CAPÍTULO XVIII - SURPRESA

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GIZELLY BICALHO

O quanto você pode se sentir apaixonada por alguém? Eu não tinha a resposta exata para essa questão e isso me assustava, porque em toda a minha vida, nada havia sido tão intenso e libertador como amar Rafaella.

Nós duas tínhamos traumas, certamente em proporções distintas, mas que nos machucaram por tempo demais. Agora estávamos em um processo lento, porém necessário, de reconstrução de quem desejávamos ser uma para a outra.

Merecíamos a nossa melhor versão.

O relógio na mesa de cabeceira marcava seis e quarenta e dois, e eu sequer tinha conseguido fechar os olhos, apesar de me sentir fisicamente exausta após a noite maravilhosa que tivemos.

Quando Rafaella finalmente adormeceu aconchegada em meu corpo, me pus a pensar como havia se tornado fácil tê-la por perto, apesar dos percalços que enfrentamos até que a calmaria nos abraçasse.

Ela era divertida, gentil e leal, mesmo que a vida a tivesse maltratado tanto.

Era impossível não cair de amores por aquela mulher e eu que por anos me permiti viver em um relacionamento cheio de regras e etiquetas, estava reaprendendo como era sentir e poder demonstrar sem receio.

Completamente envolvida em minhas divagações, só voltei à realidade quando meu despertador anunciou que era hora de levantar. Me apressei em desligá-lo, porque não queria que Rafaella despertasse tão cedo só porque eu tinha uma rotina a cumprir naquela manhã de quarta-feira.

Com cuidado, comecei a me afastar lentamente para me livrar dos braços me abraçando possessivamente.

Sair daquela cama não seria tarefa fácil.

Rafaella se aconchegou ainda mais em meu corpo e murmurou algo que não consegui compreender.

— Aonde você pensa que vai? – Sua voz saiu abafada contra o meu pescoço e ela me apertou ainda mais.

— Eu preciso ir para o escritório, mas antes vou passar em casa e trocar de roupa. – Deslizei suavemente uma das mãos por suas costas.

— Não precisa não. – Senti seus lábios deslizarem vagarosamente por meu pescoço, mandíbula, até encontrarem minha boca. – Fica aqui, a gente pode passar o dia todo na cama.

— É uma proposta extremamente tentadora, mas tenho algumas reuniões e uma audiência importante mais tarde. – A beijei rapidamente antes de forçar seu corpo para o lado e me sentar sobre o colchão.

A vi suspirar dramaticamente e deitar a cabeça sobre minhas pernas.

— Só mais cinco minutinhos, amor. – Agarrou-se a minha cintura como se pudesse realmente me impedir de sair. – Por favor?

O tom manhoso e aqueles olhos verdes apertadinhos de sono me desmontaram na mesma hora e pelo sorriso lindo que ela deu, soube que tinha me convencido.

— Cinco minutos, Rafaella. – Deslizei o corpo para o colchão e senti seus braços me envolverem novamente. – Você joga muito baixo, aprendeu com a minha filha, né?

— Quem resiste àqueles olhinhos? – Me encheu de beijos por todo o rosto até tocar novamente meus lábios. – Já que você tem tantos compromissos hoje, eu posso buscá-la na escola mais tarde e te encontrar no seu apartamento... ou trazê-la pra cá.

— Você faria isso? – A puxei até que seu corpo estivesse sobre o meu e toquei sua bochecha com uma das mãos. Ela acenou positivamente. – Então a gente se encontra lá em casa, assim posso te obrigar a dormir comigo mais uma noite.

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