim que eles pousaram em mim, pude notar um ar de alívio percorrer o seu corpo, abaixando os seus ombros e caminhando rapidamente em minha direção. Eu a olhei desconfiada, com medo, com a testa franzida e pronta para qualquer reclamação ou coisa assim, mas o que eu obtive, de fato, foi longe de tudo o que um dia eu pensei.

- Você... é a Sana, certo?

- Como sabe o meu nome? - questionei, olhando no fundo dos seus pequenos olhos, em um desafio, mesmo tremendo de medo por dentro.

My dear wife - SatzuWhere stories live. Discover now